Magna Concursos

Foram encontradas 72 questões.

1344761 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Com base no texto abaixo, responda a questão.

Ciência e Hollywood

Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um só filme que tenha retratado isso direito. Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso. Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir ruído é necessário um meio material que transporte as perturbações que chamamos de ondas sonoras. Na ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se propagar. Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. Pelo menos não como prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e explosões têm justamente este papel; roubar o som de uma grande espaçonave explodindo torna a cena bem sem graça.

Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O sucesso do filme O dia depois de amanhã (The day after tomorrow), faturando mais de meio bilhão de dólares, e seu cenário de uma idade do gelo ocorrendo em uma semana, em vez de décadas ou, melhor ainda, centenas de anos, levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal, cinema é diversão.

Até recentemente, defendia a posição mais rígida,A) que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja absolutamente necessário. Existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico. Óbvio, documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, mas filmes não têm necessariamente um compromisso pedagógico. As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de regra.

Claro, filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural.B) Outros educam as emoções através da ficção. Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal. Fantasmas não existem, mas filmes de terror sim. Pode-se argumentar que, no caso de filmes que versam sobre temas científicos, as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas conclusões no que diz o filme. No mínimo, o cinema pode servir como mecanismo de alerta para questões científicas importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a engenharia genética, as guerras nucleares, os riscos espaciais como cometas ou asteroides etc. Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. A arte distorce para persuadir.C) E o cinema moderno, com efeitos especiais absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de persuasão.

O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades norte-americanas, é usar filmes nas salas de aula para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto e o que é absurdo. Ou seja, usar o cinema como ferramenta pedagógica. Os alunos certamente prestarão muita atenção,D) muito mais do que em uma aula convencional. Com isso, será possível educar a população para que, no futuro, um número cada vez maior de pessoas possa discernir o real do imaginário.

MARCELO GLEISER Adaptado de www1.folha.uol.com.br.

Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal.

Esta afirmação, embora pareça contraditória, sugere um elemento fundamental para a compreensão do ponto de vista do autor.

O fragmento que melhor sintetiza o ponto de vista expresso pela frase citada é:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344718 Ano: 2012
Disciplina: Matemática
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Um lago usado para abastecer uma cidade foi contaminado após um acidente industrial, atingindo o nível de toxidez T0,correspondente a dez vezes o nível inicial.

Leia as informações a seguir.

• A vazão natural do lago permite que 50% de seu volume sejam renovados a cada dez dias. • O nível de toxidez T(x), após x dias do acidente, pode ser calculado por meio da seguinte equação:

T(x) = T0.(0,5)0,1x

Considere D o menor número de dias de suspensão do abastecimento de água, necessário para que a toxidez retorne ao nível inicial.

Sendo log 2 = 0,3, o valor de D é igual a:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344700 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Com base na charge abaixo, responda a questão.

enunciado 2640134-1

Adaptado de blogdokayser.blogspot.com.br.

Ao formular sua crítica, o personagem demonstra certo distanciamento em relação à arte moderna.

Uma marca linguística que expressa esse distanciamento é o uso de:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344658 Ano: 2012
Disciplina: Biologia
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Existem dois tipos principais de inibidores da atividade de uma enzima: os competitivos e os não competitivos. Os primeiros são aqueles que concorrem com o substrato pelo centro ativo da enzima.

Considere um experimento em que se mediu a velocidade de reação de uma enzima em função da concentração de seu substrato em três condições:

• ausência de inibidores; • presença de concentrações constantes de um inibidor competitivo; • presença de concentrações constantes de um inibidor não competitivo.

Os resultados estão representados no gráfico abaixo:

enunciado 2635651-1

A curva I corresponde aos resultados obtidos na ausência de inibidores.

As curvas que representam a resposta obtida na presença de um inibidor competitivo e na presença de um não competitivo estão indicadas, respectivamente, pelos seguintes números:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344624 Ano: 2012
Disciplina: História
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

enunciado 2632168-1

Iracema (1881), de José Maria de Medeiros. www.itaucultural.org.br

O romance Iracema, de José de Alencar, publicado em 1865, influenciou artistas, como José Maria de Medeiros, que nele encontraram inspiração para representar imagens do Brasil e do povo brasileiro no período imperial (1822-1889).

Na construção da identidade nacional durante o Império do Brasil, identifica-se a valorização dos seguintes aspectos:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344358 Ano: 2012
Disciplina: Engenharia Química
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Uma indústria fabrica um produto formado pela mistura das quatro aminas de fórmula molecular C3H9N.

Com o intuito de separar esses componentes, empregou-se o processo de destilação fracionada, no qual o primeiro componente a ser separado é o de menor ponto de ebulição.

Nesse processo, a primeira amina a ser separada é denominada:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344274 Ano: 2012
Disciplina: Francês (Língua Francesa)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Qui es-tu pour juger?

Quand vient le temps de définir son rôle ou d’exercer son “métier”, le critique se bute souvent à la question: “Qui es-tu pour juger?”.

Quel est le rôle du critique? Le défi – qu’aucun commentateur de la presse ou de la télévision n’atteint et même pas toujours dans les magazines spécialisés – est d’amener les gens sur le plan de l’Art et de la critique. Si la critique implique par un certain rapport au vide de retarder, de ralentir, de s’attarder, de fixer son attention sur un objet, comment y parvenir dans un monde en proie au déficit d’attention? Comment être “de son temps”, un temps ultra-rapide, et en tirer le nécessaire sans être happé par lui, en restant sur le plan critique? Comment faire des liens entre les deux plans et combiner les deux vitesses? Le critique serait donc encore et toujours un missionnaire, son but serait de sortir quelques disciples de l’enfer du bruit et de la brûlante actualité pour l’amener sur un plan calme où sont ordonnés quelques objets, appréciés, valorisés selon une durée, un contexte, une vie.

Le travail critique, c’est donc essayer de comprendre, d’analyser, d’expliquer: “Pourquoi trouvestu ce film intéressant alors que je n’y vois aucun intérêt?” Travail difficile, à la découverte d’autrui, à la découverte de soi, à la découverte de l’Art, au risque de se tromper. Le travail du critique et de l’artiste, c’est la recherche perpétuelle de saisir le Beau. Si tout se valait, les artistes ne sacrifieraient pas leur vie à la recherche du Beau, Téléfilms et la Société de Développement des Entreprises Culturelles (SODEC) financeraient les projets en tirant au sort dans un chapeau, et les gens iraient au cinéma en choisissant les films au hasard de leur temps libre, et ils seraient également satisfaits de tout ce qu’ils voient. Il n’y aurait plus lieu d’écrire sur les films ni d’en parler. Finalement l’Art disparaîtrait.

En y réfléchissant même un peu, on conçoit bien que du début à la fin tous les intermédiaires choisissent en fonction de leurs valeurs: institutions qui financent, distributeurs, scénaristes, acteurs, boîtes de pub, télévision, critiques, animateurs de radio, etc., chacun va faire des choix, juger et décider de s’associer ou non à tel film, ce qui au bout du compte donne un cinéma à l’image de la frange qui domine le milieu. Faire un film, écrire sur le cinéma, c’est donc positionner une petite image individuelle dans la grande image de ce que nous sommes comme communauté, c’est laisser passer ou refléter certains rayons d’influences et résister à d’autres.

Qui est donc le critique pour juger? Un critique de cinéma est un amateur de films qui cherche à saisir le Beau dans son mouvement perpétuel, parce que tant que les hommes seront là pour créer et faire de l’Art, la définition sera ouverte. Parce que tout ne se vaut pas, qu’il y aura toujours des imitations, des copies, des faux et des oeuvres sans intérêt qui à défaut d’être “dénoncés” doivent être différenciés des films qui apportent quelque chose de nouveau et qui comptent. C’est d’ailleurs ces films que le critique devrait d’abord et avant tout défendre. Si le critique ne veut pas essuyer une rebuffade, il ne doit pas se contenter d’établir une hiérarchie entre les films et d’imposer sa vision sommaire du cinéma en pensant que le public acquiescera devant la grandeur de ses connaissances. Il doit éviter les pièges séduisants de l’opinion et du snobisme (tu n’es pas du clan), remonter aux sources du travail de l’artiste et faire appel à l’intelligence du spectateur (ses valeurs, son esprit critique, son intuition). Le critique doit entraîner le spectateur sur son plan de la quête du Beau, par l’intuition et la lucidité.

ANTOINE GODIN www.horschamp.qc.ca

comment y parvenir dans un monde en proie au déficit d’attention?

L’expression soulignée peut être remplacée sans changement important de sens par:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344267 Ano: 2012
Disciplina: Espanhol (Língua Espanhola)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Cómo ser crítico de cine

Quizás no debería mencionar en voz alta que me dedico profesionalmente a la crítica de cine, pero, en fin, ¡hay que comer! Sí, ya sé que no es excusa, pero son tiempos de crisis, el trabajo está muy mal, etc. Yo reconozco que tenía razón Antón Ego, cuando hablaba de nuestra profesión al final de Ratatouille: “Preferimos la crítica negativa, que es divertida de leer y escribir. Pero la triste verdad que debemos enfrentar los críticos es que, al final, cualquier plato común seguramente tiene más sentido que la crítica que lo condena”. O sea, que vale mucho más la pena el esfuerzo de quienes hayan inventado una película - por mala que sea - que nuestras opiniones.

Siempre me dicen que tengo “mucho morro1”, porque mi supuesto “trabajo” consiste en ir a ver preestrenos sin pagar un duro, me dan a la salida canapés y una camiseta estupenda (así que no tengo que gastar en comida ni en ropa), y encima correspondo a todas essas atenciones poniendo a caldo con brusquedad a la película en cuestión. El caso es que mucha gente piensa que vivo como un maharajá y algunos individuos me preguntan qué tienen que hacer para ser también críticos.

Pero, ¿eso de ser crítico de cine dónde se estudia? No existe, todavía, la licenciatura en Ciencias de la Crítica de Cine. Aunque tanto yo como mis amigos que se dedican a esto somos de su padre y de su madre (periodistas, químicos, biólogos, abogados, etc.), podría argumentar que es bastante importante la formación humanística (filosofía, sociología y similares pueden ayudar). Y sobre todo se debe aprender cómo se hacen las películas, más que nada para no hacer el ridículo.

¿Cómo se escribe una crítica de cine? No hace falta esforzarse mucho. Basta con tomar una cerveza (dijo Groucho Marx que “los críticos de cine son esas personas que siempre piden bebidas baratas salvo cuando no pagan ellos”) con los compañeros al salir de la proyección, enterarse de cuál es la opinión más generalizada, y seguirles la corriente.

Sólo así se explican cosas como la frasecita sobre la película Aita (“a su lado una película de José Luis Guerín parece rodada por Steven Spielberg”) que se inventó uno de nosotros, y después se la he escuchado repetir a otros críticos como si fuera suya. O el curioso caso de Una historia verdadera, que según un 90 por ciento de cronistas recordaba al mejor John Ford. ¿En qué? A mí me gusta Una historia verdadera y me gusta John Ford, y hasta veo razonable que un crítico comparara esta película con la filmografía del gran maestro, pero no veo la razón por la que todos repetían lo mismo como papagayos. La única conexión que yo veo entre esa película y Ford es que el protagonista fue rechazado cuando se presentó al casting de Las uvas de la ira.

¿Sirve para algo la crítica de cine? Si así fuera no habría dado un duro por ejemplo Transformers: la venganza de los caídos, y el público haría manifestaciones en las puertas de los cines para exigir ciclos de Howard Hawks e Ingmar Bergman.

Dicen algunos optimistas que en algunos casos la crítica puede ser decisiva, cuando por ejemplo se aclamó unánimemente la película Pulp Fiction y el público acudió masivamente, o que puede ayudar a dar a conocer películas sin ningún tirón comercial pero muy buenas, como Solas. En fin, siempre que me preguntan esto recuerdo lo que le dijo un director al que ponía sus películas a caldo: “Te leo todos los días mientras voy al banco a ver cómo crece mi cuenta bancaria”.

JUAN LUIS SÁNCHEZ juanluissanchez.blogspot.com

1morro – “cara de pau”

Sí, ya sé que no es excusa, pero son tiempos de crisis,

El procedimiento de argumentación empleado por el autor en este fragmento es:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344222 Ano: 2012
Disciplina: Espanhol (Língua Espanhola)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Cómo ser crítico de cine

Quizás no debería mencionar en voz alta que me dedico profesionalmente a la crítica de cine, pero, en fin, ¡hay que comer! Sí, ya sé que no es excusa, pero son tiempos de crisis, el trabajo está muy mal, etc. Yo reconozco que tenía razón Antón Ego, cuando hablaba de nuestra profesión al final de Ratatouille: “Preferimos la crítica negativa, que es divertida de leer y escribir. Pero la triste verdad que debemos enfrentar los críticos es que, al final, cualquier plato común seguramente tiene más sentido que la crítica que lo condena”. O sea, que vale mucho más la pena el esfuerzo de quienes hayan inventado una película - por mala que sea - que nuestras opiniones.

Siempre me dicen que tengo “mucho morro1”, porque mi supuesto “trabajo” consiste en ir a ver preestrenos sin pagar un duro, me dan a la salida canapés y una camiseta estupenda (así que no tengo que gastar en comida ni en ropa), y encima correspondo a todas essas atenciones poniendo a caldo con brusquedad a la película en cuestión. El caso es que mucha gente piensa que vivo como un maharajá y algunos individuos me preguntan qué tienen que hacer para ser también críticos.

Pero, ¿eso de ser crítico de cine dónde se estudia? No existe, todavía, la licenciatura en Ciencias de la Crítica de Cine. Aunque tanto yo como mis amigos que se dedican a esto somos de su padre y de su madre (periodistas, químicos, biólogos, abogados, etc.), podría argumentar que es bastante importante la formación humanística (filosofía, sociología y similares pueden ayudar). Y sobre todo se debe aprender cómo se hacen las películas, más que nada para no hacer el ridículo.

¿Cómo se escribe una crítica de cine? No hace falta esforzarse mucho. Basta con tomar una cerveza (dijo Groucho Marx que “los críticos de cine son esas personas que siempre piden bebidas baratas salvo cuando no pagan ellos”) con los compañeros al salir de la proyección, enterarse de cuál es la opinión más generalizada, y seguirles la corriente.

Sólo así se explican cosas como la frasecita sobre la película Aita (“a su lado una película de José Luis Guerín parece rodada por Steven Spielberg”) que se inventó uno de nosotros, y después se la he escuchado repetir a otros críticos como si fuera suya. O el curioso caso de Una historia verdadera, que según un 90 por ciento de cronistas recordaba al mejor John Ford. ¿En qué? A mí me gusta Una historia verdadera y me gusta John Ford, y hasta veo razonable que un crítico comparara esta película con la filmografía del gran maestro, pero no veo la razón por la que todos repetían lo mismo como papagayos. La única conexión que yo veo entre esa película y Ford es que el protagonista fue rechazado cuando se presentó al casting de Las uvas de la ira.

¿Sirve para algo la crítica de cine? Si así fuera no habría dado un duro por ejemplo Transformers: la venganza de los caídos, y el público haría manifestaciones en las puertas de los cines para exigir ciclos de Howard Hawks e Ingmar Bergman.

Dicen algunos optimistas que en algunos casos la crítica puede ser decisiva, cuando por ejemplo se aclamó unánimemente la película Pulp Fiction y el público acudió masivamente, o que puede ayudar a dar a conocer películas sin ningún tirón comercial pero muy buenas, como Solas. En fin, siempre que me preguntan esto recuerdo lo que le dijo un director al que ponía sus películas a caldo: “Te leo todos los días mientras voy al banco a ver cómo crece mi cuenta bancaria”.

JUAN LUIS SÁNCHEZ juanluissanchez.blogspot.com

1morro – “cara de pau”

“Te leo todos los días mientras voy al banco a ver cómo crece mi cuenta bancaria”.

Esa cita se refiere a un comentario de un director de cine tras leer las críticas sobre sus películas.

En ese contexto, la cita se la puede relacionar al siguiente refrán:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1344124 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Com base no texto abaixo, responda a questão.

Recordações do escrivão Isaías Caminha

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para que ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos ao espírito geral e no seu interesse, com a linguagem acessível a ele. É esse o meu propósito, o meu único propósito. Não nego que para isso tenha procurado modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao alcance das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso que os leio, que os estudo,A) que procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me moveB) ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença.

Entretanto, quantas dores, quantas angústias!C) Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico mezinheiro, repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse falar neste livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o doutor Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido de sua carta apergaminhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucubrações intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:

- Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã!

De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a minha inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento. Que tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em que me dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher pública... Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso absolutamente. De manhã, ao almoço, na coletoria, na botica, jantando, banhando-me, só penso nela. À noite, quando todos em casa se vão recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosamente. Estou no sexto capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la pública, anunciar e arranjar um bom recebimento dos detentores da opinião nacional. Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil que a refaça e que diga o que não pude nem soube dizer.

(...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu sentiD) lá dentro. Eu que sofri e pensei não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, e, sobretudo, pouco expressiva do que eu de fato tinha sentido.

LIMA BARRETO Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010.

O personagem parece julgar quase todos que o rodeiam, mas não se exime de julgar também a si mesmo.

Um julgamento autocrítico de Isaías Caminha está melhor ilustrado no seguinte trecho:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas