TEXTO –

OS COITADINHOS

SÃO PAULO – Anestesiada e derrotada, a sociedade nem está percebendo a enorme inversão de valores em curso. Parece aceitar como normal que um grupo de criminosos estenda faixas pela cidade e nelas fale de paz.

Que paz? Não foram esses mesmos adoráveis senhores que decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões?

A sociedade ouve em silêncio o juiz titular da Vara de Execuções Penais, Otávio Augusto Barros Filho, dizer que não vai resolver nada a transferência e isolamento dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital ou Partido do Crime.)

Digamos que não resolva. Qual é a alternativa oferecida pelo juiz? Libertá-los todos? Devolvê-los aos presídios dos quais gerenciam livremente seus negócios e determinam quem deve viver e quem deve morrer?

Vamos, por um momento que seja, cair na real: os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privilégios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso.

Há um coro, embora surdo, que tenta retratar criminosos como coitadinhos, vítimas do sistema. Calma lá. Coitadinhos e vítimas do sistema, aqui, são os milhões de brasileiros que sobrevivem com salários obscenamente baixos (ou sem salário algum) e, não obstante, mantêm-se teimosamente honestos.

Coitadinhos e vítimas de um sistema ineficiente, aqui, são os parentes dos abatidos pela violência, condenados à prisão perpétua que é a dor pela perda de alguém querido, ao passo que o criminoso não fica mais que 30 anos na cadeia.

Parafraseando Millôr Fernandes: ou restaure-se a dignidade para todos, principalmente para os coitadinhos de verdade, ou nos rendamos de uma vez à Crime Incorporation.

Clóvis Rossi – Folha de São Paulo, 25/02/01

O texto foi elaborado a propósito das rebeliões de presos nas prisões paulistas no mês de fevereiro de 2001; a melhor explicação para a escolha do título os coitadinhos é:

Os serviços sociais, derivados das políticas sociais, são o suporte material e as instituições (públicas ou privadas) são a base organizacional que condicionam e viabilizam a atuação profissional do Serviço Social. De acordo com Marilda lamamoto (1992), o Serviço Social, como umas das formas institucionalizadas de atuação nas relações sociais, têm como recuso básico de trabalho:

Uma das interpretações mais correntes sobre o papel desempenhado pelas políticas sociais no sistema capitalista entende que estas políticas servem a uma dupla função: de um lado, elas contribuem diretamente para a valorização do capital através da compra de serviços pelo Estado ao setor privado e por outro lado, funcionam como fator de amenização das tensões sociais entre as classes.Essa dupla função é sintetizada na literatura pelo binômio:

É correto afirmar a respeito da relação sujeito / objeto no campo da pesquisa social, na perspectiva dialética:

A concepção moderna de cidadania prevê e garantia e o usufruto pleno de três categorias de direito. São elas.

No pós- Segunda Guerra Mundial ocorre nos países capitalistas da Europa Ocidental uma formidável expansão das políticas de proteção social, que adquirem um sentido diversificado e disponibilizam amplo leque de benefícios e serviços. Nos anos 80, ao lado de uma crise econômica profunda, estes países experimentaram um enorme questionamento dessas estruturas sociais, bem como de seus custos e grau de eficácia, debate que influencia fortemente as definições sobre políticas sociais no Brasil e outros países do Terceiro Mundo. Esse conjunto de debates e tentativas de desmonte das estruturas sociais é conhecido como:

A partir da década de 80, passaram a ocorrer no país as chamadas reformas descentralizadoras, em torno das quais se produziu um grande consenso sobre seus efeitos positivos: maior eficiência e eficácia da gestão pública, além de contribuir na viabilização de meta centradas na equidade, justiça social, redução do clientelismo e aumento do controle social sobre o Esta- do. Em linhas gerais, a descentralização se caracteriza por:

Um dos principais programas sociais voltados ao combate à pobreza previsto pela LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) é o chamado “Benefício da Prestação Continuada”, que prevê:

Nos anos recentes, produziram-se importantes inflexões no campo das políticas sociais no tocante às concepções que as embasam, ao financiamento, à organização, ao modo de operação e ao estilo de gestão. Contudo alguns traços históricos permanecem latentes na sua operacionalização institucional cotidiana. Credita-se a emergência da proteção social no Brasil ao seguinte período histórico:

Na atualidade, a intervenção profissional do Assistente Social nas empresas desenvolve-se: