Foram encontradas 40 questões.
A água da Rainha
A etimologia não é uma ciência exata. Definir a origem de palavras muitas vezes envolve mais palpite e fantasia do que rigor escolástico. Será verdade que “toast”, a palavra inglesa para “brinde”, vem do hábito de mergulhar uma torrada (também “toast” em inglês) numa taça de bebida, que fazia a ronda dos convivas até voltar para quem tinha proposto o brinde, que a comia? Na corte de Henrique 8.º da Inglaterra a torrada seria colocada num copo contendo a água do banho da rainha e o copo faria a ronda dos cortesãos – presume-se que reunidos em torno da banheira da rainha, com a rainha ainda dentro –, cabendo ao último gentil-homem o privilégio de comê-la. A torrada. Encontrei esta versão num livro fascinante chamado Neologismos Indispensáveis e Barbarismos Dispensáveis, de Domingos de Castro Lopes, que nem o Google conhece, publicado em 1909.
Sim, tenho ido longe para me distanciar do tétrico noticiário do dia.
Mas o costume de beber a água do banho da rainha seria anterior ao século 16. Escreve Castro Lopes (atualizei a ortographia): “Reinava como soberana em Alcázar a bela D.
Maria de Padilha, amante de Pedro, o Cruel. A célebre favorita tinha adotado para seu uso o ‘Banho das Sultanas’, para o qual entrava em presença da corte, exigindo a polidez que cada cortesão bebesse no covo da mão da favorita um pouco da água do banho. Recusou-se a fazê-lo um dos grandes da Espanha e perguntou-lhe o príncipe a razão de tal injúria. ‘Depois de ter provado o molho’, respondeu ele, ‘receio que se me abra o apetite para o peixe’”.
Castro Lopes odiava galicismos e anglicismos. Propôs alguns neologismos para substituir barbarismos dispensáveis.
Em vez de “turista”, que vem do “tourist” dos ingleses, “aqueles insulares que muito incita a bossa da locomoção”, sugeriu “ludâmbulo” – de “ludus”, divertimento, passatempo, e “ambulo”, andar, passear. Assim como existem sonâmbulos, existiriam ludâmbulos, os que passeiam pelo mundo para se divertir. Como o “ludopédio” para substituir “futebol”, do Chico Buarque, a sugestão do Castro Lopes não teve futuro. Valeu a sua boa intenção, neste e em outros casos, de proteger nossa bela língua dos invasores. Pelo menos ele foi poupado de ver “entrega” virar “delivery” e “caipira” virar “country”.
Curioso, na frase do Castro Lopes sobre os ingleses citada, o uso da palavra “bossa”. Com o sentido de compulsão, se bem entendi. Não sou nenhum filólogo, mas essa bossa pra mim é nova.
(Luís Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo, 08.04.2018. Adaptado).
“A célebre favorita tinha adotado para seu uso o ‘Banho das Sultanas’, para o qual entrava em presença da corte, exigindo a ‘polidez’ que cada cortesão bebesse no covo da mão da favorita um pouco da água do banho”. Assinale a alternativa que é antônima ao termo destacado.
Provas
Provas
![Enunciado 3156385-1](/images/concursos/e/8/6/e86629c8-2b3c-6178-63db-a7cf5bc75b02.png)
![Enunciado 3156385-2](/images/concursos/5/b/2/5b2576ea-43e7-543a-2f32-50f7c79a61ab.png)
![Enunciado 3156385-3](/images/concursos/5/7/9/5792b314-3dc4-d287-1c63-56352de49f83.png)
![Enunciado 3156385-4](/images/concursos/3/b/f/3bf8fcd8-b136-6e52-bff2-0e79ef4c4e4e.png)
Provas
- Lei de Responsabilidade FiscalDívida e Endividamento (arts. 29 ao 42)Definições, Limites e Recondução da Dívida (arts. 29 ao 31)
Provas
Provas
A água da Rainha
A etimologia não é uma ciência exata. Definir a origem de palavras muitas vezes envolve mais palpite e fantasia do que rigor escolástico. Será verdade que “toast”, a palavra inglesa para “brinde”, vem do hábito de mergulhar uma torrada (também “toast” em inglês) numa taça de bebida, que fazia a ronda dos convivas até voltar para quem tinha proposto o brinde, que a comia? Na corte de Henrique 8.º da Inglaterra a torrada seria colocada num copo contendo a água do banho da rainha e o copo faria a ronda dos cortesãos – presume-se que reunidos em torno da banheira da rainha, com a rainha ainda dentro –, cabendo ao último gentil-homem o privilégio de comê-la. A torrada. Encontrei esta versão num livro fascinante chamado Neologismos Indispensáveis e Barbarismos Dispensáveis, de Domingos de Castro Lopes, que nem o Google conhece, publicado em 1909.
Sim, tenho ido longe para me distanciar do tétrico noticiário do dia.
Mas o costume de beber a água do banho da rainha seria anterior ao século 16. Escreve Castro Lopes (atualizei a ortographia): “Reinava como soberana em Alcázar a bela D.
Maria de Padilha, amante de Pedro, o Cruel. A célebre favorita tinha adotado para seu uso o ‘Banho das Sultanas’, para o qual entrava em presença da corte, exigindo a polidez que cada cortesão bebesse no covo da mão da favorita um pouco da água do banho. Recusou-se a fazê-lo um dos grandes da Espanha e perguntou-lhe o príncipe a razão de tal injúria. ‘Depois de ter provado o molho’, respondeu ele, ‘receio que se me abra o apetite para o peixe’”.
Castro Lopes odiava galicismos e anglicismos. Propôs alguns neologismos para substituir barbarismos dispensáveis.
Em vez de “turista”, que vem do “tourist” dos ingleses, “aqueles insulares que muito incita a bossa da locomoção”, sugeriu “ludâmbulo” – de “ludus”, divertimento, passatempo, e “ambulo”, andar, passear. Assim como existem sonâmbulos, existiriam ludâmbulos, os que passeiam pelo mundo para se divertir. Como o “ludopédio” para substituir “futebol”, do Chico Buarque, a sugestão do Castro Lopes não teve futuro. Valeu a sua boa intenção, neste e em outros casos, de proteger nossa bela língua dos invasores. Pelo menos ele foi poupado de ver “entrega” virar “delivery” e “caipira” virar “country”.
Curioso, na frase do Castro Lopes sobre os ingleses citada, o uso da palavra “bossa”. Com o sentido de compulsão, se bem entendi. Não sou nenhum filólogo, mas essa bossa pra mim é nova.
(Luís Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo, 08.04.2018. Adaptado).
“Assim como ‘existem’ sonâmbulos, ‘existiriam’ ludâmbulos, os que passeiam pelo mundo para se ‘divertir’”. Os verbos em destaque estão, respectivamente, no
Provas
A água da Rainha
A etimologia não é uma ciência exata. Definir a origem de palavras muitas vezes envolve mais palpite e fantasia do que rigor escolástico. Será verdade que “toast”, a palavra inglesa para “brinde”, vem do hábito de mergulhar uma torrada (também “toast” em inglês) numa taça de bebida, que fazia a ronda dos convivas até voltar para quem tinha proposto o brinde, que a comia? Na corte de Henrique 8.º da Inglaterra a torrada seria colocada num copo contendo a água do banho da rainha e o copo faria a ronda dos cortesãos – presume-se que reunidos em torno da banheira da rainha, com a rainha ainda dentro –, cabendo ao último gentil-homem o privilégio de comê-la. A torrada. Encontrei esta versão num livro fascinante chamado Neologismos Indispensáveis e Barbarismos Dispensáveis, de Domingos de Castro Lopes, que nem o Google conhece, publicado em 1909.
Sim, tenho ido longe para me distanciar do tétrico noticiário do dia.
Mas o costume de beber a água do banho da rainha seria anterior ao século 16. Escreve Castro Lopes (atualizei a ortographia): “Reinava como soberana em Alcázar a bela D.
Maria de Padilha, amante de Pedro, o Cruel. A célebre favorita tinha adotado para seu uso o ‘Banho das Sultanas’, para o qual entrava em presença da corte, exigindo a polidez que cada cortesão bebesse no covo da mão da favorita um pouco da água do banho. Recusou-se a fazê-lo um dos grandes da Espanha e perguntou-lhe o príncipe a razão de tal injúria. ‘Depois de ter provado o molho’, respondeu ele, ‘receio que se me abra o apetite para o peixe’”.
Castro Lopes odiava galicismos e anglicismos. Propôs alguns neologismos para substituir barbarismos dispensáveis.
Em vez de “turista”, que vem do “tourist” dos ingleses, “aqueles insulares que muito incita a bossa da locomoção”, sugeriu “ludâmbulo” – de “ludus”, divertimento, passatempo, e “ambulo”, andar, passear. Assim como existem sonâmbulos, existiriam ludâmbulos, os que passeiam pelo mundo para se divertir. Como o “ludopédio” para substituir “futebol”, do Chico Buarque, a sugestão do Castro Lopes não teve futuro. Valeu a sua boa intenção, neste e em outros casos, de proteger nossa bela língua dos invasores. Pelo menos ele foi poupado de ver “entrega” virar “delivery” e “caipira” virar “country”.
Curioso, na frase do Castro Lopes sobre os ingleses citada, o uso da palavra “bossa”. Com o sentido de compulsão, se bem entendi. Não sou nenhum filólogo, mas essa bossa pra mim é nova.
(Luís Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo, 08.04.2018. Adaptado).
Em relação à origem do termo “brinde”, pode-se deduzir do texto que, curiosamente, ele
Provas
Conforme disciplina o artigo 74, da Constituição Estadual, compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição, processar e julgar originariamente:
Provas
Provas
Provas
Caderno Container