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Foram encontradas 40 questões.

1393826 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Os Desafios da Destruição e da Conservação do Patrimônio Cultural no Brasil
Pedro Paulo A. Funari
Os desafios da destruição e da conservação do patrimônio cultural no Brasil são, provavelmente, pouco conhecidos do público acadêmico internacional, e este artigo visa a apresentar alguns aspectos dessas questões. [...]
Os monumentos históricos e os restos arqueológicos são importantes portadores de mensagens e, por sua própria natureza, como cultura material, são usados pelos atores sociais para produzir significado, em especial, ao materializar conceitos como identidade nacional e diferença étnica. Deveríamos, entretanto, procurar encarar esses artefatos como socialmente construídos e contestados, em termos culturais, antes do que portadores de significados inerentes e a-históricos; inspiradores, pois, de reflexões, mais do que de admiração. Uma abordagem antropológica do próprio patrimônio cultural ajuda a desmascarar a manipulação do passado. A experiência brasileira, a esse respeito, é muito clara: a manipulação oficial do passado, incluindo-se o gerenciamento do patrimônio, é, de forma constante, reinterpretada pelo povo. [...]
Em cidades coloniais, algumas delas bem conhecidas no exterior, como Ouro Preto, declarada Patrimônio da Humanidade, a modernidade está sempre presente, por desejo de seus habitantes. É fácil entender que as pessoas estejam interessadas em ter acesso à infra-estrutura moderna, mas, como notam os europeus quando visitam as cidades coloniais, se os edifícios medievais podem ser completamente reaparelhados, sem danificar os prédios, não haveria por que não fazer isso no Brasil. Outra ameaça ao patrimônio arqueológico das cidades coloniais é o roubo. Os ladrões são muito atuantes e há mais de quinhentas igrejas e museus locais para serem protegidos. Um problema mais prosaico é a deterioração dos monumentos devido à falta de manutenção e abrigo, mesmo no interior de edifícios (LIRA, 1997; SEBASTIÃO, 1998). Esses três perigos para a manutenção dos bens culturais, aparentemente não relacionados, revelam uma causa subjacente comum: a alienação da população, o divórcio entre o povo e as autoridades, a distância que separa as preocupações corriqueiras e o ethos e políticas oficiais.
Para o povo, há, pois, um sentimento de alienação, como se sua própria cultura não fosse, de modo algum, relevante ou digna de atenção. Tradicionalmente, havia dois tipos de casa no Brasil: as moradas de dois ou mais andares, chamadas de "sobrados", onde vivia a elite, e todas as outras formas de habitação, como as "casas" e "casebres", os "mocambos" (derivado do quimbundo, mukambu, "fileira"), as "senzalas" (locais da escravaria) e as "favelas". Numa sociedade baseada na escravidão, desde o início houve sempre dois grupos de pessoas no país: os poderosos, com sua cultura material esplendorosa, cuja memória e monumentos são dignos de reverência e preservação, e os vestígios esquálidos dos subalternos, dignos de desdém e desprezo. A Catedral, freqüentada pela "gente de bem", deve ser preservada, enquanto a Igreja de São Benedito, dos "pretos da terra", não é protegida e é, com freqüência, abandonada.
Nesse contexto, não é de surpreender que o povo não preste muita atenção à proteção cultural, sentida como se fosse estrangeira, não relacionada à sua realidade. Há uma expressão no português do Brasil que demonstra, com clareza, essa alienação das classes: "eles, que são brancos, que se entendam". Note-se que essa frase é usada também por brancos para se referirem às autoridades em geral. A mesma distância afeta o patrimônio, pois os edifícios coloniais são considerados como "problema deles, não nosso". Poderíamos dizer, assim, que a busca da modernidade, mesmo sem levar em conta a destruição dos bens culturais, poderia bem ser interpretada como um tipo de luta não apenas por melhores condições de vida, mas contra a própria lembrança do sofrimento secular dos subalternos. [...]
No Brasil, o cuidado do patrimônio sempre esteve a cargo da elite, cujas prioridades têm sido tanto míopes como ineficazes. Edifícios de alto estilo arquitetônico, protegidos por lei, são deixados nas mãos do mercado e o comércio ilegal de obras de arte é amplamente tolerado. Recentemente, a Christie’s vendeu uma obra-prima de Aleijadinho. A imprensa está sempre a noticiar a respeito, sem que se faça algo a respeito. A gente comum sente-se alienada tanto em relação ao patrimônio erudito quanto aos humildes vestígios arqueológicos, já que são ensinados a desprezar índios, negros, mestiços, pobres, em outras palavras, a si próprios e a seus antepassados. Nesse contexto, a tarefa acadêmica a confrontar arqueólogos e aqueles encarregados do patrimônio, no Brasil, é particularmente complexa e contraditória. Devemos lutar para preservar tanto o patrimônio erudito quanto o popular, a fim de democratizar a informação e a educação, em geral. Acima de tudo, devemos lutar para que o povo assuma seu destino, para que tenha acesso ao conhecimento, para que possamos trabalhar, como acadêmicos e como cidadãos, com o povo e em seu interesse. Como cientistas, em primeiro lugar, deveríamos buscar o conhecimento crítico sobre nosso patrimônio comum. E isto não é uma tarefa fácil.
Disponível em: <http://www.arquitextos.com.br/arquitextos/numeros/numeros_001_007-2000.asp>. [Adaptado].
A partir da leitura do texto 2, assinale com V as alternativas VERDADEIRAS e com F as FALSAS.
( ) Na conservação do patrimônio cultural no Brasil, a tarefa acadêmica a confrontar arqueólogos e acadêmicos mostra-se complexa, pois é preciso preservar tanto o patrimônio erudito quanto o popular, bem como é preciso que os acadêmicos assumam a preservação desse patrimônio.
( ) As aspas usadas em "gente de bem" e "pretos da terra" (linhas 35-36) têm por função marcar a presença de um outro discurso, que o autor cita, mas do qual se distancia.
( ) O uso de itálico em ethos e mukambu tem por objetivo marcar que essas palavras são de origem estrangeira, no caso, da língua latina.
( ) O uso de parênteses e as informações constantes nesses parênteses em “(LIRA, 1997; SEBASTIÃO, 1998)” têm por objetivo indicar que as informações apresentadas são baseadas em outras obras.
( ) A citação da expressão "eles, que são brancos, que se entendam" tem por função demonstrar a existência do discurso negro no país.
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência CORRETA, de cima para baixo.
 

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1392745 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Assinale a alternativa em que a troca do verbo foi feita de acordo com as normas gramaticais do português padrão.
 

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1391152 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Assinale as frases que estão escritas de acordo com as normas gramaticais do português padrão.
I. O diretor da empresa, que os trabalhadores tinham pedido demissão, visto que não concordavam com ele, devia assinar um acordo mediante o qual estabelecer-se-iam os novos salários.
II. O assunto deve ser estudado ao nível da diretoria, visando à minimizar conseqüências gravíssimas.
III. Poucos sabiam, mas sentia-se magoado por lhe terem tirado o posto de comandante.
IV. Bolsas verde-garrafa, sapatos e bermudas pretos, meias e acessórios amarelos, tudo estava à venda na loja recém-inaugurada.
V. No Rio de Janeiro do século XIX, Joaquim Manoel de Macedo fixa a vida pequena-burguesa, como no trecho a seguir: “E nos campos a mimosa sensitiva fecha com cuidado os pequenos folíolos, dobra o pecíolo e vai dormir”.
VI. Sobrou, apesar do esforço, somente algumas questões a resolver.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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1390570 Ano: 2008
Disciplina: Direito Ambiental
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas com relação às atividades técnicas que serão desenvolvidas pelo relatório de impacto ambiental – RIMA segundo a Resolução CONAMA n. 001, de 23 de janeiro de 1986.
( ) O relatório de impacto ambiental deverá conter os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas privados e planos e programas governamentais.
( ) O relatório de impacto ambiental deverá conter a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais – especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados – e a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto.
( ) O relatório de impacto ambiental deverá conter o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos, assim como a recomendação quanto à alternativa menos favorável (conclusões e comentários de ordem geral).
( ) O relatório de impacto ambiental deverá conter a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação.
( ) O relatório de impacto ambiental deverá conter a caracterização da qualidade ambiental pretérita da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto com suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados; e o grau de alteração esperado.
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência CORRETA, de cima para baixo.
 

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1390435 Ano: 2008
Disciplina: Arquitetura
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Assinale a alternativa CORRETA.
No manual de procedimentos da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, elaborado pelo CREA – SC, um parecer é:
 

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1388994 Ano: 2008
Disciplina: Direito Ambiental
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas com relação às atividades técnicas que serão desenvolvidas pelo estudo de impacto ambiental segundo a Resolução CONAMA n. 001, de 23 de janeiro de 1986.
( ) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
( ) Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos negativos (adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
( ) Definição das medidas mitigadoras dos impactos positivos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados).
( ) Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos (benéficos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
( ) Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados).
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência CORRETA, de cima para baixo.
 

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1388037 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Os Desafios da Destruição e da Conservação do Patrimônio Cultural no Brasil
Pedro Paulo A. Funari
Os desafios da destruição e da conservação do patrimônio cultural no Brasil são, provavelmente, pouco conhecidos do público acadêmico internacional, e este artigo visa a apresentar alguns aspectos dessas questões. [...]
Os monumentos históricos e os restos arqueológicos são importantes portadores de mensagens e, por sua própria natureza, como cultura material, são usados pelos atores sociais para produzir significado, em especial, ao materializar conceitos como identidade nacional e diferença étnica. Deveríamos, entretanto, procurar encarar esses artefatos como socialmente construídos e contestados, em termos culturais, antes do que portadores de significados inerentes e a-históricos; inspiradores, pois, de reflexões, mais do que de admiração. Uma abordagem antropológica do próprio patrimônio cultural ajuda a desmascarar a manipulação do passado. A experiência brasileira, a esse respeito, é muito clara: a manipulação oficial do passado, incluindo-se o gerenciamento do patrimônio, é, de forma constante, reinterpretada pelo povo. [...]
Em cidades coloniais, algumas delas bem conhecidas no exterior, como Ouro Preto, declarada Patrimônio da Humanidade, a modernidade está sempre presente, por desejo de seus habitantes. É fácil entender que as pessoas estejam interessadas em ter acesso à infra-estrutura moderna, mas, como notam os europeus quando visitam as cidades coloniais, se os edifícios medievais podem ser completamente reaparelhados, sem danificar os prédios, não haveria por que não fazer isso no Brasil. Outra ameaça ao patrimônio arqueológico das cidades coloniais é o roubo. Os ladrões são muito atuantes e há mais de quinhentas igrejas e museus locais para serem protegidos. Um problema mais prosaico é a deterioração dos monumentos devido à falta de manutenção e abrigo, mesmo no interior de edifícios (LIRA, 1997; SEBASTIÃO, 1998). Esses três perigos para a manutenção dos bens culturais, aparentemente não relacionados, revelam uma causa subjacente comum: a alienação da população, o divórcio entre o povo e as autoridades, a distância que separa as preocupações corriqueiras e o ethos e políticas oficiais.
Para o povo, há, pois, um sentimento de alienação, como se sua própria cultura não fosse, de modo algum, relevante ou digna de atenção. Tradicionalmente, havia dois tipos de casa no Brasil: as moradas de dois ou mais andares, chamadas de "sobrados", onde vivia a elite, e todas as outras formas de habitação, como as "casas" e "casebres", os "mocambos" (derivado do quimbundo, mukambu, "fileira"), as "senzalas" (locais da escravaria) e as "favelas". Numa sociedade baseada na escravidão, desde o início houve sempre dois grupos de pessoas no país: os poderosos, com sua cultura material esplendorosa, cuja memória e monumentos são dignos de reverência e preservação, e os vestígios esquálidos dos subalternos, dignos de desdém e desprezo. A Catedral, freqüentada pela "gente de bem", deve ser preservada, enquanto a Igreja de São Benedito, dos "pretos da terra", não é protegida e é, com freqüência, abandonada.
Nesse contexto, não é de surpreender que o povo não preste muita atenção à proteção cultural, sentida como se fosse estrangeira, não relacionada à sua realidade. Há uma expressão no português do Brasil que demonstra, com clareza, essa alienação das classes: "eles, que são brancos, que se entendam". Note-se que essa frase é usada também por brancos para se referirem às autoridades em geral. A mesma distância afeta o patrimônio, pois os edifícios coloniais são considerados como "problema deles, não nosso". Poderíamos dizer, assim, que a busca da modernidade, mesmo sem levar em conta a destruição dos bens culturais, poderia bem ser interpretada como um tipo de luta não apenas por melhores condições de vida, mas contra a própria lembrança do sofrimento secular dos subalternos. [...]
No Brasil, o cuidado do patrimônio sempre esteve a cargo da elite, cujas prioridades têm sido tanto míopes como ineficazes. Edifícios de alto estilo arquitetônico, protegidos por lei, são deixados nas mãos do mercado e o comércio ilegal de obras de arte é amplamente tolerado. Recentemente, a Christie’s vendeu uma obra-prima de Aleijadinho. A imprensa está sempre a noticiar a respeito, sem que se faça algo a respeito. A gente comum sente-se alienada tanto em relação ao patrimônio erudito quanto aos humildes vestígios arqueológicos, já que são ensinados a desprezar índios, negros, mestiços, pobres, em outras palavras, a si próprios e a seus antepassados. Nesse contexto, a tarefa acadêmica a confrontar arqueólogos e aqueles encarregados do patrimônio, no Brasil, é particularmente complexa e contraditória. Devemos lutar para preservar tanto o patrimônio erudito quanto o popular, a fim de democratizar a informação e a educação, em geral. Acima de tudo, devemos lutar para que o povo assuma seu destino, para que tenha acesso ao conhecimento, para que possamos trabalhar, como acadêmicos e como cidadãos, com o povo e em seu interesse. Como cientistas, em primeiro lugar, deveríamos buscar o conhecimento crítico sobre nosso patrimônio comum. E isto não é uma tarefa fácil.
Disponível em: <http://www.arquitextos.com.br/arquitextos/numeros/numeros_001_007-2000.asp>. [Adaptado].
De acordo com as informações apresentadas no texto 2, assinale a alternativa CORRETA. No segundo parágrafo, ao discutir sobre os monumentos históricos e os restos arqueológicos, há a defesa de que:
 

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1386125 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Em qual das frases abaixo a exclusão da(s) vírgula(s) altera substancialmente o sentido original?
 

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1382865 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Código de Ética do Servidor Público Federal
João Bosco Barbosa Martins
Discorrer sobre o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal é o objetivo do presente artigo.
O Decreto n° 1.171, de 22 de junho de 1994, aprovou esse código.
Vamos iniciar a nossa exposição técnico-informativa falando sobre alguns aspectos do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Federal. As Regras Deontológicas, presentes no Capítulo I desse ordenamento, citam que a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público federal. O inciso II traz a seguinte regra: O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
A moralidade da Administração Pública é clareada no inciso III do Código de Ética Funcional, que relata que aquela não deve se limitar somente à distinção ente o bem e o mal. O fim almejado deve ser sempre o bem comum. O agente público tem o dever de buscar o equilíbrio entre a legalidade e a finalidade na tentativa de proporcionar a consolidação da moralidade do ato administrativo praticado.
Entre os deveres do servidor público federal tem-se que ele deve ser probo, reto, leal e justo (inciso XIV, c). O inciso XIV, f, menciona que o agente deve ter a consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos. Outro dever fundamental do servidor público é resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem a obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las.
Esse código estabelece, também, algumas vedações, presentes na Seção III, inciso XV, que devem ser observadas pelos servidores públicos federais. Destacamos algumas condutas proibidas, quais sejam:
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; [...]
b) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
No Capítulo II está prevista a criação de uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor público, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.
É de bom alvitre mencionar que esse código não foi instituído por lei em sentido estrito. Ele, no entanto, serve para estimular o comportamento ético do servidor público, já que o mesmo é de livre adesão. Urge que se divulguem, amplamente, os deveres e as vedações previstas através de um trabalho de cunho educativo com os agentes públicos federais.
Aliás, como membro de órgão correcional, sempre defendi e continuarei defendendo com energia e entusiasmo a tese da prevenção antes da punição disciplinar. Acredito na orientação pedagógica como ferramenta indispensável para estabelecer normas que impeçam a proliferação de procedimentos disciplinares. Porém, mesmo sabendo que a abertura de um processo administrativo disciplinar, que recepciona os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal (due process of law), deve trazer o sucesso da apuração efetiva dos faltosos, não vejo com bons olhos a defesa de que o trabalho de "apagar incêndio" possibilita a presença, a um só tempo, da ação correcional repressiva para os acusados e preventiva para os demais servidores públicos.
Por outro lado, mesmo tendo ciência de que os servidores federais, em sua esmagadora maioria, foram recrutados através de concurso de elevado nível, perfeitamente conscientes, pois, das normas disciplinares estatuídas nos artigos 116 e 117, da Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990, ratifico o pensamento da reciclagem constante de todos na área disciplinar.
Disponível em: <http://br.geocities.com/joaoboscomartins/artigos14codigodeeticadoservidorpublicofederal.hht>. [Adaptado].
A partir da leitura do texto 1, assinale com V as alternativas VERDADEIRAS e com F as FALSAS.
( ) O autor do texto concorda com o ponto de vista de que o trabalho de "apagar incêndio" possibilita tanto a ação correcional repressiva quanto a ação preventiva para servidores públicos.
( ) A expressão “esse código” tem a função de retomar o referente “Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal”.
( ) O autor do texto começa se enunciando na primeira pessoa do plural e, na continuidade do texto, passa a se enunciar na primeira pessoa do singular. Esse procedimento enunciativo se mostra incoerente, uma vez que em textos de natureza opinativa deve-se usar sempre a forma impessoal.
( ) As expressões “agente”, “agente público”, “servidor público”, “servidor público federal” são mecanismos de coesão referencial que fazem remissão a outro elemento do universo textual, o referente “Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal”.
( ) A expressão “aliás” é um mecanismo de coesão seqüencial que introduz uma amplificação do que foi dito no final do parágrafo anterior.
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência CORRETA, de cima para baixo.
 

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1382298 Ano: 2008
Disciplina: Português
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
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Os Desafios da Destruição e da Conservação do Patrimônio Cultural no Brasil
Pedro Paulo A. Funari
Os desafios da destruição e da conservação do patrimônio cultural no Brasil são, provavelmente, pouco conhecidos do público acadêmico internacional, e este artigo visa a apresentar alguns aspectos dessas questões. [...]
Os monumentos históricos e os restos arqueológicos são importantes portadores de mensagens e, por sua própria natureza, como cultura material, são usados pelos atores sociais para produzir significado, em especial, ao materializar conceitos como identidade nacional e diferença étnica. Deveríamos, entretanto, procurar encarar esses artefatos como socialmente construídos e contestados, em termos culturais, antes do que portadores de significados inerentes e a-históricos; inspiradores, pois, de reflexões, mais do que de admiração. Uma abordagem antropológica do próprio patrimônio cultural ajuda a desmascarar a manipulação do passado. A experiência brasileira, a esse respeito, é muito clara: a manipulação oficial do passado, incluindo-se o gerenciamento do patrimônio, é, de forma constante, reinterpretada pelo povo. [...]
Em cidades coloniais, algumas delas bem conhecidas no exterior, como Ouro Preto, declarada Patrimônio da Humanidade, a modernidade está sempre presente, por desejo de seus habitantes. É fácil entender que as pessoas estejam interessadas em ter acesso à infra-estrutura moderna, mas, como notam os europeus quando visitam as cidades coloniais, se os edifícios medievais podem ser completamente reaparelhados, sem danificar os prédios, não haveria por que não fazer isso no Brasil. Outra ameaça ao patrimônio arqueológico das cidades coloniais é o roubo. Os ladrões são muito atuantes e há mais de quinhentas igrejas e museus locais para serem protegidos. Um problema mais prosaico é a deterioração dos monumentos devido à falta de manutenção e abrigo, mesmo no interior de edifícios (LIRA, 1997; SEBASTIÃO, 1998). Esses três perigos para a manutenção dos bens culturais, aparentemente não relacionados, revelam uma causa subjacente comum: a alienação da população, o divórcio entre o povo e as autoridades, a distância que separa as preocupações corriqueiras e o ethos e políticas oficiais.
Para o povo, há, pois, um sentimento de alienação, como se sua própria cultura não fosse, de modo algum, relevante ou digna de atenção. Tradicionalmente, havia dois tipos de casa no Brasil: as moradas de dois ou mais andares, chamadas de "sobrados", onde vivia a elite, e todas as outras formas de habitação, como as "casas" e "casebres", os "mocambos" (derivado do quimbundo, mukambu, "fileira"), as "senzalas" (locais da escravaria) e as "favelas". Numa sociedade baseada na escravidão, desde o início houve sempre dois grupos de pessoas no país: os poderosos, com sua cultura material esplendorosa, cuja memória e monumentos são dignos de reverência e preservação, e os vestígios esquálidos dos subalternos, dignos de desdém e desprezo. A Catedral, freqüentada pela "gente de bem", deve ser preservada, enquanto a Igreja de São Benedito, dos "pretos da terra", não é protegida e é, com freqüência, abandonada.
Nesse contexto, não é de surpreender que o povo não preste muita atenção à proteção cultural, sentida como se fosse estrangeira, não relacionada à sua realidade. Há uma expressão no português do Brasil que demonstra, com clareza, essa alienação das classes: "eles, que são brancos, que se entendam". Note-se que essa frase é usada também por brancos para se referirem às autoridades em geral. A mesma distância afeta o patrimônio, pois os edifícios coloniais são considerados como "problema deles, não nosso". Poderíamos dizer, assim, que a busca da modernidade, mesmo sem levar em conta a destruição dos bens culturais, poderia bem ser interpretada como um tipo de luta não apenas por melhores condições de vida, mas contra a própria lembrança do sofrimento secular dos subalternos. [...]
No Brasil, o cuidado do patrimônio sempre esteve a cargo da elite, cujas prioridades têm sido tanto míopes como ineficazes. Edifícios de alto estilo arquitetônico, protegidos por lei, são deixados nas mãos do mercado e o comércio ilegal de obras de arte é amplamente tolerado. Recentemente, a Christie’s vendeu uma obra-prima de Aleijadinho. A imprensa está sempre a noticiar a respeito, sem que se faça algo a respeito. A gente comum sente-se alienada tanto em relação ao patrimônio erudito quanto aos humildes vestígios arqueológicos, já que são ensinados a desprezar índios, negros, mestiços, pobres, em outras palavras, a si próprios e a seus antepassados. Nesse contexto, a tarefa acadêmica a confrontar arqueólogos e aqueles encarregados do patrimônio, no Brasil, é particularmente complexa e contraditória. Devemos lutar para preservar tanto o patrimônio erudito quanto o popular, a fim de democratizar a informação e a educação, em geral. Acima de tudo, devemos lutar para que o povo assuma seu destino, para que tenha acesso ao conhecimento, para que possamos trabalhar, como acadêmicos e como cidadãos, com o povo e em seu interesse. Como cientistas, em primeiro lugar, deveríamos buscar o conhecimento crítico sobre nosso patrimônio comum. E isto não é uma tarefa fácil.
Disponível em: <http://www.arquitextos.com.br/arquitextos/numeros/numeros_001_007-2000.asp>. [Adaptado].
Segundo as informações apresentadas no texto 2, é CORRETO afirmar que o objetivo geral do texto é:
 

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