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2497108 Ano: 2014
Disciplina: Português
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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MÚSICA NO TÁXI

Carlos Drummond de Andrade

Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino (manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.

Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.

Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor.(a)

Cumpre agradecer a fineza:

– Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação(b) em agradar aos passageiros, oferecendo-lhes música e não barulho e crimes.

– Não tem de quê. O senhor também aprecia?

– O quê?

– Strauss. É um dos meus prediletos.

– Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.

– Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.

– E já lhe aconteceu desligar?

– Ih, tantas vezes. Fico observando a fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Ele disse que precisava se concentrar por causa de um negócio importante e Tchaicovski perturbava a concentração.

– Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.

– Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.

– Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.(c)

– Como é que o senhor viu?

– Porque uma pessoa que gosta tanto de música,(d) em geral toca. Seu instrumento qual é? Virou-se com tristeza na voz:

– Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este ano...

– Melhoram. As coisas têm de melhorar – achei do meu dever confortá-lo.

– Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.

– Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.

– Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente. Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.

– O importante é gostar de música, ter amor e devoção por música, e está se vendo que o senhor tem de sobra.

– Lá isso tá certo.

– Não importa que o senhor não seja solista(e) de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra comum. Ninguém precisa ser grande em nada, uma vez que cultive alguma coisa bonita na vida.

Seu rosto iluminou-se.

– Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas um sonho esquisito, sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor desculpe. Agora a sua palavra deixou tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é preciso que gostem de mim, nem que ela goste de mim. Obrigado ao senhor.

Olhei o taxímetro, tirei a carteira.

– Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

(Boca de Luar, 6 ed. pág. 69-71, Editora Record, Rio, 1987)

Assinale a alternativa em que a palavra “que” está sendo utilizado como pronome relativo, iniciando uma oração subordinada adjetiva explicativa:

 

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2497004 Ano: 2014
Disciplina: Português
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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MÚSICA NO TÁXI

Carlos Drummond de Andrade

Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino (manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.

Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.

Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor.

Cumpre agradecer a fineza:

– Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação em agradar aos passageiros, oferecendo-lhes música e não barulho e crimes.

– Não tem de quê. O senhor também aprecia?

– O quê?

– Strauss. É um dos meus prediletos.

– Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.

– Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.

– E já lhe aconteceu desligar?

– Ih, tantas vezes. Fico observando a fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Ele disse que precisava se concentrar por causa de um negócio importante e Tchaicovski perturbava a concentração.

– Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.

– Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.

– Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.

– Como é que o senhor viu?

– Porque uma pessoa que gosta tanto de música, em geral toca. Seu instrumento qual é? Virou-se com tristeza na voz:

– Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este ano...

– Melhoram. As coisas têm de melhorar – achei do meu dever confortá-lo.

– Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.

– Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.

– Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente. Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.

– O importante é gostar de música, ter amor e devoção por música, e está se vendo que o senhor tem de sobra.

– Lá isso tá certo.

– Não importa que o senhor não seja solista de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra comum. Ninguém precisa ser grande em nada, uma vez que cultive alguma coisa bonita na vida.

Seu rosto iluminou-se.

– Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas um sonho esquisito, sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor desculpe. Agora a sua palavra deixou tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é preciso que gostem de mim, nem que ela goste de mim. Obrigado ao senhor.

Olhei o taxímetro, tirei a carteira.

– Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

(Boca de Luar, 6 ed. pág. 69-71, Editora Record, Rio, 1987)

Assinale a alternativa em que o verbo está empregado no mesmo tempo e modo que o grifado em “Eu nem devia cobrar do senhor”:

 

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2496534 Ano: 2014
Disciplina: Biologia
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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No ecossistema se verifica relações complexas entre os componentes bióticos e abióticos.

Sobre as características de ecossistema marque V para verdadeiro e F para falso:

( ) A fonte externa de energia é a luz, captada pelos vegetais, que, através da fotossíntese, transforma em um tipo de energia que será repassada aos demais seres vivos.

( ) Os elementos inter-relacionados que permitem o fluxo de energia são os seres vivos que formam a comunidade, e nos ecossistemas, ao contrário do que ocorre em sistemas físicos, há também um fluxo de matéria, pois os seres vivos se alimentam um dos outros e há passagem de matéria de um a outro.

( ) Um ecossistema possui pouca capacidade de auto-regulação, mas consegue neutralizar os grandes impactos ambientais provocados pelo homem.

Assinale alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo:

 

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2496100 Ano: 2014
Disciplina: Biologia
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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A micorriza é uma interação entre os seres vivos de uma comunidade, essa associação é representada por /e denominada .

 

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2495383 Ano: 2014
Disciplina: Português
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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MÚSICA NO TÁXI

Carlos Drummond de Andrade

Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino (manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.

Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.

Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor.

Cumpre agradecer a fineza:

– Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação em agradar aos passageiros, oferecendo-lhes música e não barulho e crimes.

– Não tem de quê. O senhor também aprecia?

– O quê?

– Strauss. É um dos meus prediletos.

– Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.

– Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.

– E já lhe aconteceu desligar?

– Ih, tantas vezes. Fico observando a fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Ele disse que precisava se concentrar por causa de um negócio importante e Tchaicovski perturbava a concentração.

– Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.

– Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.

– Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.

– Como é que o senhor viu?

– Porque uma pessoa que gosta tanto de música, em geral toca. Seu instrumento qual é? Virou-se com tristeza na voz:

– Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este ano...

– Melhoram. As coisas têm de melhorar – achei do meu dever confortá-lo.

– Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.

– Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.

– Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente. Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.

– O importante é gostar de música, ter amor e devoção por música, e está se vendo que o senhor tem de sobra.

– Lá isso tá certo.

– Não importa que o senhor não seja solista de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra comum. Ninguém precisa ser grande em nada, uma vez que cultive alguma coisa bonita na vida.

Seu rosto iluminou-se.

– Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas um sonho esquisito, sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor desculpe. Agora a sua palavra deixou tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é preciso que gostem de mim, nem que ela goste de mim. Obrigado ao senhor.

Olhei o taxímetro, tirei a carteira.

– Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

(Boca de Luar, 6 ed. pág. 69-71, Editora Record, Rio, 1987)

Assinale a alternativa em que está expressa a frase que mais tocou o motorista e que põe fim à mensagem do texto:

 

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2495309 Ano: 2014
Disciplina: Biologia
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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Nos animais, o movimento é primariamente devido à proteínas contrácteis intracelulares dispostas em filamentos denominados:

 

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2494611 Ano: 2014
Disciplina: Biologia
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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A história dos animais e plantas na Terra é interpretada como um processo de evolução orgânica cujo resultado foi:

 

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2494553 Ano: 2014
Disciplina: Matemática
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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Laerte possui ração em estoque para tratar de seus 14 cachorros por 70 dias. Passados 15 dias uma doença matou 4 dos seus cachorros.

A partir desta data, a ração que Laerte possui em estoque será suficiente para tratar dos cachorros que restaram por:

 

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2494411 Ano: 2014
Disciplina: Biologia
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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O Sol e o Sistema Solar surgiram a partir de:

 

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2494267 Ano: 2014
Disciplina: Português
Banca: FAUEL
Orgão: IF-PR
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MÚSICA NO TÁXI

Carlos Drummond de Andrade

Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino (manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.

Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.

Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor.

Cumpre agradecer a fineza:

– Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação em agradar aos passageiros, oferecendo-lhes música e não barulho e crimes.

– Não tem de quê. O senhor também aprecia?

– O quê?

– Strauss. É um dos meus prediletos.

– Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.

– Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.

– E já lhe aconteceu desligar?

– Ih, tantas vezes. Fico observando a fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Ele disse que precisava se concentrar por causa de um negócio importante e Tchaicovski perturbava a concentração.

– Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.

– Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.

– Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.

– Como é que o senhor viu?

– Porque uma pessoa que gosta tanto de música, em geral toca. Seu instrumento qual é? Virou-se com tristeza na voz:

– Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este ano...

– Melhoram. As coisas têm de melhorar – achei do meu dever confortá-lo.

– Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.

– Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.

– Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente. Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.

– O importante é gostar de música, ter amor e devoção por música, e está se vendo que o senhor tem de sobra.

– Lá isso tá certo.

– Não importa que o senhor não seja solista de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra comum. Ninguém precisa ser grande em nada, uma vez que cultive alguma coisa bonita na vida.

Seu rosto iluminou-se.

– Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas um sonho esquisito, sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor desculpe. Agora a sua palavra deixou tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é preciso que gostem de mim, nem que ela goste de mim. Obrigado ao senhor.

Olhei o taxímetro, tirei a carteira.

– Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

(Boca de Luar, 6 ed. pág. 69-71, Editora Record, Rio, 1987)

Assinale a alternativa em que a função sintática das palavras em destaque está incorreta:

 

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