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2473427 Ano: 2013
Disciplina: Física
Banca: UECE
Orgão: UECE
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Três amostras de um gás ideal, com massas iguais e volumes V1, V2 e V3, têm suas temperaturas aumentadas conforme o gráfico a seguir.

Enunciado 3542288-1

Assim, a relação entre os volumes é

 

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2461430 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto I desta prova é um excerto da parte 2, capítulo III, da obra Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, de Vianna Moog — gaúcho de São Leopoldo (*1906 — †1988). Nesse capítulo, Moog faz um estudo comparativo entre a colonização dos EUA e a do Brasil, um paralelo entre as fundações da América inglesa e da América portuguesa.

Há desde logo uma fundamental diferença de motivos no povoamento dos dois países: um sentido inicialmente espiritual, orgânico e construtivo na formação norte-americana, e um sentido predatório, extrativista e quase só secundariamente religioso na formação brasileira.

Os primeiros povoadores das colônias inglesas da América, principalmente os puritanos do Mayflower, não vieram para o Novo Mundo só ou predominantemente em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil. Vieram, isto sim, acossados pela perseguição na pátria de origem, em busca de terra onde pudessem cultuar seu Deus, ler e interpretar a sua Bíblia, trabalhar, ajudarem-se uns aos outros e celebrar o ritual do seu culto, à sua maneira. Ao embarcarem, trazendo consigo todos os haveres, mulheres e filhos, deram as costas à Europa, para fundar deste lado do Atlântico, uma nova pátria, a pátria teocrática dos calvinistas. Não pensavam no regresso; para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas. Eram colonizadores, não conquistadores. Houve depois, é certo, os que desgarraram para o Oeste, à procura de minas de ouro e fortuna fácil, mas, quando isso aconteceu, o sentido, o ritmo da história norte-americana já estava estabelecido e definitivamente estabelecido, construtivo, moral, orgânico.

No Brasil, infelizmente, ocorreu em quase tudo precisamente o contrário. Os portugueses que vieram ter primeiro às terras de Santa Cruz eram todos fiéis vassalos de El-Rei de Portugal. Se, por um lado, desejavam ampliar os domínios da cristandade, “a Fé e o Império”, traziam já os olhos demasiadamente dilatados pela cobiça. Eram inicialmente conquistadores, não colonizadores, como seriam mais tarde bandeirantes e não pioneiros. Como El-Rei, como toda a Corte, após a descoberta do caminho das Índias, queriam despojos e riquezas. E ninguém embarcava com o pensamento de não mais voltar à pátria lusitana. E ninguém trazia o propósito de enriquecer pela constância no trabalho. Deixavam atrás a pátria, os amigos, a família, as ocupações normais, na esperança do Eldourado.

Vianna Moog. Bandeirantes e pioneiros: Paralelo entre duas culturas. Capítulo III: Conquista e colonização. p. 103-104. Texto adaptado.

Assinale a opção que aponta, de acordo com o excerto transcrito, o fator que, para o enunciador, é responsável por muitas das diferenças entre os EUA e o Brasil.

 

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2461429 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto I desta prova é um excerto da parte 2, capítulo III, da obra Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, de Vianna Moog — gaúcho de São Leopoldo (*1906 — †1988). Nesse capítulo, Moog faz um estudo comparativo entre a colonização dos EUA e a do Brasil, um paralelo entre as fundações da América inglesa e da América portuguesa.

Há desde logo uma fundamental diferença de motivos no povoamento dos dois países: um sentido inicialmente espiritual, orgânico e construtivo na formação norte-americana, e um sentido predatório, extrativista e quase só secundariamente religioso na formação brasileira.

Os primeiros povoadores das colônias inglesas da América, principalmente os puritanos do Mayflower, não vieram para o Novo Mundo só ou predominantemente em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil. Vieram, isto sim, acossados pela perseguição na pátria de origem, em busca de terra onde pudessem cultuar seu Deus, ler e interpretar a sua Bíblia, trabalhar, ajudarem-se uns aos outros e celebrar o ritual do seu culto, à sua maneira. Ao embarcarem, trazendo consigo todos os haveres, mulheres e filhos, deram as costas à Europa, para fundar deste lado do Atlântico, uma nova pátria, a pátria teocrática dos calvinistas. Não pensavam no regresso; para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas. Eram colonizadores, não conquistadores. Houve depois, é certo, os que desgarraram para o Oeste, à procura de minas de ouro e fortuna fácil, mas, quando isso aconteceu, o sentido, o ritmo da história norte-americana já estava estabelecido e definitivamente estabelecido, construtivo, moral, orgânico.

No Brasil, infelizmente, ocorreu em quase tudo precisamente o contrário. Os portugueses que vieram ter primeiro às terras de Santa Cruz eram todos fiéis vassalos de El-Rei de Portugal. Se, por um lado, desejavam ampliar os domínios da cristandade, “a Fé e o Império”, traziam já os olhos demasiadamente dilatados pela cobiça. Eram inicialmente conquistadores, não colonizadores, como seriam mais tarde bandeirantes e não pioneiros. Como El-Rei, como toda a Corte, após a descoberta do caminho das Índias, queriam despojos e riquezas. E ninguém embarcava com o pensamento de não mais voltar à pátria lusitana. E ninguém trazia o propósito de enriquecer pela constância no trabalho. Deixavam atrás a pátria, os amigos, a família, as ocupações normais, na esperança do Eldourado.

Vianna Moog. Bandeirantes e pioneiros: Paralelo entre duas culturas. Capítulo III: Conquista e colonização. p. 103-104. Texto adaptado.

Considerando o ponto de vista do enunciador, escreva V se a afirmação for verdadeira e F, se for falsa. As afirmações podem estar explícitas, no texto, ou resultar de inferências.

( ) Os povoadores dos EUA tinham o propósito de ficar na nova terra, enquanto os do Brasil tinham o objetivo de enriquecer e voltar para Portugal.

( ) Os propósitos iniciais dos dois povos tiveram consequências decisivas na construção das duas nações.

( ) Os colonizadores estão para os conquistadores assim como os pioneiros estão para os bandeirantes.

( ) Era próprio dos conquistadores o espírito construtivo, enquanto o espírito predatório era próprio dos colonizadores.

( ) Os valores próprios do Calvinismo foram decisivos para o tipo de desenvolvimento das colônias norte-americanas.

Está correta a seguinte sequência de cima para baixo:

 

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2461428 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto I desta prova é um excerto da parte 2, capítulo III, da obra Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, de Vianna Moog — gaúcho de São Leopoldo (*1906 — †1988). Nesse capítulo, Moog faz um estudo comparativo entre a colonização dos EUA e a do Brasil, um paralelo entre as fundações da América inglesa e da América portuguesa.

Há desde logo uma fundamental diferença de motivos no povoamento dos dois países: um sentido inicialmente espiritual, orgânico e construtivo na formação norte-americana, e um sentido predatório, extrativista e quase só secundariamente religioso na formação brasileira.

Os primeiros povoadores das colônias inglesas da América, principalmente os puritanos do Mayflower, não vieram para o Novo Mundo só ou predominantemente em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil. Vieram, isto sim, acossados pela perseguição na pátria de origem, em busca de terra onde pudessem cultuar seu Deus, ler e interpretar a sua Bíblia, trabalhar, ajudarem-se uns aos outros e celebrar o ritual do seu culto, à sua maneira. Ao embarcarem, trazendo consigo todos os haveres, mulheres e filhos, deram as costas à Europa, para fundar deste lado do Atlântico, uma nova pátria, a pátria teocrática dos calvinistas. Não pensavam no regresso; para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas. Eram colonizadores, não conquistadores. Houve depois, é certo, os que desgarraram para o Oeste, à procura de minas de ouro e fortuna fácil, mas, quando isso aconteceu, o sentido, o ritmo da história norte-americana já estava estabelecido e definitivamente estabelecido, construtivo, moral, orgânico.

No Brasil, infelizmente, ocorreu em quase tudo precisamente o contrário. Os portugueses que vieram ter primeiro às terras de Santa Cruz eram todos fiéis vassalos de El-Rei de Portugal. Se, por um lado, desejavam ampliar os domínios da cristandade, “a Fé e o Império”, traziam já os olhos demasiadamente dilatados pela cobiça. Eram inicialmente conquistadores, não colonizadores, como seriam mais tarde bandeirantes e não pioneiros. Como El-Rei, como toda a Corte, após a descoberta do caminho das Índias, queriam despojos e riquezas. E ninguém embarcava com o pensamento de não mais voltar à pátria lusitana. E ninguém trazia o propósito de enriquecer pela constância no trabalho. Deixavam atrás a pátria, os amigos, a família, as ocupações normais, na esperança do Eldourado.

Vianna Moog. Bandeirantes e pioneiros: Paralelo entre duas culturas. Capítulo III: Conquista e colonização. p. 103-104. Texto adaptado.

O vocábulo Mayflower significa “flor de maio”. Observe com atenção o contexto em que a palavra aparece e marque a alternativa que completa corretamente o seguinte enunciado: Com “Mayflower” se denominou

 

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2461427 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto I desta prova é um excerto da parte 2, capítulo III, da obra Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, de Vianna Moog — gaúcho de São Leopoldo (*1906 — †1988). Nesse capítulo, Moog faz um estudo comparativo entre a colonização dos EUA e a do Brasil, um paralelo entre as fundações da América inglesa e da América portuguesa.

Há desde logo uma fundamental diferença de motivos no povoamento dos dois países: um sentido inicialmente espiritual, orgânico e construtivo na formação norte-americana, e um sentido predatório, extrativista e quase só secundariamente religioso na formação brasileira.

Os primeiros povoadores das colônias inglesas da América, principalmente os puritanos do Mayflower, não vieram para o Novo Mundo só ou predominantemente em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil. Vieram, isto sim, acossados pela perseguição na pátria de origem, em busca de terra onde pudessem cultuar seu Deus, ler e interpretar a sua Bíblia, trabalhar, ajudarem-se uns aos outros e celebrar o ritual do seu culto, à sua maneira. Ao embarcarem, trazendo consigo todos os haveres, mulheres e filhos, deram as costas à Europa, para fundar deste lado do Atlântico, uma nova pátria, a pátria teocrática dos calvinistas. Não pensavam no regresso; para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas. Eram colonizadores, não conquistadores. Houve depois, é certo, os que desgarraram para o Oeste, à procura de minas de ouro e fortuna fácil, mas, quando isso aconteceu, o sentido, o ritmo da história norte-americana já estava estabelecido e definitivamente estabelecido, construtivo, moral, orgânico.

No Brasil, infelizmente, ocorreu em quase tudo precisamente o contrário. Os portugueses que vieram ter primeiro às terras de Santa Cruz eram todos fiéis vassalos de El-Rei de Portugal. Se, por um lado, desejavam ampliar os domínios da cristandade, “a Fé e o Império”, traziam já os olhos demasiadamente dilatados pela cobiça. Eram inicialmente conquistadores, não colonizadores, como seriam mais tarde bandeirantes e não pioneiros. Como El-Rei, como toda a Corte, após a descoberta do caminho das Índias, queriam despojos e riquezas. E ninguém embarcava com o pensamento de não mais voltar à pátria lusitana. E ninguém trazia o propósito de enriquecer pela constância no trabalho. Deixavam atrás a pátria, os amigos, a família, as ocupações normais, na esperança do Eldourado.

Vianna Moog. Bandeirantes e pioneiros: Paralelo entre duas culturas. Capítulo III: Conquista e colonização. p. 103-104. Texto adaptado.

Considere a seguinte passagem do texto: “em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil” e o que se diz dela.

I. O segundo “e” do excerto não tem justificativa gramatical, mas estilística.

II. Enquanto o primeiro “e” coordena a expressão ”de minas de ouro” com a expressão “de (minas) de prata”, o segundo “e” coordena a expressão “de minas de ouro e de (minas) de prata” com a expressão “de riqueza fácil”.

III. As três locuções adjetivas — “de minas de ouro”, “de (minas) de prata” e “de riqueza fácil” — completam o sentido do substantivo “busca”.

Está correto o que se diz apenas em

 

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2461426 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto I desta prova é um excerto da parte 2, capítulo III, da obra Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, de Vianna Moog — gaúcho de São Leopoldo (*1906 — †1988). Nesse capítulo, Moog faz um estudo comparativo entre a colonização dos EUA e a do Brasil, um paralelo entre as fundações da América inglesa e da América portuguesa.

Há desde logo uma fundamental diferença de motivos no povoamento dos dois países: um sentido inicialmente espiritual, orgânico e construtivo na formação norte-americana, e um sentido predatório, extrativista e quase só secundariamente religioso na formação brasileira.

Os primeiros povoadores das colônias inglesas da América, principalmente os puritanos do Mayflower, não vieram para o Novo Mundo só ou predominantemente em busca de minas de ouro e de prata e de riqueza fácil. Vieram, isto sim, acossados pela perseguição na pátria de origem, em busca de terra onde pudessem cultuar seu Deus, ler e interpretar a sua Bíblia, trabalhar, ajudarem-se uns aos outros e celebrar o ritual do seu culto, à sua maneira. Ao embarcarem, trazendo consigo todos os haveres, mulheres e filhos, deram as costas à Europa, para fundar deste lado do Atlântico, uma nova pátria, a pátria teocrática dos calvinistas. Não pensavam no regresso; para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas. Eram colonizadores, não conquistadores. Houve depois, é certo, os que desgarraram para o Oeste, à procura de minas de ouro e fortuna fácil, mas, quando isso aconteceu, o sentido, o ritmo da história norte-americana já estava estabelecido e definitivamente estabelecido, construtivo, moral, orgânico.

No Brasil, infelizmente, ocorreu em quase tudo precisamente o contrário. Os portugueses que vieram ter primeiro às terras de Santa Cruz eram todos fiéis vassalos de El-Rei de Portugal. Se, por um lado, desejavam ampliar os domínios da cristandade, “a Fé e o Império”, traziam já os olhos demasiadamente dilatados pela cobiça. Eram inicialmente conquistadores, não colonizadores, como seriam mais tarde bandeirantes e não pioneiros. Como El-Rei, como toda a Corte, após a descoberta do caminho das Índias, queriam despojos e riquezas. E ninguém embarcava com o pensamento de não mais voltar à pátria lusitana. E ninguém trazia o propósito de enriquecer pela constância no trabalho. Deixavam atrás a pátria, os amigos, a família, as ocupações normais, na esperança do Eldourado.

Vianna Moog. Bandeirantes e pioneiros: Paralelo entre duas culturas. Capítulo III: Conquista e colonização. p. 103-104. Texto adaptado.

Observe o trecho seguinte e o que se diz dele, em uma perspectiva estilística: “para eles só havia um modo de ser agradável a Deus: ler a Bíblia e trabalhar, trabalhar e prosperar, prosperar e acumular riquezas”.

I. Há uma gradação ascendente, formada por três grupos de dois verbos, repetindo-se o último elemento de cada grupo no início do grupo seguinte. Essa gradação ilustra as várias etapas de trabalho por que passaram os colonizadores americanos até ficarem ricos. Não foi uma prosperidade fácil.

II. Os verbos que formam a gradação são verbos de ação, o que pode servir para ilustrar a vida laboriosa dos colonizadores das terras do norte.

III. A repetição dos verbos marca, de certa forma, o ritmo do excerto, causando a sensação do esforço empreendido pelos colonizadores para formar a nova pátria e para prosperar.

Está correto o que se afirma em

 

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2461425 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto II desta prova foi extraído do segundo capítulo da novela A indesejada aposentadoria, do escritor maranhense Josué Montello (*1917 — †2006). Contemporâneo dos escritores que fizeram o romance de 30, Montello enveredou por outro caminho: explorou a narrativa urbana. Escreveu uma das obras-primas da literatura brasileira: Os tambores de São Luís (1975). A novela A indesejada aposentadoria, de 1972, conta a história de Guihermino Pereira, um funcionário público, já nas vésperas de se aposentar. Guilhermino pertencia a uma casta de burocratas que já desapareceu de nossas repartições públicas. De sua espécie talvez tenha sido o derradeiro exemplar conhecido, tanto no trajo quanto nos modos e na figura. Nos últimos tempos de sua existência medíocre, já era um anacronismo. Por isso mesmo está ele a reclamar papel e tinta, únicos instrumentos possíveis de sua merecida sobrevivência. Não propriamente para servir de paradigma, acentue-se logo — mas para ilustrar e exprimir com o seu modelo uma casta que o tempo consumiu.

Era magro, alto, rosto comprido, com um pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote. Deste só tinha a figura, não a índole romântica: era mesmo o oposto do personagem de Cervantes, na sua conformada aceitação da vida. Tinha as orelhas um pouco saltadas do crânio, o pomo-de-adão saliente, e era calvo, de uma calvície bem composta, que lhe adoçava a fisionomia subalterna. Ao chegar à repartição no seu lento passo de cegonha, sempre de guarda-chuva pendente do braço, trocava o paletó de casemira azul por outro de alpaca preta e instalava-se na sua cadeira rotativa. Sentado, sua longa espinha dorsal vergava, numa curva de caniço puxado pelo peixe, que no seu caso eram a caneta e a pena. Quando se erguia, parecia desembainhar a espinha, crescendo de tamanho.

Guilhermino ali sentava às onze horas, ou pouco antes e às cinco e trinta se levantava para ir embora. Conservador por natureza, teve ele a boa fortuna de servir sempre na mesma repartição, no mesmo prédio e na mesma sala, desde que entrou no serviço público. Ao ser empossado, deram-lhe aquela mesa. Não queria outra.

A repartição, com a sua sala, os seus móveis e os seus funcionários, constituía o mundo ideal de Guilhermino. Somente ali, experimentava a sensação ambiental de plenitude que há de gozar o peixe na água e o *pássaro nos ares.

Entretanto, malgrado a euforia que o deixava mais a gosto na repartição do que na porta-e-janela de seu modesto lar suburbano, Guilhermino nunca deixava de abandonar a mesa de trabalho à hora fixada no Regimento para o fim do expediente.

— A lei é a lei — dizia.

Não há exagero em afirmar-se que a sua casa de subúrbio, adornada de cortinas de renda, com um vaso de tinhorão à entrada, era, para ele, o lugar onde aguardava que a repartição voltasse a abrir: de pijama, os pés nos chinelos de trança, lendo o seu jornal ou conversando com os vizinhos, estava ali de passagem.

Para sermos exatos, era na repartição, à sua mesa de trabalho, que Guilhermino Pereira se sentia realmente em casa.

Josué Montello. A indesejada aposentadoria. Capítulo II, p. 11-14. Texto adaptado.

Assinale a perspectiva da qual fala o enunciador.

 

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2461424 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto II desta prova foi extraído do segundo capítulo da novela A indesejada aposentadoria, do escritor maranhense Josué Montello (*1917 — †2006). Contemporâneo dos escritores que fizeram o romance de 30, Montello enveredou por outro caminho: explorou a narrativa urbana. Escreveu uma das obras-primas da literatura brasileira: Os tambores de São Luís (1975). A novela A indesejada aposentadoria, de 1972, conta a história de Guihermino Pereira, um funcionário público, já nas vésperas de se aposentar. Guilhermino pertencia a uma casta de burocratas que já desapareceu de nossas repartições públicas. De sua espécie talvez tenha sido o derradeiro exemplar conhecido, tanto no trajo quanto nos modos e na figura. Nos últimos tempos de sua existência medíocre, já era um anacronismo. Por isso mesmo está ele a reclamar papel e tinta, únicos instrumentos possíveis de sua merecida sobrevivência. Não propriamente para servir de paradigma, acentue-se logo — mas para ilustrar e exprimir com o seu modelo uma casta que o tempo consumiu.

Era magro, alto, rosto comprido, com um pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote. Deste só tinha a figura, não a índole romântica: era mesmo o oposto do personagem de Cervantes, na sua conformada aceitação da vida. Tinha as orelhas um pouco saltadas do crânio, o pomo-de-adão saliente, e era calvo, de uma calvície bem composta, que lhe adoçava a fisionomia subalterna. Ao chegar à repartição no seu lento passo de cegonha, sempre de guarda-chuva pendente do braço, trocava o paletó de casemira azul por outro de alpaca preta e instalava-se na sua cadeira rotativa. Sentado, sua longa espinha dorsal vergava, numa curva de caniço puxado pelo peixe, que no seu caso eram a caneta e a pena. Quando se erguia, parecia desembainhar a espinha, crescendo de tamanho.

Guilhermino ali sentava às onze horas, ou pouco antes e às cinco e trinta se levantava para ir embora. Conservador por natureza, teve ele a boa fortuna de servir sempre na mesma repartição, no mesmo prédio e na mesma sala, desde que entrou no serviço público. Ao ser empossado, deram-lhe aquela mesa. Não queria outra.

A repartição, com a sua sala, os seus móveis e os seus funcionários, constituía o mundo ideal de Guilhermino. Somente ali, experimentava a sensação ambiental de plenitude que há de gozar o peixe na água e o *pássaro nos ares.

Entretanto, malgrado a euforia que o deixava mais a gosto na repartição do que na porta-e-janela de seu modesto lar suburbano, Guilhermino nunca deixava de abandonar a mesa de trabalho à hora fixada no Regimento para o fim do expediente.

— A lei é a lei — dizia.

Não há exagero em afirmar-se que a sua casa de subúrbio, adornada de cortinas de renda, com um vaso de tinhorão à entrada, era, para ele, o lugar onde aguardava que a repartição voltasse a abrir: de pijama, os pés nos chinelos de trança, lendo o seu jornal ou conversando com os vizinhos, estava ali de passagem.

Para sermos exatos, era na repartição, à sua mesa de trabalho, que Guilhermino Pereira se sentia realmente em casa.

Josué Montello. A indesejada aposentadoria. Capítulo II, p. 11-14. Texto adaptado.

Considere o que se diz sobre o segundo parágrafo

I. A semelhança entre Guilhermino e Dom Quixote era somente física. Psicologicamente um era o avesso do outro.

II. Ao coordenar “poste” e “Dom Quixote” — “Era alto, magro, rosto comprido, com um pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote.”—, o enunciador provoca a quebra do paralelismo semântico, que surpreende o leitor e tem efeito textual.

III. A aproximação de “poste” e “Quixote” pode dar, ao enunciado, inclusive pela presença do eco: oste – ote, um tom humorístico.

Está correto o que se diz em

 

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2461423 Ano: 2013
Disciplina: Português
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto II desta prova foi extraído do segundo capítulo da novela A indesejada aposentadoria, do escritor maranhense Josué Montello (*1917 — †2006). Contemporâneo dos escritores que fizeram o romance de 30, Montello enveredou por outro caminho: explorou a narrativa urbana. Escreveu uma das obras-primas da literatura brasileira: Os tambores de São Luís (1975). A novela A indesejada aposentadoria, de 1972, conta a história de Guihermino Pereira, um funcionário público, já nas vésperas de se aposentar. Guilhermino pertencia a uma casta de burocratas que já desapareceu de nossas repartições públicas. De sua espécie talvez tenha sido o derradeiro exemplar conhecido, tanto no trajo quanto nos modos e na figura. Nos últimos tempos de sua existência medíocre, já era um anacronismo. Por isso mesmo está ele a reclamar papel e tinta, únicos instrumentos possíveis de sua merecida sobrevivência. Não propriamente para servir de paradigma, acentue-se logo — mas para ilustrar e exprimir com o seu modelo uma casta que o tempo consumiu.

Era magro, alto, rosto comprido, com um pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote. Deste só tinha a figura, não a índole romântica: era mesmo o oposto do personagem de Cervantes, na sua conformada aceitação da vida. Tinha as orelhas um pouco saltadas do crânio, o pomo-de-adão saliente, e era calvo, de uma calvície bem composta, que lhe adoçava a fisionomia subalterna. Ao chegar à repartição no seu lento passo de cegonha, sempre de guarda-chuva pendente do braço, trocava o paletó de casemira azul por outro de alpaca preta e instalava-se na sua cadeira rotativa. Sentado, sua longa espinha dorsal vergava, numa curva de caniço puxado pelo peixe, que no seu caso eram a caneta e a pena. Quando se erguia, parecia desembainhar a espinha, crescendo de tamanho.

Guilhermino ali sentava às onze horas, ou pouco antes e às cinco e trinta se levantava para ir embora. Conservador por natureza, teve ele a boa fortuna de servir sempre na mesma repartição, no mesmo prédio e na mesma sala, desde que entrou no serviço público. Ao ser empossado, deram-lhe aquela mesa. Não queria outra.

A repartição, com a sua sala, os seus móveis e os seus funcionários, constituía o mundo ideal de Guilhermino. Somente ali, experimentava a sensação ambiental de plenitude que há de gozar o peixe na água e o *pássaro nos ares.

Entretanto, malgrado a euforia que o deixava mais a gosto na repartição do que na porta-e-janela de seu modesto lar suburbano, Guilhermino nunca deixava de abandonar a mesa de trabalho à hora fixada no Regimento para o fim do expediente.

— A lei é a lei — dizia.

Não há exagero em afirmar-se que a sua casa de subúrbio, adornada de cortinas de renda, com um vaso de tinhorão à entrada, era, para ele, o lugar onde aguardava que a repartição voltasse a abrir: de pijama, os pés nos chinelos de trança, lendo o seu jornal ou conversando com os vizinhos, estava ali de passagem.

Para sermos exatos, era na repartição, à sua mesa de trabalho, que Guilhermino Pereira se sentia realmente em casa.

Josué Montello. A indesejada aposentadoria. Capítulo II, p. 11-14. Texto adaptado.

Atente aos seguintes trechos e ao que é dito a respeito da atitude revelada pelo enunciador sobre o conteúdo de seu próprio enunciado.

I. “De sua espécie talvez tenha sido o derradeiro exemplar conhecido” — O conteúdo do enunciado não foi totalmente assumido pelo enunciador.

II. “era mesmo o oposto da personagem de Cervantes” — O conteúdo do enunciado foi só relativamente assumido pelo enunciador.

III. “Não há exagero em afirmar-se que a sua casa de subúrbio [...] era, para ele, o lugar onde aguardava que a repartição voltasse a abrir” — O enunciador assume totalmente a responsabilidade sobre seu discurso.

Está correto o que se diz em

 

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2461422 Ano: 2013
Disciplina: Literatura Brasileira e Estrangeira
Banca: UECE
Orgão: UECE
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O texto II desta prova foi extraído do segundo capítulo da novela A indesejada aposentadoria, do escritor maranhense Josué Montello (*1917 — †2006). Contemporâneo dos escritores que fizeram o romance de 30, Montello enveredou por outro caminho: explorou a narrativa urbana. Escreveu uma das obras-primas da literatura brasileira: Os tambores de São Luís (1975). A novela A indesejada aposentadoria, de 1972, conta a história de Guihermino Pereira, um funcionário público, já nas vésperas de se aposentar. Guilhermino pertencia a uma casta de burocratas que já desapareceu de nossas repartições públicas. De sua espécie talvez tenha sido o derradeiro exemplar conhecido, tanto no trajo quanto nos modos e na figura. Nos últimos tempos de sua existência medíocre, já era um anacronismo. Por isso mesmo está ele a reclamar papel e tinta, únicos instrumentos possíveis de sua merecida sobrevivência. Não propriamente para servir de paradigma, acentue-se logo — mas para ilustrar e exprimir com o seu modelo uma casta que o tempo consumiu.

Era magro, alto, rosto comprido, com um pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote(a). Deste só tinha a figura, não a índole romântica: era mesmo o oposto do personagem de Cervantes, na sua conformada aceitação da vida. Tinha as orelhas um pouco saltadas do crânio, o pomo-de-adão saliente, e era calvo, de uma calvície bem composta, que lhe adoçava a fisionomia subalterna(b). Ao chegar à repartição no seu lento passo de cegonha, sempre de guarda-chuva pendente do braço, trocava o paletó de casemira azul por outro de alpaca preta e instalava-se na sua cadeira rotativa. Sentado, sua longa espinha dorsal vergava, numa curva de caniço puxado pelo peixe, que no seu caso eram a caneta e a pena. Quando se erguia, parecia desembainhar a espinha, crescendo de tamanho(c).

Guilhermino ali sentava às onze horas, ou pouco antes e às cinco e trinta se levantava para ir embora. Conservador por natureza, teve ele a boa fortuna de servir sempre na mesma repartição, no mesmo prédio e na mesma sala, desde que entrou no serviço público. Ao ser empossado, deram-lhe aquela mesa. Não queria outra.(d)

A repartição, com a sua sala, os seus móveis e os seus funcionários, constituía o mundo ideal de Guilhermino. Somente ali, experimentava a sensação ambiental de plenitude que há de gozar o peixe na água e o *pássaro nos ares.

Entretanto, malgrado a euforia que o deixava mais a gosto na repartição do que na porta-e-janela de seu modesto lar suburbano, Guilhermino nunca deixava de abandonar a mesa de trabalho à hora fixada no Regimento para o fim do expediente.

— A lei é a lei — dizia.

Não há exagero em afirmar-se que a sua casa de subúrbio, adornada de cortinas de renda, com um vaso de tinhorão à entrada, era, para ele, o lugar onde aguardava que a repartição voltasse a abrir: de pijama, os pés nos chinelos de trança, lendo o seu jornal ou conversando com os vizinhos, estava ali de passagem.

Para sermos exatos, era na repartição, à sua mesa de trabalho, que Guilhermino Pereira se sentia realmente em casa.

Josué Montello. A indesejada aposentadoria. Capítulo II, p. 11-14. Texto adaptado.

Assinale a alternativa em que aparecem traços do tradicionalismo e/ou da índole burocrática de Guilhermino.

 

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