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Na figura, os segmentos !$ \overline{AB}, \overline{BC}, \overline{CD}, \overline{DE} !$ são respectivamente paralelos aos segmentos !$ \overline{MN}, \overline{NQ}, \overline{QO}, \overline{OP} !$, o ângulo !$ P \hat{O} Q = 35^{ \circ} !$ e !$ A\hat{B}C=40^\circ !$. O valor do ângulo !$ B \hat{C}D !$ é:
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Por um Pé de Feijão (trecho)
Antônio Torres
Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom. Pode até haver anos melhores, mas jam~is será a mesma coisa. Parecia que a terra (a nossa terra, feinha, cheia de altos e baixos, esconsos, areia, pedregulho e massapê) estava explodindo em beleza. E nós todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos o dia trabalhando e cantando e logo depois do pôr-do-sol desmaiávamos em qualquer canto e adormecíamos, contentes da vida.
Até me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo. Agora dava gosto trabalhar. ( ... ) Os pés de feijão explodiam as vagens do nosso sustento, num abrir e fechar de olhos. Toda a plantação parecia nos compreender, parecia compartilhar de um destino comum, uma festa comum, feito gente. O mundo era verde. Que mais podíamos desejar?
E assim foi até a hora de arrancar o feijão e empilhá-lo numa seva tão grande que nós, os meninos, pensávamos que ia tocar nas nuvens. Nossos braços seriam bastantes para bater todo aquele feijão? Papai disse que só íamos ter trabalho daí a uma semana e aí é que ia ser o grande pagode. Era quando a gente ia bater o feijão e iria medi-lo, para saber o resultado exato de toda aquela bonança. Não faltou quem fizesse suas apostas: uns diziam que ia dar trinta sacos, outros achavam que era cinquenta, outros falavam em oitenta.
No dia seguinte voltei para a escola. Pelo caminho também fazia os meus cálculos. Para mim, todos estavam enganados. Ia ser cem sacos. Daí para mais. Era só o que eu pensava, enquanto explicava à professora por que havia faltado tanto tempo. Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe disse que foi assim que ganhei um ano. E quando deu meio-dia e a professora disse que podíamos ir, saí correndo. Corri até ficar com as tripas saindo pela boca, a língua parecendo que ia se arrastar pelo chão. Para quem vem da rua, há uma ladeira muito comprida e só no fim começa a cerca que separa o nosso pasto da estrada.E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu vi a maior desgraça do mundo: o feijão havia desaparecido. Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta, subindo do chão para o céu, como um arroto de Satanás na cara de Deus. Dentro da fumaça, uma língua de fogo devorava todo o nosso feijão.
Durante uma eternidade, só se falou nisso: que Deus põe e o diabo dispõe. E eu vi os olhos da minha mãe ficarem muito esquisitos, vi minha mãe arrancando os cabelos com a mesma força com que antes havia arrancado os pés de feijão: - Quem será que foi o desgraçado que fez uma coisa dessas? Que infeliz pode ter sido?
( ... ) À tardinha os meninos saíram para o terreiro e ficaram por ali mesmo, jogados, como uns pintos molhados. Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso nos atormentava um bocado. Fui o primeiro a ter coragem de ir até lá. Como a gente podia ver lá de cima, da porta da casa, não havia sobrado nada. Um vento leve soprava as cinzas e era tudo. Quando voltei, papai estava falando.
- Ainda temos um feijãozinho-de-corda no quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o milho para quebrar, despalhar, bater e encher o paiol, não temos? Como se diz, Deus tira os anéis, mas deixa os dedos.
E disse mais: - Agora não se pensa mais nisso, não se fala mais nisso. Acabou. Então eu pensei: O velho está certo.
Eu já sabia que quando as chuvas voltassem, lá estaria ele, plantando um novo pé de feijão.
Meninos, Eu Conto (Rio de Janeiro: Editora Record, 1999)
Qual a alternativa que identifica corretamente o número de letras e de fonemas da palavra transcrita?
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- 30 tripulantes leram "vida marinha"
- 8 tripulantes leram as duas revistas
- 14 tripulantes não leram nenhuma dessas revistas
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Por um Pé de Feijão (trecho)
Antônio Torres
Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom. Pode até haver anos melhores, mas jamais será a mesma coisa. Parecia que a terra (a nossa terra, feinha, cheia de altos e baixos, esconsos, areia, pedregulho e massapê) estava explodindo em beleza. E nós todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos o dia trabalhando e cantando e logo depois do pôr-do-sol desmaiávamos em qualquer canto e adormecíamos, contentes da vida.
Até me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo. Agora dava gosto trabalhar. ( ... ) Os pés de feijão explodiam as vagens do nosso sustento, num abrir e fechar de olhos. Toda a plantação parecia nos compreender, parecia compartilhar de um destino comum, uma festa comum, feito gente. O mundo era verde. Que mais podíamos desejar?
E assim foi até a hora de arrancar o feijão e empilhá-lo numa seva tão grande que nós, os meninos, pensávamos que ia tocar nas nuvens. Nossos braços seriam bastantes para bater todo aquele feijão? Papai disse que só íamos ter trabalho daí a uma semana e aí é que ia ser o grande pagode. Era quando a gente ia bater o feijão e iria medi-lo, para saber o resultado exato de toda aquela bonança. Não faltou quem fizesse suas apostas: uns diziam que ia dar trinta sacos, outros achavam que era cinquenta, outros falavam em oitenta.
No dia seguinte voltei para a escola. Pelo caminho também fazia os meus cálculos. Para mim, todos estavam enganados. Ia ser cem sacos. Daí para mais. Era só o que eu pensava, enquanto explicava à professora por que havia faltado tanto tempo. Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe disse que foi assim que ganhei um ano. E quando deu meio-dia e a professora disse que podíamos ir, saí correndo. Corri até ficar com as tripas saindo pela boca, a língua parecendo que ia se arrastar pelo chão. Para quem vem da rua, há uma ladeira muito comprida e só no fim começa a cerca que separa o nosso pasto da estrada.E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu vi a maior desgraça do mundo: o feijão havia desaparecido. Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta, subindo do chão para o céu, como um arroto de Satanás na cara de Deus. Dentro da fumaça, uma língua de fogo devorava todo o nosso feijão.
Durante uma eternidade, só se falou nisso: que Deus põe e o diabo dispõe. E eu vi os olhos da minha mãe ficarem muito esquisitos, vi minha mãe arrancando os cabelos com a mesma força com que antes havia arrancado os pés de feijão: - Quem será que foi o desgraçado que fez uma coisa dessas? Que infeliz pode ter sido?
( ... ) À tardinha os meninos saíram para o terreiro e ficaram por ali mesmo, jogados, como uns pintos molhados. Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso nos atormentava um bocado. Fui o primeiro a ter coragem de ir até lá. Como a gente podia ver lá de cima, da porta da casa, não havia sobrado nada. Um vento leve soprava as cinzas e era tudo. Quando voltei, papai estava falando.
- Ainda temos um feijãozinho-de-corda no quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o milho para quebrar, despalhar, bater e encher o paiol, não temos? Como se diz, Deus tira os anéis, mas deixa os dedos.
E disse mais: - Agora não se pensa mais nisso, não se fala mais nisso. Acabou. Então eu pensei: O velho está certo.
Eu já sabia que quando as chuvas voltassem, lá estaria ele, plantando um novo pé de feijão.
Meninos, Eu Conto (Rio de Janeiro: Editora Record, 1999)
A partir da comparação dos provérbios "O que Deus põe o diabo dispõe" e "Deus tira os anéis, mas deixa os dedos" (linha 62), é possível concluir que, para os personagens, a referência a Deus é motivo de:
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Ganhar e perder no futebol
Tostão
Parte dos leitores lerá essa crônica após a partida contra a Turquia. Se o Brasil ganhar este e o jogo final -o que é provável-, a vitória não anulará os erros cometidos pelo técnico e pelos jogadores antes e durante a Copa. Se o Brasil perder, a derrota também não apagará as virtudes do técnico e dos jogadores nem vai diminuir a seriedade com que trabalharam durante esse tempo.
Não se pode achar que tudo estava certo só por causa da vitória. Nem que tudo está errado por causa da derrota. Imagine!
Conheci, ontem, em Saitama, o museu John Lennon. Dizem que Lennon adorava esse lugar. Os Beatles embalaram os meus sonhos juvenis de liberdade e igualdade. Imagine como seria hoje com a comunicação instantânea.
O museu não tem nada espetacular, mas é interessante. Senti-me como nos anos 60. Queria uma pequena réplica do John Lennon, mas não encontrei. Ela ficaria na estante, ao lado de outros ídolos, como Freud, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Chico Buarque, Charles Chaplin e outros.
Há uns dez anos, levei meu filho adolescente a uma loja de discos. Depois de escutar várias músicas de rock e outras de sucesso da época, ele ouviu algo diferente. Sem conhecer o nome da banda, disse: "Gostei desse". Era dos Beatles.
A música Imagine, de John Lennon, se tornou um hino de todas as gerações. A melodia é maravilhosa, e a letra retrata o sonho de se viver algo que ultrapasse a rotineira existência humana.
Imagine se no futebol não houvesse violência dentro e fora do campo; que as torcidas festejassem, gritassem e no final dessem as mãos e cantassem os hinos de seus clubes.
Imagine se houvesse, no futebol, um número maior de craques como os dois Ronaldos, Rivaldo, Zidane e de belíssimos gols, como o primeiro do Brasil contra a Inglaterra.
Imagine se o futebol em todo o mundo fosse administrado por profissionais sérios, competentes, bem remunerados, que colocassem o esporte acima dos interesses pessoais, políticos e financeiros. Imagine se os técnicos se preocupassem com a qualidade e beleza do espetáculo, como se preocupam com o resultado final.
Imagine o futebol sem tantos erros dos árbitros, como os que determinaram a vitória da Coréia contra a Espanha. "Sei que sou um sonhador, mas não sou o único."
Folha de São Paulo - 26 de junho de 2002
"Imagine se no futebol não houvesse violência dentro e fora do campo"
"Imagine se houvesse, no futebol, um número maior de craques"
Nos dois períodos, períodos, ao passar o termo NO FUTEBOL para depois do verbo, o autor colocou-o entre vírgulas. Pode-se dizer que ele fez isso por razões:
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