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O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis(a) nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.(b)
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar(c)
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.(d)
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento(e) e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Em “Logo adiante vimos um quati”, a expressão sublinhada exerce a mesma função sintática da expressão sublinhada em:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho(b)
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,(c)
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio(a) desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.(d)
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.(e)
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado no seguinte verso:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
“Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto / um passarinho a mastigar um pedaço de vento.”
Ao se transpor o trecho acima para o discurso direto, a locução verbal sublinhada assume a seguinte forma:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Em “Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha”, o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido original, por:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.(b)
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.(e)
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.(c)
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.(d)
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões!(a) Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Considerando o contexto, expressa sentido de finalidade o termo sublinhado em:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada,(b) mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,(e)
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.(c)
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.(a)
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.(d)
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho(a)
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.(d)
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida(c)
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.(e)
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.(b)
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
O eu lírico recorre à figura de linguagem denominada metonímia em:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Depreende-se do poema que os caracóis eram viúvos de suas lesmas devido à ação
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.(b)
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.(c)
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.(d)
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.(a)
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.(e)
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
Em inúmeros versos, o eu lírico manifesta-se explicitamente no poema, a exemplo do que se verifica no seguinte verso:
Provas
O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho
solidão e árvores.
Meu avô namorava a solidão.
Ele era um florilégio de abandono.
De tudo que me restou sobre aquele avô foi esta
imagem: ele deitado na rede com a sua namorada, mas
se a gente o retirasse da rede por alguma necessidade,
a solidão ficava destampada.
Oh, a solidão destampada!
Essa imagem da solidão que ficara dentro de mim por
anos.
Ah, o pai! O pai vaquejava e vaquejava.
Ele tinha um olhar soberbo de ave.
E nos ensinava a liberdade.
A gente então saía vagabundeando pelos matos sem aba.
Chegou que alcançamos a beira de um rio.
A manhã estava pousada na beira do rio desaberta moda
um pássaro.
Nessa hora já o morro encostava no sol.
Logo adiante vimos um quati a lamber um osso de ema.
A tarde crescia por dentro do mato.
O lugar nos perdera de rumo.
A gente se sentia como um pedaço de formiga perdida
na estrada.
Bernardo completava o abandono.
Logo encontramos uma criame de caracóis nas areias do rio.
Quase todos os caracóis eram viúvos de suas lesmas.
Contam que os urubus, finórios, desciam naquele lugar
para degustar as lesmas vivas.
Se diz que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
Bernardo apareceu e disse que vento é cavalo.
Então montamos na garupa do vento e logo chegamos em casa.
A mãe aflitíssima estava.
Ela cuidava de todos: lavava, passava e cozinhava para todos.
Porém à noite a mãe ainda encontrava uma horinha para o seu violino.
Ela tocava para nós Vivaldi.
E a gente ficava pendurado em lágrimas.
Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto
um passarinho a mastigar um pedaço de vento. A Mãe
disse outra vez: Já vem você com suas visões! Isso é
travessura de sua imaginação.
É a voz de Deus que habita nas crianças, nos passarinhos
e nos tontos.
A infância da palavra.
(Adaptado de: BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015)
No poema, o eu lírico revela-se, sobretudo,
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