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2493162 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
Com relação a educação, infância e processo político no Brasil, segundo Vicente Faleiros (2009), analise as afirmativas abaixo.
I. As políticas para infância nem sempre têm implicado uma interação entre as instituições, estatais e privadas, públicas ou não, com troca de recursos, pessoas e serviços de umas para outras, nem sempre com transparência e rigor, e constantemente na ótica do uso da máquina do Estado para interesses e patrimônios particulares.
II. A relação entre filantropia e cidadania se evidencia também na dinâmica entre a esfera doméstica e a esfera pública.
III. A cidadania da criança e do adolescente foi incorporada na agenda dos atores políticos e nos discursos oficiais muito recentemente, em função da luta dos movimentos sociais no bojo da elaboração da Constituição de 1988.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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2489611 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
Identifique quais dos itens abaixo completam CORRETAMENTE a afirmativa a seguir.
Pode-se afirmar, segundo Oliveira, Moraes e Dourado (2011), que gestão democrática da escola significa:
I. a luta pela garantia da autonomia da unidade escolar, participação efetiva nos processos de tomada de decisão, incluindo a implementação de processos colegiados nas escolas e o financiamento pelo poder público.
II. a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar – pais, professores, estudantes e funcionários – na organização, na construção e na avaliação dos projetos pedagógicos da escola.
III. a melhoria na qualidade pedagógica do processo educacional das escolas, na construção de um currículo pautado na realidade local, na maior integração entre os agentes envolvidos na escola – diretor, professores, estudantes, coordenadores, técnico-administrativos, vigias, auxiliares de serviços – no apoio efetivo da comunidade às escolas, como participante ativa e sujeito do processo de desenvolvimento do trabalho escolar.
IV. um processo de participação coletiva, e sua efetivação na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter consultivo, bem como a implementação do processo de escolha de dirigentes escolares.
V. a participação efetiva dos membros da comunidade escolar, sendo necessário que o gestor, em parceria com o conselho escolar, crie um ambiente propício que estimule trabalhos conjuntos.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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Cabecinhas feitas
Aos pais que se preocupam com o tempo que o filho passa na frente do computador, um aviso: a coisa só tende a piorar. E isso pode ser bom. Educadores e profissionais da área de tecnologia do mundo todo estão empenhados em uma cruzada para dar uma utilidade prática ao fascínio da meninada por smartphones, tablets e laptops, e um dos caminhos são as aulas de programação ministradas desde a mais tenra idade. A ideia é que crianças e adolescentes dominem pelo menos uma linguagem dos códigos e, em vez de simplesmente usar o que já vem pronto no computador, aprendam a pôr a máquina a seu serviço.
Embora pesquisas de maior calibre ainda estejam em curso, a experiência já sinaliza que o exercício intelectual envolvido nesse aprendizado ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e a capacidade de resolver problemas. Um dos estudiosos da área, o polonês Jakub Lacki, técnico da seleção de informática de seu país, enfatiza que, se bem administradas, as lições de programação podem dar um impulso naquilo que é mais essencial à vida escolar: “O exercício de conversa com o computador ajuda a sedimentar o conhecimento e a refletir sobre o que se aprende”.
Mesmo que ainda se debata como e quando os algoritmos devem entrar na vida da garotada, ganha força a teoria que compara o ensino da programação ao de uma língua estrangeira: quanto mais cedo, maior a capacidade de absorção. Mas que fique claro para pais que esperam milagres de seus pequenos gênios: aos 5 anos, ninguém vai escrever códigos de verdade, tarefa que exige uma maturidade intelectual que se pronunciará só lá pelos 10, 11 anos. O que os mais novinhos assimilam é o abecê mais básico, conhecimento que provavelmente lhes dará mais traquejo para aprender o que virá depois.
Muitas rodas de educadores são entusiastas da ideia de introduzir a linguagem dos códigos que o computador entende na grade de matérias obrigatórias desde o jardim de infância. Do outro lado do debate, há quem critique acrescentar mais essa obrigação à vida da meninada. Sobre um ponto todos concordam: para iniciar-se no universo dos códigos, é preciso ter a ferramenta adequada e, para a maioria, uma boa orientação – seja ela na escola ou em casa. Está comprovado que nos bancos escolares a exploração dos códigos só dá certo mesmo se o professor souber se portar como uma espécie de regente da investigação digital.
Se bem guiada, a garotada nascida e criada na era digital tem tudo para desenvolver as habilidades latentes em sua geração. O aprendizado do algoritmo na escola pode contribuir ainda para apagar duas imagens recorrentes: a de que a ciência da computação, tão crucial para o futuro, é uma matéria indecifrável para os comuns mortais e a de que o menino ou a menina versado nessa arte é um ser desinteressante e esquisito. Em outras palavras: o coding como segunda língua universal dos jovens será a vingança dos nerds.
BORGES, Helena. Cabecinhas feitas. Veja, n. 17, p. 96-97, abr. 2014.
[Adaptado]
Segundo o Texto, é CORRETO afirmar que:
 

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2488027 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
A ação de planejar não pode ser encarada como uma atividade neutra, desvinculada da realidade sócio-histórica. O planejamento do ensino é um processo que envolve discussões e questões, muitas vezes esquecidas no dia a dia docente, como as finalidades da educação, os princípios que fundamentam o projeto pedagógico da escola, seus objetivos e os compromissos dos professores com essas definições (VEIGA, 2004).
De acordo com o fragmento em questão e em uma perspectiva crítica de educação, o planejamento do processo de ensino-aprendizagem deve ser:
I. organizado considerando o contexto social, a cultura escolar e o projeto pedagógico da escola.
II. direcionado aos objetivos de ensino, que deverão estar voltados exclusivamente para a transmissão do conhecimento científico.
III. fundamentado pela interação entre a escola e o contexto social e objetivado pela educação como prática individual.
IV. conduzido por um enfoque holístico e globalizador, privilegiando uma prática pedagógica reflexiva.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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Cabecinhas feitas
Aos pais que se preocupam com o tempo que o filho passa na frente do computador, um aviso: a coisa só tende a piorar. E isso pode ser bom. Educadores e profissionais da área de tecnologia do mundo todo estão empenhados em uma cruzada para dar uma utilidade prática ao fascínio da meninada por smartphones, tablets e laptops, e um dos caminhos são as aulas de programação ministradas desde a mais tenra idade. A ideia é que crianças e adolescentes dominem pelo menos uma linguagem dos códigos e, em vez de simplesmente usar o que já vem pronto no computador, aprendam a pôr a máquina a seu serviço.
Embora pesquisas de maior calibre ainda estejam em curso, a experiência já sinaliza que o exercício intelectual envolvido nesse aprendizado ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e a capacidade de resolver problemas. Um dos estudiosos da área, o polonês Jakub Lacki, técnico da seleção de informática de seu país, enfatiza que, se bem administradas, as lições de programação podem dar um impulso naquilo que é mais essencial à vida escolar: “O exercício de conversa com o computador ajuda a sedimentar o conhecimento e a refletir sobre o que se aprende”.
Mesmo que ainda se debata como e quando os algoritmos devem entrar na vida da garotada, ganha força a teoria que compara o ensino da programação ao de uma língua estrangeira: quanto mais cedo, maior a capacidade de absorção. Mas que fique claro para pais que esperam milagres de seus pequenos gênios: aos 5 anos, ninguém vai escrever códigos de verdade, tarefa que exige uma maturidade intelectual que se pronunciará só lá pelos 10, 11 anos. O que os mais novinhos assimilam é o abecê mais básico, conhecimento que provavelmente lhes dará mais traquejo para aprender o que virá depois.
Muitas rodas de educadores são entusiastas da ideia de introduzir a linguagem dos códigos que o computador entende na grade de matérias obrigatórias desde o jardim de infância. Do outro lado do debate, há quem critique acrescentar mais essa obrigação à vida da meninada. Sobre um ponto todos concordam: para iniciar-se no universo dos códigos, é preciso ter a ferramenta adequada e, para a maioria, uma boa orientação – seja ela na escola ou em casa. Está comprovado que nos bancos escolares a exploração dos códigos só dá certo mesmo se o professor souber se portar como uma espécie de regente da investigação digital.
Se bem guiada, a garotada nascida e criada na era digital tem tudo para desenvolver as habilidades latentes em sua geração. O aprendizado do algoritmo na escola pode contribuir ainda para apagar duas imagens recorrentes: a de que a ciência da computação, tão crucial para o futuro, é uma matéria indecifrável para os comuns mortais e a de que o menino ou a menina versado nessa arte é um ser desinteressante e esquisito. Em outras palavras: o coding como segunda língua universal dos jovens será a vingança dos nerds.
BORGES, Helena. Cabecinhas feitas. Veja, n. 17, p. 96-97, abr. 2014.
[Adaptado]
Considere as seguintes afirmativas, referentes ao Texto.
I. Segundo o polonês Jakub Lacki, as aulas de programação possibilitam ao aluno o conhecimento solidificado e o ato de refletir sobre o que se aprende.
II. Não há idade ideal para que a linguagem dos códigos entre na vida da criançada, mas as pesquisas apontam que a capacidade intelectual da criança se inicia antes dos cinco anos.
III. Qualquer criança nascida e criada na era digital desenvolverá competências relacionadas à linguagem dos códigos.
IV. Fica clara a importância dada ao professor no processo de aprendizado da linguagem dos códigos.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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O viajante clandestino
Mia Couto
– Não é arvião. Diz-se: avião.
O menino estranhou a emenda de sua mãe. Não mencionava ele uma criatura do ar? A criança tem a vantagem de estrear o mundo, iniciando outro matrimônio entre as coisas e os nomes. Outros a elas se assemelham, à vida sempre recém-chegando. São os homens em estado de poesia, essa infância autorizada pelo brilho da palavra.
– Mãe: avioneta é a neta do avião?
– Vamos para a sala de espera, ordenou a mãe.
Ela lhe admoestou, prescrevendo juízo. Aquilo era um aeroporto, lugar de respeito. A senhora apontou os passageiros, seus ares graves, soturnos. O menino mediu-se com aquele luto, aceitando os deveres do seu tamanho. Depois, se desenrolou do colo materno, fez sua a sua mão e foi à vidraça. Espreitou os imponentes ruídos, alertou a mãe para um qualquer espanto. Mas a sua voz se afogou no tropel dos motores.
Eu assistia a criança. Procurava naquele aprendiz de criatura a ingenuidade que nos autoriza a sermos estranhos num mundo que nos estranha. Frágeis onde a mentira credencia os fortes.
Seria aquele menino a fratura por onde, naquela toda frieza, espreitava a humanidade? No aeroporto eu me salvava da angústia através de um exemplar da infância.
O menino agora contemplava as traseiras do céu, seguindo as fumagens, lentas pegadas dos instantâneos aviões. Ele então se fingiu um aeroplano, braços estendidos em asas. Descolava do chão, o mundo sendo seu enorme brinquedo. E viajava por seus infinitos, roçando as malas e as pernas dos passageiros entediados. Até que a mãe debitou suas ordens. Ele que recolhesse a fantasia, aquele lugar era pertença exclusiva dos adultos.
– Te ajeita. Estamos quase partindo.
– Então vou me despedir do passaporteiro.
A mãe corrigiu em dupla dose. Primeiro, não ia a nenhuma parte. Segundo, não se chamava assim ao senhor dos passaportes. Mas só no presente o menino se deixava calar. Porque, em seu sonho, mais adiante, ele se proclama:
– Quando for grande quero ser passaporteiro.
E ele já se antefruía, de farda, dentro do vidro. Ele é que autorizava a subida aos céus.
– Vou estudar para migraceiro.
– Tá doido, filho. Fica quieto.
O garoto guardou seus jogos, contido. Que criança, neste mundo, tem vocação para adulto?
Saímos da sala para o avião. Chuviscava. O menino seguia seus passos quando, na lisura do asfalto, ele viu o sapo. Encharcado, o bicho saltiritava. Sua boca, maior que o corpo, traduzia o espanto das diferenças. Que fazia ali aquele representante dos primórdios, naquele lugar de futuros apressados?
O menino parou, observador, cuidando os perigos do batráquio. Na imensa incompreensão do asfalto, o bicho seria esmagado por cega e certeira roda.
– Mãe, eu posso levar o sapo?
A senhora estremeceu de horror. Olhou envergonhada, pedindo desculpas aos passantes. Então, começou a disputa. A senhora obrigava o braço do filho, os dois se teimavam. Venceu a secular maternidade. O menino, murcho como acento circunflexo, subiu as escadas, ocupou seu lugar, ajeitou o cinto.
Do meu assento eu podia ver a tristeza desembrulhando líquidas miçangas no seu rosto. Fiz-lhe sinal, ele me encarou de soslado. Então, em seu rosto se acendeu a mais grata bandeira de felicidade. Porque do côncavo de minhas mãos espreitou o focinho do mais clandestino de todos os passageiros.
Disponível em: <http://jardimdasdelicias.blogs.sapo.pt/277137.html>.
[Adaptado] Acesso em: 8 abr. 2014.
Glossário
Admoestar – repreender branda e benevolamente
Antefruir – usufruir antecipadamente
Batráquio – anfíbio
Debitar suas ordens – anunciar, proclamar suas regras
Fumagem – fumaça
Soslado – lado, oblíquo
Soturno – aspecto triste, taciturno
Tropel – grande ruído
Considere o trecho retirado do Texto e assinale a alternativa CORRETA, com base na norma padrão escrita.
O menino agora contemplava as traseiras do céu, seguindo as fumagens, lentas pegadas dos instantâneos aviões. Ele então se fingiu um aeroplano, braços estendidos em asas. Descolava do chão, o mundo sendo seu enorme brinquedo. E viajava por seus infinitos, roçando as malas e as pernas dos passageiros entediados. Até que a mãe debitou suas ordens. Ele que recolhesse a fantasia, aquele lugar era pertença exclusiva dos adultos.
 

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2485426 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
A escola cumpre uma função social importante em nossa sociedade. Considerando seu papel, é CORRETO afirmar que:
 

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2485044 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas da frase abaixo.
Ao se tomar como pressuposto a tese de que a aprendizagem é um fenômeno ao mesmo tempo e , que se produz pelo compartilhamento e pelo diálogo entre sujeitos como processos de apropriação de significados, fica evidente que a efetividade da ação educativa está mais relacionada com condições subjetivas de interlocução que os sujeitos elaboram com outros sujeitos e com o mundo do que com construções de ou com formas engessadas de organização dos tempos e dos espaços de aprendizagem propostos objetivamente pelos atuais currículos escolares (THIESEN, 2011).
 

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2484716 Ano: 2014
Disciplina: Pedagogia
Banca: UFSC
Orgão: UFSC
“A atividade educativa acontece nas mais variadas esferas da vida social e assume diferentes formas de organização. A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente às demais práticas sociais.” (LIBÂNEO, 2013, p. 23)
De acordo com essa afirmação, analise as afirmativas abaixo.
I. O processo educativo que se desenvolve na escola pela instrução e pelo ensino consiste na assimilação de conhecimentos e experiências acumuladas pelas gerações anteriores no decurso do desenvolvimento histórico-social.
II. O processo educativo não está condicionado pelas relações sociais em cujo interior se desenvolve.
III. As condições sociais, políticas e econômicas não necessariamente influenciam decisivamente o processo de ensino e aprendizagem.
Assinale a alternativa CORRETA.
 

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O viajante clandestino
Mia Couto
– Não é arvião. Diz-se: avião.
O menino estranhou a emenda de sua mãe. Não mencionava ele uma criatura do ar? A criança tem a vantagem de estrear o mundo, iniciando outro matrimônio entre as coisas e os nomes. Outros a elas se assemelham, à vida sempre recém-chegando. São os homens em estado de poesia, essa infância autorizada pelo brilho da palavra.
– Mãe: avioneta é a neta do avião?
– Vamos para a sala de espera, ordenou a mãe.
Ela lhe admoestou, prescrevendo juízo. Aquilo era um aeroporto, lugar de respeito. A senhora apontou os passageiros, seus ares graves, soturnos. O menino mediu-se com aquele luto, aceitando os deveres do seu tamanho. Depois, se desenrolou do colo materno, fez sua a sua mão e foi à vidraça. Espreitou os imponentes ruídos, alertou a mãe para um qualquer espanto. Mas a sua voz se afogou no tropel dos motores.
Eu assistia a criança. Procurava naquele aprendiz de criatura a ingenuidade que nos autoriza a sermos estranhos num mundo que nos estranha. Frágeis onde a mentira credencia os fortes.
Seria aquele menino a fratura por onde, naquela toda frieza, espreitava a humanidade? No aeroporto eu me salvava da angústia através de um exemplar da infância.
O menino agora contemplava as traseiras do céu, seguindo as fumagens, lentas pegadas dos instantâneos aviões. Ele então se fingiu um aeroplano, braços estendidos em asas. Descolava do chão, o mundo sendo seu enorme brinquedo. E viajava por seus infinitos, roçando as malas e as pernas dos passageiros entediados. Até que a mãe debitou suas ordens. Ele que recolhesse a fantasia, aquele lugar era pertença exclusiva dos adultos.
– Te ajeita. Estamos quase partindo.
– Então vou me despedir do passaporteiro.
A mãe corrigiu em dupla dose. Primeiro, não ia a nenhuma parte. Segundo, não se chamava assim ao senhor dos passaportes. Mas só no presente o menino se deixava calar. Porque, em seu sonho, mais adiante, ele se proclama:
– Quando for grande quero ser passaporteiro.
E ele já se antefruía, de farda, dentro do vidro. Ele é que autorizava a subida aos céus.
– Vou estudar para migraceiro.
– Tá doido, filho. Fica quieto.
O garoto guardou seus jogos, contido. Que criança, neste mundo, tem vocação para adulto?
Saímos da sala para o avião. Chuviscava. O menino seguia seus passos quando, na lisura do asfalto, ele viu o sapo. Encharcado, o bicho saltiritava. Sua boca, maior que o corpo, traduzia o espanto das diferenças. Que fazia ali aquele representante dos primórdios, naquele lugar de futuros apressados?
O menino parou, observador, cuidando os perigos do batráquio. Na imensa incompreensão do asfalto, o bicho seria esmagado por cega e certeira roda.
– Mãe, eu posso levar o sapo?
A senhora estremeceu de horror. Olhou envergonhada, pedindo desculpas aos passantes. Então, começou a disputa. A senhora obrigava o braço do filho, os dois se teimavam. Venceu a secular maternidade. O menino, murcho como acento circunflexo, subiu as escadas, ocupou seu lugar, ajeitou o cinto.
Do meu assento eu podia ver a tristeza desembrulhando líquidas miçangas no seu rosto. Fiz-lhe sinal, ele me encarou de soslado. Então, em seu rosto se acendeu a mais grata bandeira de felicidade. Porque do côncavo de minhas mãos espreitou o focinho do mais clandestino de todos os passageiros.
Disponível em: <http://jardimdasdelicias.blogs.sapo.pt/277137.html>.
[Adaptado] Acesso em: 8 abr. 2014.
Glossário
Admoestar – repreender branda e benevolamente
Antefruir – usufruir antecipadamente
Batráquio – anfíbio
Debitar suas ordens – anunciar, proclamar suas regras
Fumagem – fumaça
Soslado – lado, oblíquo
Soturno – aspecto triste, taciturno
Tropel – grande ruído
Com base no Texto e na norma padrão escrita, assinale a alternativa CORRETA.
 

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