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1428495 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO

Os dez mandamentos do e-mail

A escrita não produz o mesmo efeito da fala. A afirmação, óbvia, parece ignorada por pessoas cada vez mais conectadas o tempo todo por tablets, smartphones ou computadores. A comunicação escrita parece ter tomado a dianteira em várias frentes antes dominadas pela fala. Essa prevalência fica clara na preferência crescente por e-mails, torpedos, chats, tuiters, comentários e posts como forma de expressão e comunicação.
Pesquisa da Pew Global, de 2011, mostra que 92% dos internautas usam o e-mail como principal ferramenta de comunicação, mais que smartphones e redes sociais. Mas, na era da web 2.0, da conexão móvel, constante e com alta interatividade, avança também o outro extremo, de internautas que capengam ao escrever um e-mail eficiente. Começando por aqueles na dianteira da web 2.0.
O uso indevido de abreviações, formalidades ora excessivas ora inexistentes, o equívoco de linguagem e tratamento, a falta de objetividade e assertividade são ruídos corriqueiros na comunicação eletrônica.
Segundo Ruy Leal, superintendente do Instituto Via de Acesso, que prepara e insere jovens no mercado de trabalho, 90% da comunicação feita e recebida pelas entidades privadas hoje é via e-mail.
Isso é uma arma que o colaborador tem na mão. Se não estiver muito bem orientado e preparado, pode escrever absurdos em seus e-mails – alerta.
Munido de um e-mail corporativo, qualquer um pode falar em nome da organização. Leal sabe que rispidez, ironias e brincadeiras mal interpretadas geram desentendimentos por conta da linguagem que se pretende distante e próxima ao mesmo tempo. Por isso, os especialistas e as empresas tentam sistematizar as regras que regem a comunicação por e-mail.
A apreensão tem levado empresas a consultores que capacitem funcionários a redigir emails não só sem deslizes na língua portuguesa, mas eficientes e adequados à comunicação profissional. Coach executiva e educadora corporativa da Atingir Coaching e Treinamento, Regina Gianetti Dias Pereira se especializou em oferecer cursos de comunicação empresarial, e diz que treinamentos para mensagens eletrônicas são cada vez mais pedidos.
E-mails mal escritos, confusos, pouco claros, feitos sem consistência, geram mal-entendidos, perdas de negócios, tempo e, especialmente, produtividade – observa.
A primeira lição é que dominar a tecnologia não significa domínio do uso da linguagem. Daí a falsa impressão de que pessoas conectadas e integradas tecnologicamente se comunicam via internet com mais propriedade, quando na verdade uma habilidade independe da outra. O que faz diferença são alguns cuidados de adequação da linguagem para o contexto da comunicação.
Regina conta o caso de uma instituição que gerencia pensões e aposentadorias e que possui cadastrados milhares de pensionistas. Segundo ela, a administração enviou um e-mail sobre uma mudança que seria feita nos pagamentos.
Era para ser algo simples, mas foi escrito de uma maneira tão confusa que ocorreu um colapso na central de atendimento da empresa, porque ninguém entendeu a mensagem, terminou se assustando e teve de ligar – relata. [...]
Disponível em: http://www.revistamelhor.com.br/os-dezmandamentos-do- e-mail/. Fragmento. Acesso em 14 de setembro de 2016.
Assinale a opção correta com relação às ideias apresentadas no texto.
 

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1425551 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
Os dez mandamentos do e-mail
A escrita não produz o mesmo efeito da fala. A afirmação, óbvia, parece ignorada por pessoas cada vez mais conectadas o tempo todo por tablets, smartphones ou computadores. A comunicação escrita parece ter tomado a dianteira em várias frentes antes dominadas pela fala. Essa prevalência fica clara na preferência crescente por e-mails, torpedos, chats, tuiters, comentários e posts como forma de expressão e comunicação.
Pesquisa da Pew Global, de 2011, mostra que 92% dos internautas usam o e-mail como principal ferramenta de comunicação, mais que smartphones e redes sociais. Mas, na era da web 2.0, da conexão móvel, constante e com alta interatividade, avança também o outro extremo, de internautas que capengam ao escrever um e-mail eficiente. Começando por aqueles na dianteira da web 2.0.
O uso indevido de abreviações, formalidades ora excessivas ora inexistentes, o equívoco de linguagem e tratamento, a falta de objetividade e assertividade são ruídos corriqueiros na comunicação eletrônica.
Segundo Ruy Leal, superintendente do Instituto Via de Acesso, que prepara e insere jovens no mercado de trabalho, 90% da comunicação feita e recebida pelas entidades privadas hoje é via e-mail.
Isso é uma arma que o colaborador tem na mão. Se não estiver muito bem orientado e preparado, pode escrever absurdos em seus e-mails-alerta.
Munido de um e-mail corporativo, qualquer um pode falar em nome da organização. Leal sabe que rispidez, ironias e brincadeiras mal interpretadas geram desentendimentos por conta da linguagem que se pretende distante e próxima ao mesmo tempo. Por isso, os especialistas e as empresas tentam sistematizar as regras que regem a comunicação por e-mail.
A apreensão tem levado empresas a consultores que capacitem funcionários a redigir emails não só sem deslizes na língua portuguesa, mas eficientes e adequados à comunicação profissional. Coach executiva e educadora corporativa da Atingir Coaching e Treinamento, Regina Gianetti Dias Pereira se especializou em oferecer cursos de comunicação empresarial, e diz que treinamentos para mensagens eletrônicas são cada vez mais pedidos.
E-mails mal escritos, confusos, pouco claros, feitos sem consistência, geram mal-entendidos, perdas de negócios, tempo e, especialmente, produtividade-observa.
A primeira lição é que dominar a tecnologia não significa domínio do uso da linguagem. Daí a falsa impressão de que pessoas conectadas e integradas tecnologicamente se comunicam via internet com mais propriedade, quando na verdade uma habilidade independe da outra. O que faz diferença são alguns cuidados de adequação da linguagem para o contexto da comunicação.
Regina conta o caso de uma instituição que gerencia pensões e aposentadorias e que possui cadastrados milhares de pensionistas. Segundo ela, a administração enviou um e-mail sobre uma mudança que seria feita nos pagamentos.
Era para ser algo simples, mas foi escrito de uma maneira tão confusa que ocorreu um colapso na central de atendimento da empresa, porque ninguém entendeu a mensagem, terminou se assustando e teve de ligar-relata. [...]
Disponível em: http://www.revistamelhor.com.br/os-dezmandamentos-do-e-mail/. Fragmento. Acesso em 14 de setembro de 2016.
Assinale a opção correta com relação às idéias apresentadas no texto.
 

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1425550 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
Os dez mandamentos do e-mail
A escrita não produz o mesmo efeito da fala. A afirmação, óbvia, parece ignorada por pessoas cada vez mais conectadas o tempo todo por tablets, smartphones ou computadores. A comunicação escrita parece ter tomado a dianteira em várias frentes antes dominadas pela fala. Essa prevalência fica clara na preferência crescente por e-mails, torpedos, chats, tuiters, comentários e posts como forma de expressão e comunicação.
Pesquisa da Pew Global, de 2011, mostra que 92% dos internautas usam o e-mail como principal ferramenta de comunicação, mais que smartphones e redes sociais. Mas, na era da web 2.0, da conexão móvel, constante e com alta interatividade, avança também o outro extremo, de internautas que capengam ao escrever um e-mail eficiente. Começando por aqueles na dianteira da web 2.0.
O uso indevido de abreviações, formalidades ora excessivas ora inexistentes, o equívoco de linguagem e tratamento, a falta de objetividade e assertividade são ruídos corriqueiros na comunicação eletrônica.
Segundo Ruy Leal, superintendente do Instituto Via de Acesso, que prepara e insere jovens no mercado de trabalho, 90% da comunicação feita e recebida pelas entidades privadas hoje é via e-mail.
Isso é uma arma que o colaborador tem na mão. Se não estiver muito bem orientado e preparado, pode escrever absurdos em seus e-mails-alerta.
Munido de um e-mail corporativo, qualquer um pode falar em nome da organização. Leal sabe que rispidez, ironias e brincadeiras mal interpretadas geram desentendimentos por conta da linguagem que se pretende distante e próxima ao mesmo tempo. Por isso, os especialistas e as empresas tentam sistematizar as regras que regem a comunicação por e-mail.
A apreensão tem levado empresas a consultores que capacitem funcionários a redigir emails não só sem deslizes na língua portuguesa, mas eficientes e adequados à comunicação profissional. Coach executiva e educadora corporativa da Atingir Coaching e Treinamento, Regina Gianetti Dias Pereira se especializou em oferecer cursos de comunicação empresarial, e diz que treinamentos para mensagens eletrônicas são cada vez mais pedidos.
E-mails mal escritos, confusos, pouco claros, feitos sem consistência, geram mal-entendidos, perdas de negócios, tempo e, especialmente, produtividade-observa.
A primeira lição é que dominar a tecnologia não significa domínio do uso da linguagem. Daí a falsa impressão de que pessoas conectadas e integradas tecnologicamente se comunicam via internet com mais propriedade, quando na verdade uma habilidade independe da outra. O que faz diferença são alguns cuidados de adequação da linguagem para o contexto da comunicação.
Regina conta o caso de uma instituição que gerencia pensões e aposentadorias e que possui cadastrados milhares de pensionistas. Segundo ela, a administração enviou um e-mail sobre uma mudança que seria feita nos pagamentos.
Era para ser algo simples, mas foi escrito de uma maneira tão confusa que ocorreu um colapso na central de atendimento da empresa, porque ninguém entendeu a mensagem, terminou se assustando e teve de ligar-relata. [...]
Disponível em: http://www.revistamelhor.com.br/os-dezmandamentos-do-e-mail/. Fragmento. Acesso em 14 de setembro de 2016.
Assinale a opção em que a palavra destacada exprime, no contexto, a mesma ideia da destacada em: “90% da comunicação feita E recebida pelas entidades privadas hoje é via e-mail.”
 

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1421588 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
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Papo sobre o óbvio

Uma coisa que faço com frequência é descobrir o óbvio. Isto é, óbvio para os outros, porque, de repente, percebo ali algo inexplicável e fascinante. Difícil é expressá-lo.

Um troço que me deixa surpreso é descobrir que uma menininha, de uns poucos anos, fala. Você pode retrucar - e daí? Gato mia antes de apreender a andar. É verdade, mas miar é uma coisa e falar é outra. Não me diga que o nosso falar equivale ao miado do gato, pois esse é um argumento que não aceito, uma que falar, diferente de miar, implica raciocinar, e foi isso que subitam ente me surpreendeu: a menina fala, pensa...

Vou ver se me explico. Aquela menininha, que agora fala e sabe o que quer, faz pouco tempo era um bebezinho que só esperneava, bracejava e grunhia. E foi assim que, inesperadamente, me perguntei: mas de onde vem isso? Sim, porque macaco é inteligente, mas não dispõe de uma linguagem logicamente construída, com sujeito, verbo, objeto...

É certo que não foi aquela menina que inventou essa linguagem, mas a verdade é que, tivesse ela nascido no Japão ou na Austrália, em Angola ou no Chile, falaria do mesmo modo -noutra língua, claro -, usaria uma linguagem que implica raciocinar, julgar, opinar, negar, afirmar, inventar.

Não sei se estou me fazendo entender, mas o certo é que me deixo ficar fascinado e perplexo por esse fato, ou seja, que diferente de todos os outros animais, eu e você somos capazes de construir um mundo de idéias, valores e opiniões. E mais: somos capazes de elaborar conceitos que buscam dar sentido à existência.

Está claro agora? Talvez sim e talvez não. Adificuldade é que estou tentando explicar uma coisa que nem eu mesmo entendo. O que acabo de dizer, quanto à capacidade das pessoas é certo e é sabido. E óbvio mesmo, o que não corresponde ao que me parece maravilhoso, que percebi quando ouvi a menina falar: nasceu com ela a capacidade de pensar?

A gente diz que ensinamos as crianças a falar. Sim, mas elas só aprendem porque são animais falantes. Duvido que alguém ensine um gato a falar. Conheci uma família que tinha um filho caçula, que já com dois anos não falava. Por mais que a mãe insistisse e o fizesse repetir “minha mãe gosta do Zezinho”. Ele ouvia, sorria e não falava nada. A mãe começou a se desesperar, temendo que o filho fosse mudo. E não é que, certo dia, ele disparou a falar? Sabia o nome de tudo, construía as frases perfeitamente, deixando a família inteira boquiaberta.

É que, na verdade, a criança aprende a língua do país em que ela nasceu. Mas o falar mesmo, que implica ser capaz de formular pensamentos e comunicar-se com os outros, isso nasce com a pessoa, é uma qualidade específica do bicho humano. Pensando melhor, digo que é mais que isso: a criança fala porque pensa e, por pensar, constrói uma compreensão da vida e do mundo. Isso já está latente nas primeiras palavras que a criança balbucia.

Claro, dirá você, isso é o óbvio - e é, mas é nele que reside a nossa espantosa capacidade de inventar a vida, de inventar o mundo, já nas paredes das cavernas, quando desenharam-se as primeiras imagens do bisão.

Mas o que me espanta não é exatamente isso e, sim, de onde vem isso, essa capacidade que já está latente no recém-nascido (ou no embrião?), que ainda nem mesmo enxerga. Entendo que alguns acham que foi Deus que nos criou assim e, portanto, não há por que se espantar. Mas há quem, ainda assim, se espante.

Já me vi espantado até mesmo com as aranhas, conforme já falei aqui nesta coluna. Como explicar que ela produza uma teia que é transparente para que sua possível presa - uma mosca, que seja - não a veja; e que essa teia seja pegajosa para impedir que o inseto que cair ali consiga se safar? Tudo como tem que ser. E ela, a aranha, depois de estender a teia como uma armadilha num ponto estratégico da parede, coloca-se no centro dela e ali fica, dias e dias, semanas, meses, esperando que a presa caia na armadilha e ela possa comê-la.

E quem contou à aranha que ali há moscas, que as moscas voam e que cedo ou tarde cairão na teia? A verdade é que com uma invejável capacidade artesanal e plena consciência do que faz, está ela ali, confiando no acaso que, para alguns, é Deus.

GULLAR. Ferreira. Papo sobre o óbvio. Folha de S.Paulo, 18 maio 2014. Extraído do site:<www1folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2Q14/G5/1455377- papo-sobre-o-obvio.shtml>.

Analise as afirmativas, quanto à capacidade polissêmica da linguagem literária e as idéias.

I. A crônica se desenrola sobre o fato de o ser humano aprender tão cedo a falar e o fascínio do autor por isso, através do uso da linguagem literária.

II. O texto aponta o fato de as crianças adquirirem uma língua, aparentemente sem esforço algum e sem serem explicitamente ensinadas e se propõe a explicar este processo de aquisição, sob a égide da linguagem não literária.

III. O que espanta o autor não é a criança pensar e, por isso, adquirir a linguagem; o espanto reside na origem dessa capacidade da criança.

Está correto o que se afirma apenas em:

 

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1421587 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
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Papo sobre o óbvio

Uma coisa que faço com frequência é descobrir o óbvio. Isto é, óbvio para os outros, porque, de repente, percebo ali algo inexplicável e fascinante. Difícil é expressá-lo.

Um troço que me deixa surpreso é descobrir que uma menininha, de uns poucos anos, fala. Você pode retrucar - e daí? Gato mia antes de apreender a andar. É verdade, mas miar é uma coisa e falar é outra. Não me diga que o nosso falar equivale ao miado do gato, pois esse é um argumento que não aceito, uma que falar, diferente de miar, implica raciocinar, e foi isso que subitam ente me surpreendeu: a menina fala, pensa...

Vou ver se me explico. Aquela menininha, que agora fala e sabe o que quer, faz pouco tempo era um bebezinho que só esperneava, bracejava e grunhia. E foi assim que, inesperadamente, me perguntei: mas de onde vem isso? Sim, porque macaco é inteligente, mas não dispõe de uma linguagem logicamente construída, com sujeito, verbo, objeto...

É certo que não foi aquela menina que inventou essa linguagem, mas a verdade é que, tivesse ela nascido no Japão ou na Austrália, em Angola ou no Chile, falaria do mesmo modo -noutra língua, claro -, usaria uma linguagem que implica raciocinar, julgar, opinar, negar, afirmar, inventar.

Não sei se estou me fazendo entender, mas o certo é que me deixo ficar fascinado e perplexo por esse fato, ou seja, que diferente de todos os outros animais, eu e você somos capazes de construir um mundo de idéias, valores e opiniões. E mais: somos capazes de elaborar conceitos que buscam dar sentido à existência.

Está claro agora? Talvez sim e talvez não. Adificuldade é que estou tentando explicar uma coisa que nem eu mesmo entendo. O que acabo de dizer, quanto à capacidade das pessoas é certo e é sabido. E óbvio mesmo, o que não corresponde ao que me parece maravilhoso, que percebi quando ouvi a menina falar: nasceu com ela a capacidade de pensar?

A gente diz que ensinamos as crianças a falar. Sim, mas elas só aprendem porque são animais falantes. Duvido que alguém ensine um gato a falar. Conheci uma família que tinha um filho caçula, que já com dois anos não falava. Por mais que a mãe insistisse e o fizesse repetir “minha mãe gosta do Zezinho”. Ele ouvia, sorria e não falava nada. A mãe começou a se desesperar, temendo que o filho fosse mudo. E não é que, certo dia, ele disparou a falar? Sabia o nome de tudo, construía as frases perfeitamente, deixando a família inteira boquiaberta.

É que, na verdade, a criança aprende a língua do país em que ela nasceu. Mas o falar mesmo, que implica ser capaz de formular pensamentos e comunicar-se com os outros, isso nasce com a pessoa, é uma qualidade específica do bicho humano. Pensando melhor, digo que é mais que isso: a criança fala porque pensa e, por pensar, constrói uma compreensão da vida e do mundo. Isso já está latente nas primeiras palavras que a criança balbucia.

Claro, dirá você, isso é o óbvio - e é, mas é nele que reside a nossa espantosa capacidade de inventar a vida, de inventar o mundo, já nas paredes das cavernas, quando desenharam-se as primeiras imagens do bisão.

Mas o que me espanta não é exatamente isso e, sim, de onde vem isso, essa capacidade que já está latente no recém-nascido (ou no embrião?), que ainda nem mesmo enxerga. Entendo que alguns acham que foi Deus que nos criou assim e, portanto, não há por que se espantar. Mas há quem, ainda assim, se espante.

Já me vi espantado até mesmo com as aranhas, conforme já falei aqui nesta coluna. Como explicar que ela produza uma teia que é transparente para que sua possível presa - uma mosca, que seja - não a veja; e que essa teia seja pegajosa para impedir que o inseto que cair ali consiga se safar? Tudo como tem que ser. E ela, a aranha, depois de estender a teia como uma armadilha num ponto estratégico da parede, coloca-se no centro dela e ali fica, dias e dias, semanas, meses, esperando que a presa caia na armadilha e ela possa comê-la.

E quem contou à aranha que ali há moscas, que as moscas voam e que cedo ou tarde cairão na teia? A verdade é que com uma invejável capacidade artesanal e plena consciência do que faz, está ela ali, confiando no acaso que, para alguns, é Deus.

GULLAR. Ferreira. Papo sobre o óbvio. Folha de S.Paulo, 18 maio 2014. Extraído do site:<www1folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2Q14/G5/1455377- papo-sobre-o-obvio.shtml>.

Esse texto de Ferreira Gullar evidencia:
 

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O apagão poderá nos trazer alguma luz

Não tivemos guerra, não tivemos revolução, mas teremos o apagão. O apagão será uma porrada na nossa autoestima, mas terá suas vantagens.

Com o apagão, ficaremos mais humildes, como os humildes. A onda narcisista da democracia liberal ficará mais “cabreira”, as gargalhadas das colunas sociais serão menos luminosas, nossos flashes, menos gloriosos. Baixará o astral das estrelas globais, dos comedores. As bundas ficarão mais tímidas, os peitos de silicone, menos arrebitados. Ficaremos menos arrogantes na escuridão de nossas vidas de classe média. [...] Haverá algo de becos escuros, sem saída. A euforia de Primeiro Mundo falsificado cairá por terra e dará lugar a uma belíssima e genuína infelicidade.

O Brasil se lembrará do passado agropastoril que teve e ainda tem; teremos saudades do matão, do luar do sertão, da Rádio Nacional, do acendedor de lampiões da rua, dos candeeiros. Lembraremos das tristes noites dos anos 40, como dos “blackouts” da Segunda Guerra, mesmo sem submarinos, apenas sinistros assaltantes nas esquinas apagadas.

O apagão nos lembrará de velhos carnavais: “Tomara que chova três dias sem parar”. Ou: “Rio, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz!”. Lembraremo-nos dos discos de 78 rpm, das TVs em preto-e-branco, de um Brasil mais micha, mais pobre, cambaio, mas bem mais brasileiro em seu caminho da roça, que o golpe de 64 interrompeu, que esta mania prostituída de Primeiro Mundo matou a tapa.

[...]

O apagão nos mostrará que somos subdesenvolvidos, que essa superestrutura modernizante está sobre pés de barro. O apagão é um “upgrade” nas periferias e nos “bondes do Tigrão”, nos lembrando da escuridão física e mental em que vivem, fora de nossas avenidas iluminadas. O apagão nos fará mais pensativos e conscientes de nossa pequenez. Seremos mais poéticos. Em noites estreladas, pensaremos: “A solidão dos espaços infinitos nos apavora”, como disse Pascal. Ou ainda, se mais líricos, recitaremos Victor Hugo: “A hidra-universo torce seu corpo cravejado de estrelas...”.

[...] O apagão nos dará medo, o que poderá nos fazer migrar das grandes cidades, deixando para trás as avenidas secas e mortas. O apagão nos fará entender os flagelados do Nordeste, que sempre olharam o céu como uma grande ameaça. O apagão nos fará contemplar o azul sem nuvens, pois aprendemos que a natureza é quando não respeitada.

O apagão nos fará mais parcimoniosos, respeitosos e públicos. Acreditaremos menos nos arroubos de autossuficiência.

O apagão vai dividir as vidas, de novo, em dias e noites, que serão nítidos sem as luzes que a modernidade celebra para nos fascinar e nos fazer esquecer que as cidades, de perto, são feias e injustas. Vai diminuir a “feerie” do capitalismo enganador.

Vamos dormir melhor. Talvez amemos mais a verdade dos dias. Acabará a ilusão de clubbers e playboys, que terão medo dos “manos” em cruzamentos negros, e talvez o amor fique mais recolhido, sussurrado e trêmulo. Talvez o sexo se revalorize como prazer calmo e doce e fique menos rebolante e voraz. Talvez aumente a população com a diminuição das diversões eletrônicas noturnas.O apagão nos fará inseguros na rua, mas, talvez, mais amigos nos lares e bares.

Finalmente, nos fará mais perplexos, pois descobriremos que o Brasil é ainda mais absurdo, pois nunca entenderemos como, com três agências cuidando da energia, o governo foi pego de surpresa por essas trevas anunciadas. Só nos resta o consolo de saber que, no fim, o apagão nos trará alguma luz sobre quem somos.

JABOR, Arnaldo.O apagão poderá nos trazer alguma luz. folha de S. Paulo, 15 de maio de 2001.Extraído do site <www.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1505200129.htm. Acesso em 14 out. 2016. (Fragmento)

Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.

I. O apagão é oportunidade de voltar à forma simples de viver, nos campos, matos e pastores.

II. O narrador faz analogias com apagões dos anos 40, apontando que, naquele momento não se era feliz, mas hoje o desenvolvimento trouxe felicidade.

III. O medo poderá estimular as migrações e fortalecer as relações humanas.

Está correto o que se afirma em:

 

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1420508 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
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Papo sobre o óbvio

Uma coisa que faço com frequência é descobrir o óbvio. Isto é, óbvio para os outros, porque, de repente, percebo ali algo inexplicável e fascinante. Difícil é expressá-lo.

Um troço que me deixa surpreso é descobrir que uma menininha, de uns poucos anos, fala. Você pode retrucar - e daí? Gato mia antes de apreender a andar. É verdade, mas miar é uma coisa e falar é outra. Não me diga que o nosso falar equivale ao miado do gato, pois esse é um argumento que não aceito, uma que falar, diferente de miar, implica raciocinar, e foi isso que subitam ente me surpreendeu: a menina fala, pensa...

Vou ver se me explico. Aquela menininha, que agora fala e sabe o que quer, faz pouco tempo era um bebezinho que só esperneava, bracejava e grunhia. E foi assim que, inesperadamente, me perguntei: mas de onde vem isso? Sim, porque macaco é inteligente, mas não dispõe de uma linguagem logicamente construída, com sujeito, verbo, objeto...

É certo que não foi aquela menina que inventou essa linguagem, mas a verdade é que, tivesse ela nascido no Japão ou na Austrália, em Angola ou no Chile, falaria do mesmo modo -noutra língua, claro -, usaria uma linguagem que implica raciocinar, julgar, opinar, negar, afirmar, inventar.

Não sei se estou me fazendo entender, mas o certo é que me deixo ficar fascinado e perplexo por esse fato, ou seja, que diferente de todos os outros animais, eu e você somos capazes de construir um mundo de idéias, valores e opiniões. E mais: somos capazes de elaborar conceitos que buscam dar sentido à existência.

Está claro agora? Talvez sim e talvez não. Adificuldade é que estou tentando explicar uma coisa que nem eu mesmo entendo. O que acabo de dizer, quanto à capacidade das pessoas é certo e é sabido. E óbvio mesmo, o que não corresponde ao que me parece maravilhoso, que percebi quando ouvi a menina falar: nasceu com ela a capacidade de pensar?

A gente diz que ensinamos as crianças a falar. Sim, mas elas só aprendem porque são animais falantes. Duvido que alguém ensine um gato a falar. Conheci uma família que tinha um filho caçula, que já com dois anos não falava. Por mais que a mãe insistisse e o fizesse repetir “minha mãe gosta do Zezinho”. Ele ouvia, sorria e não falava nada. A mãe começou a se desesperar, temendo que o filho fosse mudo. E não é que, certo dia, ele disparou a falar? Sabia o nome de tudo, construía as frases perfeitamente, deixando a família inteira boquiaberta.

É que, na verdade, a criança aprende a língua do país em que ela nasceu. Mas o falar mesmo, que implica ser capaz de formular pensamentos e comunicar-se com os outros, isso nasce com a pessoa, é uma qualidade específica do bicho humano. Pensando melhor, digo que é mais que isso: a criança fala porque pensa e, por pensar, constrói uma compreensão da vida e do mundo. Isso já está latente nas primeiras palavras que a criança balbucia.

Claro, dirá você, isso é o óbvio - e é, mas é nele que reside a nossa espantosa capacidade de inventar a vida, de inventar o mundo, já nas paredes das cavernas, quando desenharam-se as primeiras imagens do bisão.

Mas o que me espanta não é exatamente isso e, sim, de onde vem isso, essa capacidade que já está latente no recém-nascido (ou no embrião?), que ainda nem mesmo enxerga. Entendo que alguns acham que foi Deus que nos criou assim e, portanto, não há por que se espantar. Mas há quem, ainda assim, se espante.

Já me vi espantado até mesmo com as aranhas, conforme já falei aqui nesta coluna. Como explicar que ela produza uma teia que é transparente para que sua possível presa - uma mosca, que seja - não a veja; e que essa teia seja pegajosa para impedir que o inseto que cair ali consiga se safar? Tudo como tem que ser. E ela, a aranha, depois de estender a teia como uma armadilha num ponto estratégico da parede, coloca-se no centro dela e ali fica, dias e dias, semanas, meses, esperando que a presa caia na armadilha e ela possa comê-la.

E quem contou à aranha que ali há moscas, que as moscas voam e que cedo ou tarde cairão na teia? A verdade é que com uma invejável capacidade artesanal e plena consciência do que faz, está ela ali, confiando no acaso que, para alguns, é Deus.

GULLAR. Ferreira. Papo sobre o óbvio. Folha de S.Paulo, 18 maio 2014. Extraído do site:<www1folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2Q14/G5/1455377- papo-sobre-o-obvio.shtml>.

O texto em análise constitui-se como um conjunto global, lógico, uma unidade de significado, em que as idéias estão conectadas, além de estabelecer adequadamente as relações entre as frases, costurando e unindo os elementos estruturais do texto.

O texto, portanto, é um contínuo contextual que apresenta dois elem entos de textualidade, caracterizados no parágrafo acima, denominados, respectivamente:

 

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1420045 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
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Papo sobre o óbvio

Uma coisa que faço com frequência é descobrir o óbvio. Isto é, óbvio para os outros, porque, de repente, percebo ali algo inexplicável e fascinante. Difícil é expressá-lo.

Um troço que me deixa surpreso é descobrir que uma menininha, de uns poucos anos, fala. Você pode retrucar - e daí? Gato mia antes de apreender a andar. É verdade, mas miar é uma coisa e falar é outra. Não me diga que o nosso falar equivale ao miado do gato, pois esse é um argumento que não aceito, uma que falar, diferente de miar, implica raciocinar, e foi isso que subitam ente me surpreendeu: a menina fala, pensa...

Vou ver se me explico. Aquela menininha, que agora fala e sabe o que quer, faz pouco tempo era um bebezinho que só esperneava, bracejava e grunhia. E foi assim que, inesperadamente, me perguntei: mas de onde vem isso? Sim, porque macaco é inteligente, mas não dispõe de uma linguagem logicamente construída, com sujeito, verbo, objeto...

É certo que não foi aquela menina que inventou essa linguagem, mas a verdade é que, tivesse ela nascido no Japão ou na Austrália, em Angola ou no Chile, falaria do mesmo modo -noutra língua, claro -, usaria uma linguagem que implica raciocinar, julgar, opinar, negar, afirmar, inventar.

Não sei se estou me fazendo entender, mas o certo é que me deixo ficar fascinado e perplexo por esse fato, ou seja, que diferente de todos os outros animais, eu e você somos capazes de construir um mundo de idéias, valores e opiniões. E mais: somos capazes de elaborar conceitos que buscam dar sentido à existência.

Está claro agora? Talvez sim e talvez não. Adificuldade é que estou tentando explicar uma coisa que nem eu mesmo entendo. O que acabo de dizer, quanto à capacidade das pessoas é certo e é sabido. E óbvio mesmo, o que não corresponde ao que me parece maravilhoso, que percebi quando ouvi a menina falar: nasceu com ela a capacidade de pensar?

A gente diz que ensinamos as crianças a falar. Sim, mas elas só aprendem porque são animais falantes. Duvido que alguém ensine um gato a falar. Conheci uma família que tinha um filho caçula, que já com dois anos não falava. Por mais que a mãe insistisse e o fizesse repetir “minha mãe gosta do Zezinho”. Ele ouvia, sorria e não falava nada. A mãe começou a se desesperar, temendo que o filho fosse mudo. E não é que, certo dia, ele disparou a falar? Sabia o nome de tudo, construía as frases perfeitamente, deixando a família inteira boquiaberta.

É que, na verdade, a criança aprende a língua do país em que ela nasceu. Mas o falar mesmo, que implica ser capaz de formular pensamentos e comunicar-se com os outros, isso nasce com a pessoa, é uma qualidade específica do bicho humano. Pensando melhor, digo que é mais que isso: a criança fala porque pensa e, por pensar, constrói uma compreensão da vida e do mundo. Isso já está latente nas primeiras palavras que a criança balbucia.

Claro, dirá você, isso é o óbvio - e é, mas é nele que reside a nossa espantosa capacidade de inventar a vida, de inventar o mundo, já nas paredes das cavernas, quando desenharam-se as primeiras imagens do bisão.

Mas o que me espanta não é exatamente isso e, sim, de onde vem isso, essa capacidade que já está latente no recém-nascido (ou no embrião?), que ainda nem mesmo enxerga. Entendo que alguns acham que foi Deus que nos criou assim e, portanto, não há por que se espantar. Mas há quem, ainda assim, se espante.

Já me vi espantado até mesmo com as aranhas, conforme já falei aqui nesta coluna. Como explicar que ela produza uma teia que é transparente para que sua possível presa - uma mosca, que seja - não a veja; e que essa teia seja pegajosa para impedir que o inseto que cair ali consiga se safar? Tudo como tem que ser. E ela, a aranha, depois de estender a teia como uma armadilha num ponto estratégico da parede, coloca-se no centro dela e ali fica, dias e dias, semanas, meses, esperando que a presa caia na armadilha e ela possa comê-la.

E quem contou à aranha que ali há moscas, que as moscas voam e que cedo ou tarde cairão na teia? A verdade é que com uma invejável capacidade artesanal e plena consciência do que faz, está ela ali, confiando no acaso que, para alguns, é Deus.

GULLAR. Ferreira. Papo sobre o óbvio. Folha de S.Paulo, 18 maio 2014. Extraído do site:<www1folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2Q14/G5/1455377- papo-sobre-o-obvio.shtml>.

O texto é escrito em linguagem-padrão, com interferências da oralidade.

Assinale a alternativa que apresenta informação própria da versão mais formal da língua.

 

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1420044 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO
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Papo sobre o óbvio

Uma coisa que faço com frequência é descobrir o óbvio. Isto é, óbvio para os outros, porque, de repente, percebo ali algo inexplicável e fascinante. Difícil é expressá-lo.

Um troço que me deixa surpreso é descobrir que uma menininha, de uns poucos anos, fala. Você pode retrucar - e daí? Gato mia antes de apreender a andar. É verdade, mas miar é uma coisa e falar é outra. Não me diga que o nosso falar equivale ao miado do gato, pois esse é um argumento que não aceito, uma que falar, diferente de miar, implica raciocinar, e foi isso que subitam ente me surpreendeu: a menina fala, pensa...

Vou ver se me explico. Aquela menininha, que agora fala e sabe o que quer, faz pouco tempo era um bebezinho que só esperneava, bracejava e grunhia. E foi assim que, inesperadamente, me perguntei: mas de onde vem isso? Sim, porque macaco é inteligente, mas não dispõe de uma linguagem logicamente construída, com sujeito, verbo, objeto...

É certo que não foi aquela menina que inventou essa linguagem, mas a verdade é que, tivesse ela nascido no Japão ou na Austrália, em Angola ou no Chile, falaria do mesmo modo -noutra língua, claro -, usaria uma linguagem que implica raciocinar, julgar, opinar, negar, afirmar, inventar.

Não sei se estou me fazendo entender, mas o certo é que me deixo ficar fascinado e perplexo por esse fato, ou seja, que diferente de todos os outros animais, eu e você somos capazes de construir um mundo de idéias, valores e opiniões. E mais: somos capazes de elaborar conceitos que buscam dar sentido à existência.

Está claro agora? Talvez sim e talvez não. Adificuldade é que estou tentando explicar uma coisa que nem eu mesmo entendo. O que acabo de dizer, quanto à capacidade das pessoas é certo e é sabido. E óbvio mesmo, o que não corresponde ao que me parece maravilhoso, que percebi quando ouvi a menina falar: nasceu com ela a capacidade de pensar?

A gente diz que ensinamos as crianças a falar. Sim, mas elas só aprendem porque são animais falantes. Duvido que alguém ensine um gato a falar. Conheci uma família que tinha um filho caçula, que já com dois anos não falava. Por mais que a mãe insistisse e o fizesse repetir “minha mãe gosta do Zezinho”. Ele ouvia, sorria e não falava nada. A mãe começou a se desesperar, temendo que o filho fosse mudo. E não é que, certo dia, ele disparou a falar? Sabia o nome de tudo, construía as frases perfeitamente, deixando a família inteira boquiaberta.

É que, na verdade, a criança aprende a língua do país em que ela nasceu. Mas o falar mesmo, que implica ser capaz de formular pensamentos e comunicar-se com os outros, isso nasce com a pessoa, é uma qualidade específica do bicho humano. Pensando melhor, digo que é mais que isso: a criança fala porque pensa e, por pensar, constrói uma compreensão da vida e do mundo. Isso já está latente nas primeiras palavras que a criança balbucia.

Claro, dirá você, isso é o óbvio - e é, mas é nele que reside a nossa espantosa capacidade de inventar a vida, de inventar o mundo, já nas paredes das cavernas, quando desenharam-se as primeiras imagens do bisão.

Mas o que me espanta não é exatamente isso e, sim, de onde vem isso, essa capacidade que já está latente no recém-nascido (ou no embrião?), que ainda nem mesmo enxerga. Entendo que alguns acham que foi Deus que nos criou assim e, portanto, não há por que se espantar. Mas há quem, ainda assim, se espante.

Já me vi espantado até mesmo com as aranhas, conforme já falei aqui nesta coluna. Como explicar que ela produza uma teia que é transparente para que sua possível presa - uma mosca, que seja - não a veja; e que essa teia seja pegajosa para impedir que o inseto que cair ali consiga se safar? Tudo como tem que ser. E ela, a aranha, depois de estender a teia como uma armadilha num ponto estratégico da parede, coloca-se no centro dela e ali fica, dias e dias, semanas, meses, esperando que a presa caia na armadilha e ela possa comê-la.

E quem contou à aranha que ali há moscas, que as moscas voam e que cedo ou tarde cairão na teia? A verdade é que com uma invejável capacidade artesanal e plena consciência do que faz, está ela ali, confiando no acaso que, para alguns, é Deus.

GULLAR. Ferreira. Papo sobre o óbvio. Folha de S.Paulo, 18 maio 2014. Extraído do site:<www1folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2Q14/G5/1455377- papo-sobre-o-obvio.shtml>.

Pode-se afirmar das marcas da cadeia semântica ou fluxo informacional no texto em análise que o(a):
 

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1418702 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: SEDUC-RO

O apagão poderá nos trazer alguma luz

Não tivemos guerra, não tivemos revolução, mas teremos o apagão. O apagão será uma porrada na nossa autoestima, mas terá suas vantagens.

Com o apagão, ficaremos mais humildes, como os humildes. A onda narcisista da democracia liberal ficará mais “cabreira", as gargalhadas das colunas sociais serão menos luminosas, nossos flashes, menos gloriosos. Baixará o astral das estrelas globais, dos comedores. As bundas ficarão mais tímidas, os peitos de silicone, menos arrebitados. Ficaremos menos arrogantes na escuridão de nossas vidas de classe média. [..,] Haverá algo de becos escuros, sem saída. A euforia de Primeiro Mundo falsificado cairá por terra e dará lugar a uma belíssima e genuína infelicidade.

O Brasil se lembrará do passado agropastoril que teve e ainda tem; teremos saudades do matão, do luar do sertão, da Rádio Nacional, do acendedor de lampiões da rua, dos candeeiros. Lembraremos das tristes noites dos anos 40, como dos “blackouts” da Segunda Guerra, mesmo sem submarinos, apenas sinistros assaltantes nas esquinas apagadas.

O apagão nos lembrará de velhos carnavais: “Tomara que chova três dias sem parar". Ou: “Rio, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz!". Lembraremo-nos dos discos de 78 rpm, das TVs em preto-e-branco, de um Brasil mais micha, mais pobre, cambaio, mas bem mais brasileiro em seu caminho da roça, que o golpe de 64 interrompeu, que esta mania prostituída de Primeiro Mundo matou a tapa.

[...]

O apagão nos mostrará que somos subdesenvolvidos, que essa superestrutura modernizante está sobre pés de barro. O apagão é um “upgrade" nas periferias e nos “bondes do Tigrão”, nos lembrando da escuridão física e mental em que vivem, fora de nossas avenidas iluminadas. O apagão nos fará mais pensativos e conscientes de nossa pequenez. Seremos mais poéticos. Em noites estreladas, pensaremos: “A solidão dos espaços infinitos nos apavora”, como disse Pascal. Ou ainda, se mais líricos, recitaremos Victor Hugo: "A hidra-universo torce seu corpo cravejado de estrelas...".

[...] O apagão nos dará medo, o que poderá nos fazer migrar das grandes cidades, deixando para trás as avenidas secas e mortas. O apagão nos fará entender os flagelados do Nordeste, que sempre olharam o céu como uma grande ameaça. O apagão nos fará contemplar o azul sem nuvens, pois aprendemos que a natureza é quando não respeitada.

O apagão nos fará mais parcimoniosos, respeitosos e públicos. Acreditaremos menos nos arroubos de autossuficiência.

O apagão vai dividiras vidas, de novo, em dias e noites, que serão nítidos sem as luzes que a modernidade celebra para nos fascinar e nos fazer esquecer que as cidades, de perto, são feias e injustas. Vai diminuir a “feerie" do capitalismo enganador.

Vamos dormir melhor. Talvez amemos mais a verdade dos dias. Acabará a ilusão de clubbers e playboys, que terão medo dos “manos” em cruzamentos negros, e talvez o amor fique mais recolhido, sussurrado e trêmulo. Talvez o sexo se revalorize como prazer calmo e doce e fique menos rebolante e voraz. Talvez aumente a população com a diminuição das diversões eletrônicas noturnas. O apagão nos fará inseguros na rua, mas, talvez, mais amigos nos lares e bares.

Finalmente, nos fará mais perplexos, pois descobriremos que o Brasil é ainda mais absurdo, pois nunca entenderemos como, com três agências cuidando da energia, o governo foi pego de surpresa por essas trevas anunciadas. Só nos resta o consolo de saber que, no fim, o apagão nos trará alguma luz sobre quem somos.

JABOR, Arnaldo. O apagão poderá nos trazer alguma luz. Folha de S. Paulo,São Paulo, 15 de maio 2001. Extraído do site. <www.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1505200129.htm. Acesso em 14out. 2016. (Fragmento)

Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.

I. O apagão é oportunidade de voltar à forma simples de viver, nos campos, matos e pastores.

II. O narrador faz analogias com apagões dos anos 40, apontando que, naquele momento não se era feliz, mas hoje o desenvolvimento trouxe felicidade.

III. O medo poderá estimular as migrações e fortalecer as relações humanas.

Está correto o que se afirma em:

 

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