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2404666 Ano: 2010
Disciplina: Português
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
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Texto II
Machado de Assis e a política
(Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça)

Pedro II ao partir, sob condições injustas de desprestígio, deixava uma governação de cinqüenta anos de respeito à cultura e de uma certa magnanimidade, mas de pouca atenção ao Nordeste do País. Seu tempo não aponta apenas a maldade da estatística ao revelar que ficara no Brasil uma nobreza de sete marqueses e uma marquesa viúva. Dez condes e dez condessas viúvas. Vinte viscondes e dezoito viscondessas viúvas. Vinte e sete barões e onze baronesas viúvas. Era viúva demais...

Tornou-se consensual que Machado de Assis não se apaixona pela política. Inegavelmente nunca a ignorou como cronista ou romancista. Por isso mesmo, participou também da acesa discussão sobre a transferência da capital do País.

Falava-se em instalar o Governo da República em cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, mas Cruls já batia pernas pelo Planalto Central, cuidando dos instantes seminais do que mais tarde viria a ser Brasília. E Machado opinava:

"Não há dúvida que uma capital é obra dos tempos, filha da História. As novas devemos esperar que serão habitadas logo que sejam habitáveis. O resto virá com os anos".

E ainda:

"A Capital da República, uma vez estabelecida, receberá um nome deveras, em vez deste que ora temos, mero qualificativo. Não sei se viverei até a inauguração. A vida é tão curta e a morte tão incerta, que a inauguração pode fazer-se sem mim, e tão certo é o esquecimento que não darão pela minha falta".

Foi mesmo assim, só que seu nome nunca restou esquecido em Brasília. O Senado da República e os meios acadêmicos nunca o permitiram.

Não se deixam de anotar muitas amostragens do interesse de Machado pela política, não na militância das ruas, mas na consideração do seu papel catalisador.

Brito Broca chama a atenção para o fato de Brás Cubas ter sido deputado. E diz:

"Se temos, pois, em Brás Cubas, uma sublimação do secreto ideal político de Machado de Assis, teremos no sentido satírico desse episódio o reverso do mesmo ideal. No discurso do herói, Machado, segundo o seu método de compensação psicológica, destrói a possível inveja que lhe causariam aqueles que subiam, um dia, os degraus da tribuna parlamentar. O Brás Cubas da barretina reflete toda a descrença e toda a malícia de um Machado de Assis deputado".

O desfile de perfis políticos está mesmo nas crônicas de A Semana, entre elas o texto clássico "O Velho Senado", mas há nos romances políticos como Lobo Neves, supersticioso e fátuo; Camacho, cabo eleitoral típico; Teófilo, ansioso por se tornar ministro; Brotero, o das aventuras amorosas e não podemos esquecer o brasileiro Tristão, a naturalizar-se português para se eleger deputado por lá. Também o deputado Clodovil a viajar pela Europa.

O entorno de amigos de Machado estava farto de políticos: Alencar, Francisco Otaviano, Bocaiúva, Joaquim Serra e o maior deles: Joaquim Nabuco.

Quero testemunhar algo muito em particular. Sou, como ele de certa forma o foi, membro de uma Corte de Contas, já centenária, o que no Brasil conta muito. Machado de Assis foi por 41 anos modelar funcionário público e apetecia a ele tarefas que hoje são nomeadas como de Controle Interno.

Exerceu, entre outras tantas bem diversificadas, funções dessa natureza no Ministério de Obras Públicas. Não era esse o nome. Mas vá lá que seja para simplificar. É bom ver em papéis antigos o servidor público Machado de Assis desempenhar-se metodicamente do controle de contas dos que adquiriram lápis grafite, réguas de ébano, pó da Pérsia, cânfora, papel para embrulho, envelope para cartas.

Na obra machadiana, o funcionário público sempre comparece sob a sua mordacidade, como mediocrão, relapso, incompetente, preguiçoso, exatamente o contrário do que ele foi. Rascunhava despachos antes de pô-los no papel, impugnava contas inadequadas, conteve gastos sem previsão orçamentária.

Não se poupou de caturrices, como conta Josué Montello:

Quando o Império enfardelou os trapos e a República chegou, é aconselhado a retirar da parede da repartição onde trabalhava o retrato do Imperador. Machado, solenemente esclarece:

"O retrato chegou aqui com uma portaria e só sai com outra portaria".

Em certa crônica na Gazeta de Notícias, numa fase de altas turbulências, apelou à esperança dizendo: "Supunha o mundo perdido em meio de tantas guerras e calamidades, quando respirei aliviado: encerravam-se em Londres, com grande brilho, as festas de Shakespeare".

Pois bem, também brilharam no mês passado, as festas da "Semana Machado de Assis", na mesma Londres, abrindo as comemorações do seu centenário.

(Diário de Pernambuco (PE) 17/7/2007. Disponível em: http://www.academia.org.br/ )

Com base na leitura do texto II, resolva a questão.

“Na obra machadiana, o funcionário público sempre comparece sob a sua mordacidade...”

No trecho destacado, “mordacidade” é sinônimo de

 

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UMA EUROPA CADA VEZ MAIS GRISALHA PODE ESTAR A DESABITUAR-SE DOS BEBÊS

A Europa vai ser menos povoada e mais grisalha. Em 2050, o Velho Continente será o mais envelhecido, num mundo em que, pela primeira vez na história, haverá mais pessoas acima dos 60 anos do que com menos de 15 anos. E neste planeta em que 21 por cento dos humanos terão passado já das seis décadas de vida, a opção de ter filhos será cada vez mais ponderada e, entre os europeus, talvez mesmo um pouco rara.

A Europa está a envelhecer, porque houve um espetacular aumento da esperança de vida ao longo do século XX, graças aos progressos da medicina, da alimentação e da higiene. Se no início do século a esperança de vida oscilava entre 30 a 45 anos, hoje a média planetária ronda os 67. E está a ficar mais vazia, porque os europeus começaram a ter menos bebês a partir da década de 1970 - quando começou o refluxo depois dos anos do pós-guerra, em que a humanidade cresceu como nunca, produzindo uma explosão populacional que deu nome à geração dos baby-boomers.

“A estrutura de idades dos países europeus está distorcida, devido ao baby-boom que terminou nos anos 1960”, explica ao PÚBLICO, de Estocolmo por telefone, Wolfang Lutz, diretor do Instituto de Demografia de Viena (Áustria), um dos mais conceituados demógrafos europeus.

Tendência constante ao longo de todo o século XX foi o aumento da longevidade, ao ritmo de dois anos por década, diz Lutz. Assim chegamos ao momento em que, ao mesmo tempo em que se projeta a continuação do crescimento da população mundial – devemos chegar a 9,2 mil milhões em 2050 –, se fala também na possibilidade de os países da União Europeia (UE) perderem 50 dos seus 500 milhões de habitantes em meados do século XXI. Isto porque a população mais velha está a aumentar, e os casais não têm os 2,1 filhos estatisticamente necessários para repor as gerações - a média europeia anda em 1,5 filhos por casal.

“Em 2050 os países da União Europeia terão perdido cerca de 10 por cento da população. Só a Alemanha terá perdido 12 milhões e 30 por cento da sua população ativa”, disse ao PÚBLICO, por telefone, Reiner Klingholz, especialista em demografia do Instituto de Berlim para a População e o Desenvolvimento, que produz estudos sobre as mudanças demográficas.

Em Portugal, o oitavo país mais envelhecido do mundo, a fertilidade é de 1,3 a 1,4 filhos por casal, diz o sociólogo Manuel Villaverde Cabral, coordenador do Instituto do Envelhecimento, uma unidade de investigação criada em novembro no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. “O que os demógrafos dizem é que, mantendo-se estas tendências, Portugal deverá perder dois milhões de pessoas até 2050, até porque presentemente tem pouco potencial atrativo de imigração – antes pelo contrário, está a crescer a emigração”, explica.

(reportagem de Clara Barata para o jornal Público: Lisboa, 07/03/2010) – com adaptações.

A matéria diz que, ao longo de todo o século XX, observou-se uma tendência de “aumento da longevidade”, expressão que, a rigor, poderia ser considerada redundante, já que “longevidade” significa

 

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2404637 Ano: 2010
Disciplina: Comunicação Social
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
Comunicador e receptor sempre se situam em conjuntos de vivências sociais e culturais adquiridas na vida cotidiana. Esse conceito de Wilber Schramm é chamado de
 

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2404634 Ano: 2010
Disciplina: Português
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
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Texto II
Machado de Assis e a política
(Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça)

Pedro II ao partir, sob condições injustas de desprestígio, deixava uma governação de cinqüenta anos de respeito à cultura e de uma certa magnanimidade, mas de pouca atenção ao Nordeste do País. Seu tempo não aponta apenas a maldade da estatística ao revelar que ficara no Brasil uma nobreza de sete marqueses e uma marquesa viúva. Dez condes e dez condessas viúvas. Vinte viscondes e dezoito viscondessas viúvas. Vinte e sete barões e onze baronesas viúvas. Era viúva demais...

Tornou-se consensual que Machado de Assis não se apaixona pela política. Inegavelmente nunca a ignorou como cronista ou romancista. Por isso mesmo, participou também da acesa discussão sobre a transferência da capital do País.

Falava-se em instalar o Governo da República em cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, mas Cruls já batia pernas pelo Planalto Central, cuidando dos instantes seminais do que mais tarde viria a ser Brasília. E Machado opinava:

"Não há dúvida que uma capital é obra dos tempos, filha da História. As novas devemos esperar que serão habitadas logo que sejam habitáveis. O resto virá com os anos".

E ainda:

"A Capital da República, uma vez estabelecida, receberá um nome deveras, em vez deste que ora temos, mero qualificativo. Não sei se viverei até a inauguração. A vida é tão curta e a morte tão incerta, que a inauguração pode fazer-se sem mim, e tão certo é o esquecimento que não darão pela minha falta".

Foi mesmo assim, só que seu nome nunca restou esquecido em Brasília. O Senado da República e os meios acadêmicos nunca o permitiram.

Não se deixam de anotar muitas amostragens do interesse de Machado pela política, não na militância das ruas, mas na consideração do seu papel catalisador.

Brito Broca chama a atenção para o fato de Brás Cubas ter sido deputado. E diz:

"Se temos, pois, em Brás Cubas, uma sublimação do secreto ideal político de Machado de Assis, teremos no sentido satírico desse episódio o reverso do mesmo ideal. No discurso do herói, Machado, segundo o seu método de compensação psicológica, destrói a possível inveja que lhe causariam aqueles que subiam, um dia, os degraus da tribuna parlamentar. O Brás Cubas da barretina reflete toda a descrença e toda a malícia de um Machado de Assis deputado".

O desfile de perfis políticos está mesmo nas crônicas de A Semana, entre elas o texto clássico "O Velho Senado", mas há nos romances políticos como Lobo Neves, supersticioso e fátuo; Camacho, cabo eleitoral típico; Teófilo, ansioso por se tornar ministro; Brotero, o das aventuras amorosas e não podemos esquecer o brasileiro Tristão, a naturalizar-se português para se eleger deputado por lá. Também o deputado Clodovil a viajar pela Europa.

O entorno de amigos de Machado estava farto de políticos: Alencar, Francisco Otaviano, Bocaiúva, Joaquim Serra e o maior deles: Joaquim Nabuco.

Quero testemunhar algo muito em particular. Sou, como ele de certa forma o foi, membro de uma Corte de Contas, já centenária, o que no Brasil conta muito. Machado de Assis foi por 41 anos modelar funcionário público e apetecia a ele tarefas que hoje são nomeadas como de Controle Interno.

Exerceu, entre outras tantas bem diversificadas, funções dessa natureza no Ministério de Obras Públicas. Não era esse o nome. Mas vá lá que seja para simplificar. É bom ver em papéis antigos o servidor público Machado de Assis desempenhar-se metodicamente do controle de contas dos que adquiriram lápis grafite, réguas de ébano, pó da Pérsia, cânfora, papel para embrulho, envelope para cartas.

Na obra machadiana, o funcionário público sempre comparece sob a sua mordacidade, como mediocrão, relapso, incompetente, preguiçoso, exatamente o contrário do que ele foi. Rascunhava despachos antes de pô-los no papel, impugnava contas inadequadas, conteve gastos sem previsão orçamentária.

Não se poupou de caturrices, como conta Josué Montello:

Quando o Império enfardelou os trapos e a República chegou, é aconselhado a retirar da parede da repartição onde trabalhava o retrato do Imperador. Machado, solenemente esclarece:

"O retrato chegou aqui com uma portaria e só sai com outra portaria".

Em certa crônica na Gazeta de Notícias, numa fase de altas turbulências, apelou à esperança dizendo: "Supunha o mundo perdido em meio de tantas guerras e calamidades, quando respirei aliviado: encerravam-se em Londres, com grande brilho, as festas de Shakespeare".

Pois bem, também brilharam no mês passado, as festas da "Semana Machado de Assis", na mesma Londres, abrindo as comemorações do seu centenário.

(Diário de Pernambuco (PE) 17/7/2007. Disponível em: http://www.academia.org.br/ )

Com base na leitura do texto II, resolva a questão.

A opção em que o vocábulo “A” ou “AS” apresenta valor anafórico é

 

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2404544 Ano: 2010
Disciplina: TI - Desenvolvimento de Sistemas
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
Em relação à arquitetura de camadas da Internet, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta:
I. A arquitetura de camadas da Internet consiste completamente nas camadas física, de enlace, de rede e de transporte.
II. Um protocolo de transporte da Internet é o TCP.
III. A camada de rede é responsável pelo roteamento dos datagramas de uma máquina para outra.
 

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2404498 Ano: 2010
Disciplina: Português
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
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TEXTO I

O carrasco
(Luis Fernando Veríssimo)

Pequena história, significando não sei bem o quê. Dizem que, quando recebeu o Robespierre caído em desgraça para medi-lo para a guilhotina, o carrasco se surpreendeu.

- O senhor aqui?!

- Veja você - disse Robespierre. - Não faz muito, eu é que estava mandando gente para você executar. Agora o condenado sou eu.

Mas isso é a política, um dia você manda, outro dia você é mandado. Inclusive para a guilhotina...

Ao que o carrasco disse:

- Felizmente, estou livre disso. Só eu sei manejar a guilhotina. Tenho o cargo mais estável da República.

- Aliás - disse Robespierre - fui eu que lhe contratei, lembra?

- Claro - disse o Carrasco - como poderia esquecer?

- Então me ajude a fugir - sugeriu Robespierre.

E o Carrasco sorriu e disse:

- Lembra por que o senhor me contratou? Porque eu era o servidor público perfeito. Eficiente, cumpridor de ordens e incorruptível.

Abra a camisa, por favor.

(Zero hora, 16 de dezembro de 2007 | N° 15450)

Com base na leitura do texto I, resolva a questão.

Indique o fenômeno léxico-semântico presente no fragmento “Mas isso é a política, um dia você manda, outro dia você é mandado. Inclusive para a guilhotina...”:

 

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2404478 Ano: 2010
Disciplina: Matemática Financeira
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
Um indivíduo comprou um bem no valor de R$50.000,00, pagando R$10.000,00 de entrada e financiando o saldo restante em 12 prestações mensais iguais. Considerando que a taxa de juros é de 1% ao mês, calcule o valor da décima prestação. (Dado: (1,01)^12=1,13, onde o símbolo ^ indica potência)
 

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2404452 Ano: 2010
Disciplina: Gerência de Projetos
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
Identifique a alternativa que apresenta um dos grupos de processos de gerenciamento de projetos.
 

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2404436 Ano: 2010
Disciplina: TI - Desenvolvimento de Sistemas
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
Na estrutura do processo iterativo e incremental de desenvolvimento de software, a dimensão temporal está estruturada segundo as seguintes fases:
 

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2404421 Ano: 2010
Disciplina: Português
Banca: FUNRIO
Orgão: MPO
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Texto II
Machado de Assis e a política
(Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça)

Pedro II ao partir, sob condições injustas de desprestígio, deixava uma governação de cinqüenta anos de respeito à cultura e de uma certa magnanimidade, mas de pouca atenção ao Nordeste do País. Seu tempo não aponta apenas a maldade da estatística ao revelar que ficara no Brasil uma nobreza de sete marqueses e uma marquesa viúva. Dez condes e dez condessas viúvas. Vinte viscondes e dezoito viscondessas viúvas. Vinte e sete barões e onze baronesas viúvas. Era viúva demais...

Tornou-se consensual que Machado de Assis não se apaixona pela política. Inegavelmente nunca a ignorou como cronista ou romancista. Por isso mesmo, participou também da acesa discussão sobre a transferência da capital do País.

Falava-se em instalar o Governo da República em cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, mas Cruls já batia pernas pelo Planalto Central, cuidando dos instantes seminais do que mais tarde viria a ser Brasília. E Machado opinava:

"Não há dúvida que uma capital é obra dos tempos, filha da História. As novas devemos esperar que serão habitadas logo que sejam habitáveis. O resto virá com os anos".

E ainda:

"A Capital da República, uma vez estabelecida, receberá um nome deveras, em vez deste que ora temos, mero qualificativo. Não sei se viverei até a inauguração. A vida é tão curta e a morte tão incerta, que a inauguração pode fazer-se sem mim, e tão certo é o esquecimento que não darão pela minha falta".

Foi mesmo assim, só que seu nome nunca restou esquecido em Brasília. O Senado da República e os meios acadêmicos nunca o permitiram.

Não se deixam de anotar muitas amostragens do interesse de Machado pela política, não na militância das ruas, mas na consideração do seu papel catalisador.

Brito Broca chama a atenção para o fato de Brás Cubas ter sido deputado. E diz:

"Se temos, pois, em Brás Cubas, uma sublimação do secreto ideal político de Machado de Assis, teremos no sentido satírico desse episódio o reverso do mesmo ideal. No discurso do herói, Machado, segundo o seu método de compensação psicológica, destrói a possível inveja que lhe causariam aqueles que subiam, um dia, os degraus da tribuna parlamentar. O Brás Cubas da barretina reflete toda a descrença e toda a malícia de um Machado de Assis deputado".

O desfile de perfis políticos está mesmo nas crônicas de A Semana, entre elas o texto clássico "O Velho Senado", mas há nos romances políticos como Lobo Neves, supersticioso e fátuo; Camacho, cabo eleitoral típico; Teófilo, ansioso por se tornar ministro; Brotero, o das aventuras amorosas e não podemos esquecer o brasileiro Tristão, a naturalizar-se português para se eleger deputado por lá. Também o deputado Clodovil a viajar pela Europa.

O entorno de amigos de Machado estava farto de políticos: Alencar, Francisco Otaviano, Bocaiúva, Joaquim Serra e o maior deles: Joaquim Nabuco.

Quero testemunhar algo muito em particular. Sou, como ele de certa forma o foi, membro de uma Corte de Contas, já centenária, o que no Brasil conta muito. Machado de Assis foi por 41 anos modelar funcionário público e apetecia a ele tarefas que hoje são nomeadas como de Controle Interno.

Exerceu, entre outras tantas bem diversificadas, funções dessa natureza no Ministério de Obras Públicas. Não era esse o nome. Mas vá lá que seja para simplificar. É bom ver em papéis antigos o servidor público Machado de Assis desempenhar-se metodicamente do controle de contas dos que adquiriram lápis grafite, réguas de ébano, pó da Pérsia, cânfora, papel para embrulho, envelope para cartas.

Na obra machadiana, o funcionário público sempre comparece sob a sua mordacidade, como mediocrão, relapso, incompetente, preguiçoso, exatamente o contrário do que ele foi. Rascunhava despachos antes de pô-los no papel, impugnava contas inadequadas, conteve gastos sem previsão orçamentária.

Não se poupou de caturrices, como conta Josué Montello:

Quando o Império enfardelou os trapos e a República chegou, é aconselhado a retirar da parede da repartição onde trabalhava o retrato do Imperador. Machado, solenemente esclarece:

"O retrato chegou aqui com uma portaria e só sai com outra portaria".

Em certa crônica na Gazeta de Notícias, numa fase de altas turbulências, apelou à esperança dizendo: "Supunha o mundo perdido em meio de tantas guerras e calamidades, quando respirei aliviado: encerravam-se em Londres, com grande brilho, as festas de Shakespeare".

Pois bem, também brilharam no mês passado, as festas da "Semana Machado de Assis", na mesma Londres, abrindo as comemorações do seu centenário.

(Diário de Pernambuco (PE) 17/7/2007. Disponível em: http://www.academia.org.br/ )

Com base na leitura do texto II, resolva a questão.

“A vida é tão curta, e morte tão incerta, QUE a inauguração pode fazer-se sem mim...”

O conectivo em destaque no fragmento acima apresenta valor semântico de

 

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