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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma línguaa. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?)d nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filéc é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descargab da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Assinale a opção em que o termo destacado foi classificado incorretamente.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Em todas as opções, a palavra recebe acentuação em vista da presença de hiato, exceto:
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhauc. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma línguad. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecemb (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadoresa: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Assinale a opção em que não ocorrem marcas de posicionamento do locutor do texto.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa suab, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entendera. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assustec, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retreted.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Assinale a opção em que não há marcas de referência ao interlocutor do texto.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Considere o seguinte trecho retirado do texto:
“Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau.”
Assinale a opção em que a expressão destacada no trecho acima foi substituída de modo a acarretar alteração no sentido do texto.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
O texto tem como objetivo
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Texto 1
Poema culinário
No croquete de galinha,
A cebola batidinha
Com duas folhas de louro
Vale mais do que um tesouro
Também dois dentes de alho
Nunca serão espantalho.
(Ao contrário)
E três tomates,
Em vez de causar dislates,
Sem peles e sem sementes,
São ajudas pertinentes
Ao lado do sal, da salsa,
(A receita nunca é falsa)
Todos boiam na manteiga
De natural doce e meiga.
E para maior deleite,
copo e meio de leite.
Ah, me esqueci: três ovos
Bem graúdos e bem novos
Junto à farinha de rosca
(Espante-se logo a mosca)
a pitada de óleo,
Sem se manchar o linóleo,
E mais farinha de trigo…
Ai, meu Deus, deixa comigo!
Carlos Drummond de Andrade
Texto 2
A poesia é para comer: Iguarias para o corpo e para o espírito
Há muito tempo que versos e petiscos se cozinhavam na minha mente, em lume brando, como convém a uma receita que se quer apurada, insinuando no meu espírito aromas irresistíveis de cozinha de infância. Nasci numa família em que a gastronomia foi sempre – ao longo de gerações – um culto e um prazer, com honras de biblioteca e pesando, até, na escolha de itinerários de viagem. E o que pode haver de mais poético do que as memórias de um tempo em que tudo era assim, brando e promissor, sem pressas nem atropelos, apesar da sede imensa de uma vida inteira pela frente, por beber ainda? Enquanto tudo se espera, tudo pode acontecer… A ideia de reunir num mesmo livro duas das minhas paixões – a poesia e a gastronomia (na sua vertente culinária) – foi tomando forma naturalmente, deixando-me água na boca e na imaginação. Impunha-se encontrar uma fórmula original, que glorificasse igualmente as duas artes e as casasse harmoniosamente, prevenindo o risco de divórcio. Ambas são de personalidade forte e muita sensibilidade: nubentes difíceis, portanto. Mas possíveis, porque iluminadas pela mesma chama.
Excerto retirado da Introdução do livro
A poesia é para comer - Iguarias para o corpo e para o espírito. Ana Vidal, Editora Babel (2006).
Considere o seguinte trecho do texto 1:
Ah, me esqueci: três ovos
Bem graúdos e bem novos
Junto à farinha de rosca
(Espante-se logo a mosca)
a pitada de óleo,
Sem se manchar o linóleo,
E mais farinha de trigo…
Ai, meu Deus, deixa comigo!
Assinale a opção que apresenta assertiva incorreta com relação a esse trecho.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa suaa, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma bermab e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.c
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela ruad. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Assinale a opção em que a palavra “que” é classificada como pronome relativo.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carroa e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.c
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupasb desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisad, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
Assinale a opção em que o complemento verbal não foi destacado.
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Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo? Você já começou a não entender. O fato é que, como dizia Mark Twain a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita, veja só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranquilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: “Cuidado com as bermas”. Eles ficaram assustados – que (...) seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas”. Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranquilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer pensos. Pasta de dente é dentífrico. Ventilador é ventoinha. (...)
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode petiscar. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de prego; cachorros-quentes são simplesmente cachorros. E não se esqueça: um cafezinho é uma bica; uma média é um galão e um chope é uma imperial. (...)
Um sujeito preguiçoso é um mandrião. Um indivíduo truculento é um matulão. Um tipo cabeludo é um gadelhudo. Quando não se gosta de alguém, diz-se: “Não gramo aquele gajo”. Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve-se dizer: “Estou-me nas tintas”; ou então: “Estou-me marimbando” (...)
Mas o meu pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de hotel e eu telefonei para a portaria: “Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada?” O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: “Ó pá, manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete.”
CASTRO, Ruy. Como ser brasileiro...Viaje bem. Revista de Bordo da VASP, 8(3), 1978. In: PRESTES, Mari Luci de Mesquita. Leitura e (Re)escritura de textos: subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. SP: Editora Rêspel, 2001. (texto adaptado)
A partir do título do texto, é possível inferir que o tipo textual a ser lido é
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