Magna Concursos

Foram encontradas 69 questões.

1315850 Ano: 2016
Disciplina: Matemática
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Para combater a subnutrição infantil, foi desenvolvida uma mistura alimentícia composta por três tipos de suplementos alimentares: I, II e III. Esses suplementos, por sua vez, contêm diferentes concentrações de três nutrientes: A, B e C. Observe as tabelas a seguir, que indicam a concentração de nutrientes nos suplementos e a porcentagem de suplementos na mistura, respectivamente.

Nutriente

Concentração dos Suplementos Alimentares (g/kg)

I II III
A 0,2 0,5 0,4
B 0,3 0,4 0,1
C 0,1 0,4 0,5

Suplemento Alimentar

Quantidade na Mistura (%)

I 45
II 25
III 30

A quantidade do nutriente C, em g/kg, encontrada na mistura alimentícia é igual a:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1303975 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Há alguns meses fui convidado a visitar o Museu da Ciência de La Coruña, na Galícia. Ao final da visita, o curador1 anunciou que tinha uma surpresa para mim e me conduziu ao planetário2. Um planetário sempre é um lugar sugestivo, porque, quando se apagam as luzes, temos a impressão de estar num deserto sob um céu estrelado. Mas naquela noite algo especial me aguardava.

De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo acalanto de Manuel de Falla. Lentamente (embora um pouco mais depressa do que na realidade, já que a apresentação durou ao todo quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a rodar. Era o céu que aparecera sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – na noite de 5 para 6 de janeiro de 1932, quando nasci. Quase hiper-realisticamente vivenciei a primeira noite de minha vida.

Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa primeira noite. Provavelmente nem minha mãe a viu, exausta como estava depois de me dar à luz; mas talvez meu pai a tenha visto, ao sair para o terraço, um pouco agitado com o fato maravilhoso (pelo menos para ele) que testemunhara e ajudara a produzir.

O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar em muitos lugares. Outras pessoas talvez tenham passado por uma experiência semelhante. Mas vocês hão de me perdoar se durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único homem desde o início dos tempos que havia tido o privilégio de se encontrar com seu próprio começo. Eu estava tão feliz que tive a sensação – quase o desejo – de que podia, deveria morrer naquele exato momento e que qualquer outro momento teria sido inadequado. Teria morrido alegremente, pois vivera a mais bela história que li em toda a minha vida.

Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos nas páginas dos livros e nas telas dos cinemas: uma história na qual as estrelas e eu éramos os protagonistas. Era ficção porque a história fora reinventada pelo curador; era História porque recontava o que acontecera no cosmos num momento do passado; era vida real porque eu era real e não uma personagem de romance.

UMBERTO ECO Adaptado de Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução: Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

1 curador − responsável pelo museu 2 planetário − local onde é possível reproduzir o movimento dos astros

Umberto Eco narra, no segundo parágrafo do texto, uma experiência surpreendente que vivenciou.

Pode-se compreender essa experiência pela relação que se estabelece entre os seguintes elementos:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
1296092 Ano: 2016
Disciplina: Química
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Na análise de uma amostra da água de um reservatório, verificou-se a presença de dois contaminantes, nas seguintes concentrações:

Contaminante

Concentração (mg/L)

benzeno

0,39

metanal

0,40

Em análises químicas, o carbono orgânico total é uma grandeza que expressa a concentração de carbono de origem orgânica em uma amostra.

Assim, com base nos dados da tabela, a concentração de carbono orgânico total na amostra de água examinada, em mg/L, é igual a:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
979823 Ano: 2016
Disciplina: Espanhol (Língua Espanhola)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

CAPERUCITA ROJA

Érase una vez una niña llamada Caperucita Roja que vivía con su madre en la linde de un bosque. Un día, su madre le pidió que llevara una cesta con fruta fresca y agua mineral a casa de su abuela, pero no porque lo considerara una labor propia de mujeres, atención, sino porque ello representaba un acto generoso que contribuía a afianzar la sensación de comunidad.

De camino a casa de su abuela, Caperucita Roja se vio abordada por un lobo que le preguntó qué llevaba en la cesta.

– Un saludable tentempié para mi abuela –respondió.

– No sé si sabes, querida, que es peligroso para una niña pequeña recorrer sola estos bosques.

– Encuentro esa observación sexista y en extremo insultante, pero haré caso omiso de ella.

Y ahora, si me perdonas, debo continuar mi camino –respondió Caperucita.

El lobo conocía una ruta más rápida para llegar a casa de la abuela. Tras irrumpir bruscamente en ella, devoró a la anciana, adoptando con ello una línea de conducta completamente válida para cualquier carnívoro. A continuación, se puso el camisón de la abuela y se acurrucó en el lecho.

Caperucita Roja entró en la cabaña y dijo:

– Abuela, te he traído algunas chucherías bajas en calorías y en sodio.

– Acércate más, criatura, para que pueda verte –dijo suavemente el lobo desde el lecho.

– ¡Oh! –repuso Caperucita. Pero, abuela, ¡qué ojos tan grandes tienes!

– Han visto mucho y han perdonado mucho, querida.

– Y, abuela, ¡qué nariz tan grande tienes!...

– Ha olido mucho y ha perdonado mucho, querida.

– Y… ¡qué dientes tan grandes tienes!

– Soy feliz de ser quien soy y lo que soy –respondió el lobo y, saltando de la cama, aferró a Caperucita Roja con sus garras, dispuesto a devorarla.

Caperucita gritó y sus gritos llegaron a oídos de un operario de la industria maderera que pasaba por allí. Al entrar en la cabaña, advirtió el revuelo y trató de intervenir. Pero apenas había alzado su hacha cuando tanto el lobo como Caperucita Roja se detuvieron simultáneamente.

– ¿Puede saberse con exactitud qué cree usted que está haciendo? –inquirió Caperucita.

El operario maderero parpadeó e intentó responder, pero no conseguía.

– ¡Se cree acaso que puede usted irrumpir aquí y delegar su capacidad de reflexión en el arma que lleva consigo! –prosiguió Caperucita. ¡Sexista! ¡Racista! ¿Cómo se atreve a dar por sentado que las mujeres y los lobos no son capaces de resolver sus propias diferencias sin la ayuda de un hombre?

Al oír el apasionado discurso de Caperucita, la abuela saltó de la panza del lobo, arrebató el hacha al operario maderero y le cortó la cabeza. Concluida la odisea, Caperucita, la abuela y el lobo decidieron instaurar una forma alternativa de comunidad basada en la cooperación y el respeto mutuos y, juntos, vivieron felices en los bosques para siempre.

algundiaenalgunaparte.com

– ¿Puede saberse con exactitud qué cree usted que está haciendo? –inquirió Caperucita.

El operario maderero parpadeó e intentó responder, pero no conseguía.

En este fragmento, se observa que la pregunta de la niña produjo en el operario la siguiente reacción:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
979024 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula. O segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade. E o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.

Este mundo globalizado, visto como fábula, constrói como verdade um certo número de fantasias. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos unido, tornando também mais distante o sonho de uma cidadania de fato universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado.

Na verdade, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal.

Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos.

MILTON SANTOS

Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Na verdade, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades.

No terceiro parágrafo, as frases posteriores ao trecho citado desenvolvem a argumentação do autor por meio da apresentação de:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
976515 Ano: 2016
Disciplina: Francês (Língua Francesa)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

LE PETIT CHAPERON ROUGE

Il était une fois une jeune fille habitant à l’orée de la forêt avec sa mère. L’enfant était appelée Le Petit Chaperon Rouge, en référence à un conte bien connu, car ses vêtements étaient d’un rouge éclatant. Les événements ici racontés eurent lieu lorsque la période des soldes venait de se terminer et que le portable GMS envahit toutes les boutiques. Le Petit Chaperon Rouge supplia sa mère de lui en acheter un. Mais la mère était écolo: les GMS, ça te grille les neurones, ça pollue, ça te rend accro...

Un jour, la mère vint demander à sa fille d’apporter un bon gâteau bien bio à sa grand-mère. La jeune fille prit le gâteau, mit son veston rouge et entra dans la forêt, ne se doutant pas que, pas loin de là, le vieux loup camionneur rôdait. Sur le GPS du loup apparut immédiatement un point indiquant “petit chaperon rouge” (je sais, c’est un GPS de qualité). Le GPS indiquait que le petit bonhomme rouge prenait une impasse qui n’avait pour arrivée qu’une seule et unique maison indiquant “maison de la grand-mère du petit chaperon rouge” (oui, il est vraiment très précis ce GPS).

Alors, le loup entra dans la ville, pénétra une impasse et se précipita sur la maison de la grandmère. Il appuya sur la sonnette et entendit une voix tremblante se demander qui était là.

– Salut, grand-mère, répondit le loup en imitant une voix de jeune fille, légèrement enraillée.

C’est Le Petit Chaperon Rouge, je peux entrer?

– Bien sûr, mon enfant, répondit naïvement la grand-mère un peu sourde.

Le loup entra à la volée et se jeta sur la vieille dame couchée sur un matelas. Elle était périmée depuis longtemps, pensa le loup qui la jeta sous le lit et alla s’enfoncer sous les draps. Quelques instants plus tard, la sonnette retentit et le loup en imitant la voix de la vieille femme s’écria:

– Qui est là?

– C’est Le Petit Chaperon Rouge, mamy, je peux entrer?

– Bien sûr, mon enfant, répondit le loup en feintant la voix de la grand-mère.

La jeune fille remarqua quelques changements perturbants, elle demanda:

– Eh, mamy, depuis quand as-tu une montre?

– Euh, depuis peu, hésita le loup. C’est pour vérifier que les livreurs de pizza arrivent bien à l’heure.

– Eh, mamy, c’est quoi ton nouveau parfum?, continua Le Chaperon Rouge.

– C’est l’haleine de loup, très à la mode ces derniers temps, répondit le loup.

– D’accord, mamy, mais pourquoi as-tu une dent en or?

– Ah, c’est pour mieux te manger sans risquer de me casser les dents, s’écria le loup sortant de sous les draps.

Et il bondit sur Le Petit Chaperon Rouge, dévorant l’enfant comme excellent dessert.

Moralité de l’histoire: si la mère avait acheté un GMS à sa fille, celle-ci aurait pu commander un fast-food pour sa grand-mère, et tout ça ne se serait pas passé.

histoirechaperon.canalblog.com

je sais, c’est un GPS de qualité

oui, il est vraiment très précis ce GPS

Les extraits ci-dessus sont des commentaires du narrateur sur le GPS du loup.

Ces commentaires se démarquent par la caractéristique suivante:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
976439 Ano: 2016
Disciplina: Inglês (Língua Inglesa)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

LITTLE RED RIDING HOOD

There once was a young person named Little Red Riding Hood who lived on the edge of a large forest full of endangered fauna and rare plants. One day her mother asked her to take a basket of organically grown fruit and mineral water to her grandmother’s house.

– But mother, won’t this be stealing work from the people who have struggled for years to earn the right to carry all packages between various people in the woods?

Red Riding Hood’s mother assured her that she had called the union secretary and had been given a special compassionate mission exemption form.

– But mother, aren’t you oppressing me by ordering me to do this?

Red Riding Hood’s mother pointed out that it was impossible for women to oppress each other, since all women were equally oppressed until all women were free.

On her way to grandma’s house, Red Riding Hood passed a woodchopper and wandered off the path in order to examine some flowers. She was startled to find herself standing before a wolf, who asked her what was in her basket.

– I am taking my grandmother some healthy snacks in a gesture of solidarity. Now, if you’ll excuse me, I would prefer to be on my way.

Red Riding Hood returned to the main path and proceeded towards her grandmother’s house. But the wolf knew of a quicker route to grandma’s house. He burst into the house and ate grandma, a course of action affirmative of his nature as a predator. He put on grandma’s nightclothes and awaited.

Red Riding Hood entered the cottage and said:

– Goodness! grandma, what big eyes you have!

– You forget that I am optically challenged.

– And grandma, what an enormous nose you have!

– Naturally, I could have had it surgically fixed, but I didn’t give in to such societal pressures, my child.

– And grandma, what very big, sharp teeth you have!

The wolf could not take any more of this, grabbed Little Red Riding Hood and opened his jaws so wide that she could see her poor grandmother in his belly.

At the same time, the woodchopper burst into the cottage, brandishing an axe.

– Hands off!, cried the woodchopper.

– And what do you think you’re doing?, cried Little Red Riding Hood. If I let you help me now, I would be expressing a lack of confidence in my own abilities.

– Get your hands off that endangered species! This is a police raid!, screamed the woodchopper.

– Thank goodness you got here in time, said the Wolf. I thought I was a goner.

guy-sports.com

The classic fairy tale finishes by the woodchopper killing another character. However, this does not happen in this modern version.

In the end of this version, the woodchopper carries out the act of:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
964593 Ano: 2016
Disciplina: Geografia
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

O primeiro-ministro britânico David Cameron anunciou que o plebiscito que decidirá a permanência do Reino Unido na União Europeia ocorrerá no dia 23 de junho de 2016. Cameron liberou seus ministros para defenderem tanto a continuação quanto a saída dos britânicos.

Adaptado de bbc.com, 20/02/2016.

A consulta popular mencionada configura uma escolha difícil para os cidadãos do Reino Unido em virtude da variedade e complexidade dos argumentos favoráveis e contrários em disputa.

Um argumento decisivo para que uma parcela dos britânicos aprove a saída do Reino Unido do bloco europeu remete à retomada da plena autonomia nacional no seguinte campo:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
964052 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Pietro Brun, meu tetravô paterno, embarcou em um navio no final do século 19, como tantos italianos pobres, em busca de uma utopia que atendia pelo nome de América. Pietro queria terra, sim. Mas o que o movia era um território de outra ordem. Ele queria salvar seu nome, encarnado na figura de meu bisavô, Antônio. Pietro fora obrigado a servir o exército como soldado por anos demais (...). Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que não perderia seu filho. Fugiu com ele e com a filha Luigia para o sul do Brasil. Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. Embarcou como clandestino.

Ao desembarcar no Brasil, em 10 de fevereiro de 1883, Pietro declarou o nome completo. O funcionário do Império, como aconteceu tantas e tantas vezes, registrou-o conforme ouviu. Tornando-o, no mundo novo, Brum – com “m”. Meu pai, Argemiro, filho de José, neto de Antônio e bisneto de Pietro, tomou para si a missão de resgatar essa história e documentá-la.

No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. Possuímos todos os documentos, organizados numa pasta. Mas entre nós existe essa diferença na letra. Antes de ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial que substituiu um “n” por um “m”. Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar, e com certeza morreu sem saber. E, se soubesse, não teria se importado, porque era apenas o nome de mais um imigrante a bater nas costas do Brasil despertencido de tudo.

Cabia a mim levar essa empreitada adiante.

Há uma autonomia na forma como damos carne ao nosso nome com a vida que construímos – e não com a que herdamos. (...) Eu escolho a memória. A desmemória assombra porque não a nomeamos, respira em nossos porões como monstros sem palavras. A memória, não. É uma escolha do que esquecer e do que lembrar – e uma oportunidade de ressignificar o passado para ganhar um futuro. Pela memória nos colocamos não só em movimento, mas nos tornamos o próprio movimento. Gesto humano, para sempre incompleto.

Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda.

(...)

Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. Ele tinha de ser outro, assim como nós, que resultamos dessa aventura desesperada. Era imperativo que ele fosse Pietro Brum – e depois até Pedro Brum.

ELIANE BRUM Meus desacontecimentos: a história da minha vida com as palavras. São Paulo: LeYa, 2014.

Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. (l. 6-7)

O trecho sublinhado estabelece com o restante da frase o sentido de:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas
963798 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
Provas:

Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula. O segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade. E o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.

Este mundo globalizado, visto como fábula, constrói como verdade um certo número de fantasias. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos unido, tornando também mais distante o sonho de uma cidadania de fato universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado.

Na verdade, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal.

Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos.

MILTON SANTOS

Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.

A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos.

O comentário introduzido entre travessões apresenta um ponto de vista do autor que se sustenta em um elemento subentendido.

Esse elemento está associado à existência, na sociedade, de:

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas