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Foram encontradas 105 questões.

2371688 Ano: 2006
Disciplina: Literatura Brasileira e Estrangeira
Banca: ITA
Orgão: ITA
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O romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, publicado em 1977, pouco antes da morte da autora, é um dos livros mais famosos da ficção brasileira contemporânea. Podemos fazer algumas relações entre esta obra e alguns livros importantes de nossa tradição literária. Por exemplo:
I. Pode-se dizer que o livro de Clarice começa no ponto em que Vidas secas termina, pois Graciliano Ramos mostra as personagens indo para uma cidade grande, e a autora localiza a personagem central do livro vivendo numa metrópole.
II. Assim como em Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador de Clarice narra os fatos e comenta acerca da forma como está narrando.
III. É possível pensar que Macabéa mantém alguns traços da heroína romântica, não quanto à beleza física, mas à inteligência e ao caráter, o que a aproxima de algumas personagens de José de Alencar.
Está(ao) correta(s):
 

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2371626 Ano: 2006
Disciplina: Física
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A figura mostra dois alto-falantes alinhados e alimentados em fase por um amplificador de áudio na freqüência de 170 Hz. Considere seja desprezível a variação da intensidade do som de cada um dos alto-falantes com a distância e que a velocidade do som é de 340 m/s. A maior distância entre dois máximos de intensidade da onda sonora formada entre os alto-falantes é igual a
Enunciado 2838483-1
 

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2371617 Ano: 2006
Disciplina: Química
Banca: ITA
Orgão: ITA
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Duas células (I e II) são montadas como mostrado na figura. A célula I consiste de uma placa !$ A(c) !$ mergulhada em uma solução aquosa !$ 1 \, mol\, L^{-1} !$ em !$ AX !$, que está interconectada por uma ponte salina a uma solução !$ 1 \, mol\, L^{-1} !$ em !$ BX !$, na qual foi mergulhada a placa !$ B(c) !$. A célula II consiste de uma placa !$ B(c) !$ mergulhada em uma solução aquosa !$ 1 \, mol\, L^{-1} !$ em !$ BX !$, que está interconectada por uma ponte salina à solução !$ 1 \, mol\, L^{-1} !$ em !$ CX !$, na qual foi mergulhada a placa !$ C(c) !$. Considere que durante certo período as duas células são interconectadas por fios metálicos, de resistência elétrica desprezível. Assinale a opção que apresenta a afirmação ERRADA a respeito de fenômenos que ocorrerão no sistema descrito.
Dados eventualmente necessários: !$ E°_{A+(aq)/A(c)} = 0,400 \,V !$; !$ E°_{B+(aq)/B(c)} = −0,700 \,V !$ e !$ E°_{C+(aq)/C(c)} = 0,800 \,V !$.
Enunciado 2837476-1
 

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2371597 Ano: 2006
Disciplina: Português
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se aos dois textos seguintes.
TEXTO 1
O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.
O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em muito ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
Hoje, mais do que nunca, há uma tendência – característica da mentalidade das elites da economia capitalista – de adulação da adolescência, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgência para com esse período tido como ‘de intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação’.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos relevam: ‘acidente’.
Não, não: é tudo de propósito.
(Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.)
Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)
TEXTO 2
Vagabundagem universitária começa no trote
Todo começo de ano é a mesma cena: calouros de universidades, as cabeças raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trânsito pedindo dinheiro aos motoristas. É uma das formas do chamado ‘trote’, o mais artificial dos ritos de iniciação da mais artificial das instituições contemporâneas – a universidade.
O trote nada mais é do que o retrato da alienação em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles não têm em que empregar tanta liberdade.
Ou querem dizer que essas simples caras pintadas têm qualquer simbologia semelhante à das máscaras de dança das tribos primitivas estudadas por Lévi-Strauss?
Para aquelas tribos índias, as máscaras eram o atestado da onipresença do sobrenatural e da pujança dos mitos. Mas esses adolescentes urbanos não têm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o espírito deles vive nas trevas. A ausência de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes.
Em tempos mais admiráveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrária, em programas de assistência social nas favelas ou com crianças de rua, ou mesmo explorando os sertões e florestas do país, como faziam os estudantes do extinto projeto Rondon.
Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar à adolescência (ou pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se dá às mulheres grávidas. Pois é exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescência num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absorção dos valores sociais e de integração social.
Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos – ou pelo menos amadureceriam de verdade, solidários, ocupados com o sofrimento real dos outros.
Mas não, ficam vagabundando pelos semáforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que é pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de fórmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade.
A mim – que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos – causava alarme o espírito de vagabundagem que, cultuado na adolescência, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pública.
Na Universidade de São Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernação adolescente sustentada pelo dinheiro público.
(Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.)
A expressão em destaque em “Hoje, mais do que nunca, há uma tendência [...]” (Texto 2) pode ser substituída por:
 

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2371582 Ano: 2006
Disciplina: Inglês (Língua Inglesa)
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se a um trecho do prefácio abaixo:
(...)
For about 25 years, I have had the opportunity to observe the efforts of many individuals applying digital image-processing techniques to problems offered by the real world. A few of these individuals have established an enduring track record of solid success on almost every attempt. They have consistently contributed innovative and effective solutions that creatively employ the tools of the discipline.
These highly productive individuals demonstrably hold several characteristics in common. One can venture to assume that these characteristics constitute a formula for success, to whatever extent such a thing can exist in this field.
Uniformly, these successful persons have (1) a genuine interest in – even a fascination with – the technology involved, (2) a thorough understanding of the fundamentals of this highly multidisciplinary technology, (3) a conceptual type of understanding (as opposed to rote memorization of totally abstract theory), and (4) a knack for seeing problems visually, graphically, and from more than one viewpoint. In line with this last point, they often find themselves hard pressed to explain their ideas without the aid of a graph or drawing.
This book is designed to help the reader develop the last three of these traits and perhaps enhance the first as well. The selection of materials for inclusion (and, equally important, for omission), the examples used, the references cited, and the exercises and suggestions for projects are all directed toward this goal.
In the field of digital image processing, mathematical analysis forms the stable basis upon which one can make definite predictions regarding the performance of a digital imaging system. In this treatment, however, mathematics is employed more as a faithful servant than as a ruthless master. The emphasis is on developing a conceptual understanding, and the analysis is used to support this goal.
Castleman, K. R. Digital Image Processing. Prentice Hall, 1996
As expressões as opposed to , In line with e however podem ser substituídas, respectivamente, por
 

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2371553 Ano: 2006
Disciplina: Inglês (Língua Inglesa)
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se aos seguintes textos:
Texto I
A text familiar to many, George Orwell’s classic satire has cropped up on school reading lists ever since the year of its creation. Few readers can fail to be touched by the tragedy within, by its wonderful synthesis of unthreatening symbolism and incisive criticism. This familiarity is convenient since, as an adaptation, “Animal Farm” spends too little time on the details of time and place. Instead, directors Joy Batchelor and John Halas thrust us directly into the depression that is Manor Farm, briefly explaining the situation with pictures and narration by Gordon Heath. (...)
Sadly, Batchelor and Halas make it vital to have read Orwell’s biting satire on Soviet history before viewing “Animal Farm”, just to know what’s been left out. As it is, the film grasps the superficial aspects of Orwell’s allegoric fable without his deeper message. In missing so badly, we’re left with an impressive attempt that never matches up to its birthright.
Texto II
Power corrupts, but absolute power corrupts absolutely - and this is vividly and eloquently proved in Orwell’s short novel. “Animal Farm” is a simple fable of great symbolic value, and as Orwell himself explained: “It is the history of a revolution that went wrong”. The novel can be seen as the historical analysis of the causes of the failure of communism, or as a mere fairy-tale; in any case it tells a good story that aims to prove that human nature and diversity prevent people from being equal and happy, or at least equally happy. (...)
In “Animal Farm”, Orwell describes how power turned the pigs from simple “comrades” to ruthless dictators who managed to walk on two legs, and carry whips. The story may be seen as an analysis of the Soviet regime, or as a warning against political power games of an absolute nature and totalitarianism in general. For this reason, the story ends with a hairraising warning to all humankind: “The creatures outside looked from pig to man, and from man to pig, and from pig to man again: but already it was impossible to say which was which”.
Texto III
When the farm’s prize-winning pig, Old Major, calls a meeting of all the animals of Manor Farm, he tells them that he has had a dream in which mankind is gone, and animals are free to live in peace and harmony. (...) . When Old Major dies, (...) Snowball and Napoleon assume command, and turn his dream into a full-fledged philosophy. One night, the starved animals suddenly revolt and drive the farmer Mr. Jones, his wife, and his pet raven off the farm and take control. The farm is renamed “Animal Farm” as the animals work towards a future utopia. The Seven Commandments of the new philosophy of Animalism are written on the wall of a barn for all to read, the seventh and most important of which is that “all animals are equal” (...). Many years pass, and the pigs learn to walk upright, carry whips, and wear clothes. The Seven Commandments are reduced to a single phrase: “All animals are equal, but some animals are more equal than others.” Napoleon holds a dinner party for the pigs, and the humans of the area (in the adjacent Foxwood Farm run by Mr. Pilkington), who congratulate Napoleon on having the most hard working animals in the country on the least feed. Napoleon announces his alliance with the humans against the labouring classes of both “worlds”. The animals discover this when they overhear Napoleon’s conversations and finally realize that a change has come over the ruling pigs. During a poker match, an argument breaks out between Napoleon and Mr. Pilkington when they both play an Ace of Spades, and the animals realize how they cannot tell the difference between the pigs and the humans.
(Fontes omitidas propositadamente)
Os termos prevent from (Texto II) e realize (Texto III) significam, respectivamente,
 

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2371501 Ano: 2006
Disciplina: Matemática
Banca: ITA
Orgão: ITA
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Sejam !$ A=(a_{jk}) !$ e !$ B=(b_{jk}) !$, duas matrizes quadradas !$ n \times n !$, onde !$ a_{jk} !$ e !$ b_{jk} !$ são, respectivamente, os elementos da linha !$ j !$ e coluna !$ k !$ das matrizes !$ A !$ e !$ B !$, definidos por
!$ a_{jk} =\dbinom{j}{k} !$, quando !$ j \ge k !$, !$ a_{jk}=\dbinom{k}{j} !$, quando !$ j < k !$ e !$ b_{jk} = \sum\limits^{jk}_{p=0} (-2)^p \dbinom{jk}{p} !$.
O traço de uma matriz quadrada !$ (c_{jk}) !$ de ordem !$ n \times n !$ é definido por !$ \textstyle \sum_{p=1}^n c_{pp} !$. Quando !$ n !$ for ímpar, o traço de !$ A + B !$ é igual a
 

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2371434 Ano: 2006
Disciplina: Português
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se aos dois textos seguintes.
TEXTO 1
O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.
O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado!$ ^{A)} !$. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas!$ ^{B)} !$: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em muito ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente!$ ^{C)} !$. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
Hoje, mais do que nunca, há uma tendência – característica da mentalidade das elites da economia capitalista – de adulação da adolescência, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgência para com esse período tido como ‘de intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação’.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos relevam: ‘acidente’.
Não, não: é tudo de propósito.
(Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.)
Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)
TEXTO 2
Vagabundagem universitária começa no trote
Todo começo de ano é a mesma cena: calouros de universidades, as cabeças raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trânsito pedindo dinheiro aos motoristas. É uma das formas do chamado ‘trote’, o mais artificial dos ritos de iniciação da mais artificial das instituições contemporâneas – a universidade.
O trote nada mais é do que o retrato da alienação em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas!$ ^{D)} !$. Com tempo de sobra, eles não têm em que empregar tanta liberdade.
Ou querem dizer que essas simples caras pintadas têm qualquer simbologia semelhante à das máscaras de dança das tribos primitivas estudadas por Lévi-Strauss?
Para aquelas tribos índias, as máscaras eram o atestado da onipresença do sobrenatural e da pujança dos mitos!$ ^{E)} !$. Mas esses adolescentes urbanos não têm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o espírito deles vive nas trevas. A ausência de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes.
Em tempos mais admiráveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrária, em programas de assistência social nas favelas ou com crianças de rua, ou mesmo explorando os sertões e florestas do país, como faziam os estudantes do extinto projeto Rondon.
Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar à adolescência (ou pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se dá às mulheres grávidas. Pois é exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescência num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absorção dos valores sociais e de integração social.
Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos – ou pelo menos amadureceriam de verdade, solidários, ocupados com o sofrimento real dos outros.
Mas não, ficam vagabundando pelos semáforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que é pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de fórmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade.
A mim – que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos – causava alarme o espírito de vagabundagem que, cultuado na adolescência, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pública.
Na Universidade de São Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernação adolescente sustentada pelo dinheiro público.
(Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.)
Os trechos abaixo foram extraídos dos Textos 1 e 2. Assinale a opção em que há uma definição para a palavra em destaque:
 

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2371422 Ano: 2006
Disciplina: Português
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se aos dois textos seguintes.
TEXTO 1
O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.
O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em muito ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
Hoje, mais do que nunca, há uma tendência – característica da mentalidade das elites da economia capitalista – de adulação da adolescência, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgência para com esse período tido como ‘de intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação’.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos relevam: ‘acidente’.
Não, não: é tudo de propósito.
(Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.)
Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)
TEXTO 2
Vagabundagem universitária começa no trote
Todo começo de ano é a mesma cena: calouros de universidades, as cabeças raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trânsito pedindo dinheiro aos motoristas. É uma das formas do chamado ‘trote’, o mais artificial dos ritos de iniciação da mais artificial das instituições contemporâneas – a universidade.
O trote nada mais é do que o retrato da alienação em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles não têm em que empregar tanta liberdade.
Ou querem dizer que essas simples caras pintadas têm qualquer simbologia semelhante à das máscaras de dança das tribos primitivas estudadas por Lévi-Strauss?
Para aquelas tribos índias, as máscaras eram o atestado da onipresença do sobrenatural e da pujança dos mitos. Mas esses adolescentes urbanos não têm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o espírito deles vive nas trevas. A ausência de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes.
Em tempos mais admiráveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrária, em programas de assistência social nas favelas ou com crianças de rua, ou mesmo explorando os sertões e florestas do país, como faziam os estudantes do extinto projeto Rondon.
Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar à adolescência (ou pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se dá às mulheres grávidas. Pois é exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescência num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absorção dos valores sociais e de integração social.
Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos – ou pelo menos amadureceriam de verdade, solidários, ocupados com o sofrimento real dos outros.
Mas não, ficam vagabundando pelos semáforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que é pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de fórmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade.
A mim – que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos – causava alarme o espírito de vagabundagem que, cultuado na adolescência, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pública.
Na Universidade de São Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernação adolescente sustentada pelo dinheiro público.
(Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.)
No Texto 1, da frase “Não, não: é tudo de propósito.”, é permitido inferir que, para o autor, o propósito do trote é
 

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Questão presente nas seguintes provas
2371416 Ano: 2006
Disciplina: Português
Banca: ITA
Orgão: ITA
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A questão refere-se aos dois textos seguintes.
TEXTO 1
O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.
O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em muito ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
Hoje, mais do que nunca, há uma tendência – característica da mentalidade das elites da economia capitalista – de adulação da adolescência, de excessivo prolongamento da mesma e da excessiva indulgência para com esse período tido como ‘de intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação’.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos relevam: ‘acidente’.
Não, não: é tudo de propósito.
(Vinicius Torres Freire. In: Folha de S. Paulo, 13/02/2006.)
Arrivista. Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)
TEXTO 2
Vagabundagem universitária começa no trote
Todo começo de ano é a mesma cena: calouros de universidades, as cabeças raspadas e as caras pintadas, incitados ou obrigados por veteranos, ocupam os sinais de trânsito pedindo dinheiro aos motoristas. É uma das formas do chamado ‘trote’, o mais artificial dos ritos de iniciação da mais artificial das instituições contemporâneas – a universidade.
O trote nada mais é do que o retrato da alienação em que vivem esses adolescentes das classes favorecidas. Com tempo de sobra, eles não têm em que empregar tanta liberdade.
Ou querem dizer que essas simples caras pintadas têm qualquer simbologia semelhante à das máscaras de dança das tribos primitivas estudadas por Lévi-Strauss?
Para aquelas tribos índias, as máscaras eram o atestado da onipresença do sobrenatural e da pujança dos mitos. Mas esses adolescentes urbanos não têm tanta complexidade. Movido a MTV e shopping centers, o espírito deles vive nas trevas. A ausência de conhecimento e saber limita-lhes os desejos e as atitudes.
Em tempos mais admiráveis, ou em sociedades mais ideais, essa massa de vagabundos estaria ajudando a cortar cana nos campos, envolvidos com a reforma agrária, em programas de assistência social nas favelas ou com crianças de rua, ou mesmo explorando os sertões e florestas do país, como faziam os estudantes do extinto projeto Rondon.
Desde adolescente, sempre olhei com desprezo esse tratamento que se pretende dar à adolescência (ou pelo menos a certa camada social adolescente): um cuidado especial, semelhante ao que se dá às mulheres grávidas. Pois é exatamente esse pisar em ovos da sociedade que acaba por transformar a adolescência num grande vazio, numa gravidez do nada, numa angustiante fase de absorção dos valores sociais e de integração social.
Se os adolescentes se ocupassem mais, sofreriam menos – ou pelo menos amadureceriam de verdade, solidários, ocupados com o sofrimento real dos outros.
Mas não, ficam vagabundando pelos semáforos das cidades, catando moedas para festas e outras leviandades. E o que é pior, sentindo-se deuses por terem conseguido decorar um punhado de fórmulas e datas e resumos de livros que os fizeram passar no teste para entrar na universidade.
A mim – que trabalhava e estudava ao mesmo tempo desde os 15 anos – causava alarme o espírito de vagabundagem que, cultuado na adolescência, vi prolongar-se na realidade alienada de uma universidade pública.
Na Universidade de São Paulo, onde estudei, os filhos dos ricos ainda passam anos na hibernação adolescente sustentada pelo dinheiro público.
(Marilene Felinto. In: Folha de S. Paulo, 25/02/1997.)
O conteúdo contido entre parênteses no Texto 1,e no Texto 2, funciona, respectivamente, como:
 

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