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Foram encontradas 30 questões.

240594 Ano: 2019
Disciplina: Matemática
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
Ana caminha diariamente em volta do parque de seu bairro, que possui formato retangular e perímetro 345 metros. Sabendo que o comprimento do parque é de 77 metros, quanto mede sua largura?
 

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240591 Ano: 2019
Disciplina: Matemática
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
Yan é um atleta entusiasta de atividades extremas. Por isso, ele deve manter uma dieta rígida com consumo diário de 4.500 calorias. Considerando que um adulto comum e que não pratica atividades físicas regularmente necessita de 2.000 calorias diárias, qual é o percentual de calorias que Yan consome em relação ao consumo de um adulto comum durante o período de um mês?
 

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240585 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Considerando a adequação linguística, assinale a afirmativa que evidencia ERRO de concordância.
 

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240584 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
No trecho “— Não acho nada: preciso saber com exatidão.” (8º§), os dois-pontos foram empregados para:
 

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240579 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Considerando que a linguagem figurada é usada para dar mais expressividade ao discurso, para tornar mais amplo o significado de uma palavra, assinale a afirmativa transcrita do texto que evidencia tal particularidade.
 

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240577 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Em “O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo: (...)” (4º§), considerando o contexto textual, a expressão “perplexo” significa:
 

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240576 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Em “No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga.” (18º§), a expressão “no entanto”, pode ser substituída, sem prejuízo semântico, por:
 

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240574 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
No trecho “Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas.” (3º§), podemos afirmar que o antônimo do termo destacado é:
 

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240572 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Considerando o trecho “Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?” (17º§), o termo destacado exprime circunstância de:
 

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240569 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: CIEE
Orgão: SPTrans
A minha salamandra

Certa vez, escrevendo uma novela, precisei saber se uma salamandra tinha quatro ou seis pernas. Já não me lembro em que episódio novelesco pretendia envolver as pernas da minha salamandra, mas a verdade é que precisava saber — e não fiquei sabendo.
Que sei eu a respeito de minhas próprias pernas? Pensava então, deixando que elas me levassem para outros caminhos, fora da ficção.
Um ficcionista às vezes precisa saber coisas muito esquisitas. A experiência própria nem sempre ajuda. Passei, por exemplo, a minha infância nos galhos de uma mangueira, chupando manga o dia todo, e não soube responder a um meu amigo, excelente romancista, quanto tempo levava para germinar um caroço de manga.
Contou-me ele, na época, que andou precisando saber este pormenor, em razão de uma história que estava escrevendo. Depois de perguntar a um e outro, e não obtendo senão respostas vagas, telefonou para a repartição do Ministério da Agricultura que lhe pareceu mais apta a fornecer-lhe a informação. O funcionário que o atendeu ficou simplesmente perplexo:
— Caroço de manga? Que brincadeira é essa?
Como insistisse, informaram-lhe que, realmente, havia quem talvez soubesse — um especialista no assunto, lotado num departamento ao qual estava afeto o setor de fruticultura. Discou para lá — mas só conseguiu colher vagos palpites:
— Um caroço de manga? Bem, deve levar um ou dois meses, o senhor não acha?
— Não acho nada: preciso saber com exatidão.
— Por quê?
— Bem, porque...
Outros telefonemas, que somente despertavam reminiscências infantis:
— Na minha casa tinha uma mangueira. A manga-espada, por exemplo, se bem me lembro...
— Boa é a manga carlota, aquela pequenina, sem fibra nenhuma... Lá no Norte chamam de itamaracá.
— O caroço? Bem, o caroço, para lhe dizer com franqueza...
Resolveu telefonar para o Gabinete do Ministro:
— Queria uma informaçãozinha de Vossa Excelência.
O ministro não sabia. Que futuro tem um país de economia essencialmente agrícola se ninguém, nem o próprio Ministro da Agricultura, sabe informar quanto tempo leva para germinar um caroço de manga?
Volto à minha salamandra. Vejo-a esquiva e silenciosa a deslizar por entre as pedras, quantas pernas? Que futuro tenho eu como escritor, se não sei dizer com quantas pernas se faz uma salamandra? O mundo anda cheio de pernas, e o coração do poeta já perguntou para que tanta perna, meu Deus. As da salamandra — quatro, ou seis — nada acrescentam ao meu mundo interior, senão a ligeira desconfiança de que acabo tendo quatro. No entanto, as de uma jovem galgando comigo as pedras do Arpoador, por exemplo, apenas duas, podem sustentar o universo — vertiginoso universo onde as sensações germinam bem mais depressa que um caroço de manga. Onde se acendem estrelas inexistentes e os astros desandam nas suas órbitas. Onde se abrem abismos de uma profundeza que nem a imaginação do romancista ousa devassar. Onde vicejam plantas bem mais exóticas que uma mangueira de quintal, em cujas sombras se arrastam seres vorazes e bem mais misteriosos que a salamandra, salamandras...
(SABINO, Fernando. As melhores crônicas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Considerando as informações textuais, podemos inferir que a ficção:
 

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