São características de todas as sociedades humanas a avaliação de formas de vida distintas a partir dos elementos de sua própria cultura e o estranhamento diante dos costumes de outros povos. A este estranhamento chamamos etnocentrismo. O etnocentrismo consiste em julgarmos como "certo" ou "errado", “feio" ou "bonito", "normal" ou "anormal" os comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros povos segundo nossas próprias crenças e costumes.

(Adaptado de Omar Ribeiro Thomaz, A antropologia e o mundo contemporâneo: cultura e diversidade, em Aracy Lopes da Silva e Luís Donisete Grupioni [orgs.], A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília: MEC/Mari/UNESCO, 1995, p. 430-431.)

VESTIBULAR INDÍGENA

(...) era preciso estar especialmente alerta em agosto, pois é então que eles pescam determinado tipo de peixe. Esse peixe muda-se do mar para a água doce das bocas dos rios, com a finalidade de desovar. Chama-se, na língua deles, parati. Capturam tais peixes com pequenas redes ou abatendo-os com flechas. Uma parte deles é usada para fazer uma farinha a que dão o nome de pirá kuí.

(Adaptado de Hans Staden, A verdadeira história dos selvagens nus e ferozes devoradores de homens [1548-1555]. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Dantes, 1998, p. 54.)

No cerrado, as árvores frutíferas nativas são elementos muito importantes do ecossistema. Seus frutos são vendidos in natura no comércio de muitas cidades, além de serem matéria prima de alimentos industrializados, como sucos, doces, picolés, geleias, etc. Esses frutos apresentam sabores característicos e elevados teores de açúcares, proteínas, vitaminas e sais minerais. Atualmente, existem aproximadamente 60 espécies de frutas nativas dos cerrados. O consumo dessas frutas, há milênios consagrado pelos índios, foi de suma importância para a sobrevivência dos primeiros desbravadores e colonizadores da região.

(Adaptado de Marcos Emílio Pereira e Antonio Pasqualeto, Desenvolvimento sustentável com ênfase em frutíferas do cerrado. Estudos, v. 38, n. 2, 2011, p. 339.)

O texto a seguir foi retirado de um cartaz da campanha promovida pela FUNAI, em 2017, para combater o preconceito contra os povos indígenas. Leia-o e responda à pergunta.

Não há desenvolvimento que se perpetue sem meio ambiente preservado. Os saberes ecológicos indígenas, desenvolvidos geração a geração, são tecnologias essenciais para a proteção das matas, dos animais silvestres, dos mananciais de água, do solo e do subsolo. O índio não atrapalha o desenvolvimento. Como guardião da biodiversidade, gera condições para que ele aconteça. A um só tempo, o índio torna possível a preservação e o desenvolvimento.

(Adaptado de http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2017/04-abr/o %20indio%20nao%20e%20obstaculo.jpg.)

CONSEQUÊNCIAS DAS QUEIMADAS EM ÁREAS FLORESTAIS

Trânsito parado, aeroportos fechados, muitas pessoas com problemas respiratórios são notícias diárias nos jornais do Amazonas. E não para por aí: enquanto o mundo se prepara para o próximo encontro internacional para debater o clima e medidas urgentes para diminuir a emissão de CO2 para a atmosfera, continuamos jogando fumaça preta para o céu e agravando cada vez mais o efeito estufa. Também com as queimadas, temos a destruição da flora e da fauna, alteração do ecossistema, além de empobrecimento do solo e diminuição da infiltração de água no subsolo.

(Adaptado de https://arvoresertecnologico.tumblr.com.)

Mancha Mongólica é nome de uma marca de nascimento, em geral localizada na região inferior das costas ou no bumbum do bebê, apresentando quase sempre uma cor azulada, ou azul acinzentada. Essa mancha, que costuma desaparecer em alguns meses, está associada à procedência dos antepassados da criança. A Mancha Mongólica é muito comum entre a população asiática, em povos da Oceania e da Polinésia, nos povos indígenas das três Américas e em certas populações da África.

(Adaptado de https://bebemamae.com/saude-recem-nascido/mancha-mongolica -a-mancha-no-bumbum-do-bebe.)

“Na nossa tradição tem muitas aves que não matamos porque nós respeitamos. Pois em determinadas ocasiões algumas aves trazem notícias. Essas notícias podem ser boas ou ruins. Uma destas aves é o beija-flor. Um beija-flor que entra na sua casa ou fica pairando em frente a sua porta certamente está anunciando uma visita bem interessante. O canto do bem-te-vi anuncia a vinda de uma criança, ou seja, anuncia gravidez. O tucano anuncia a chegada de chuva. Depois quando vai começando a parar a chuva, eles também cantam. Esses são alguns exemplos, mas o conhecimento guarani a respeito das aves é bem maior.”

(ACIBRA e Pesquisadores Guarani da Tekoá Sapukai, Tekoa Sapukai Nhandeyvy re Nhanhangareko aguã. Brasília: FUNAI, 2016.)