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Leia o texto para responder a questão.
Podemos dizer que a maior e mais rica cidade do país proporciona qualidade de vida para a população?
Pesquisas têm mostrado que os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e 30 minutos no trânsito todos os dias; que as oportunidades de trabalho e renda estão concentradas em poucos distritos do centro expandido, exigindo que as pessoas façam longos deslocamentos e percam muito tempo de sua vida no trânsito; que 38% das mulheres já sofreram assédio no transporte coletivo, num evidente cerceamento de seu direito de ir e vir.
A pesquisa sobre qualidade de vida apresenta questões que abordam os sentimentos em relação à cidade e revela, por exemplo, que os paulistanos têm orgulho de onde vivem (80%). São Paulo é rica, lida com inovação, conhecimento, cultura e arte e oferece oportunidades, entretenimento e mercado de trabalho.
Há um valor em tudo isso que é incorporado pelas pessoas e se traduz no sentimento de orgulho. Por outro lado, por sua incapacidade de oferecer melhorias consistentes, há uma insatisfação com a cidade. Também são apontados problemas como violência, falta de saúde, trânsito e desigualdade.
Os paulistanos também se mostram muito distantes da vida política da cidade. Somente 4% declararam ter participado de alguma atividade na Câmara Municipal. Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições.
Os dados divulgados mostram ainda que melhorou a avaliação da administração municipal (de 15% para 18% de “ótimo” e “bom”). Repousa na Prefeitura a capacidade de planejar, mobilizar a população, ser transparente e dar andamento nas transformações da cidade. Já a avaliação da Câmara Municipal se manteve estável e em um patamar muito baixo (somente 8% de “ótimo” e “bom” e 50% de “ruim” ou “péssimo”).
Por fim, 64% deixariam a cidade se pudessem. Se a pesquisa mostra o orgulho das pessoas de viver em São Paulo, a intenção de abandono faz com que a cidade não se sinta orgulhosa dela mesma. Há muito o que fazer. Na falta de terapeutas urbanos, aos políticos e às instituições cabe melhorar a relação com a população, e pesquisas como essa podem ser preciosos guias orientadores.
E você, deixaria a cidade se pudesse?
(Jorge Abrahão. São Paulo é uma cidade atraente, mas desconsidera os anseios e carinho de sua gente. www1.folha.uol.com.br, 22.01.2020. Adaptado)
Encontra-se em conformidade com a norma-padrão de concordância verbal ou nominal a frase:
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Podemos dizer que a maior e mais rica cidade do país proporciona qualidade de vida para a população?
Pesquisas têm mostrado que os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e 30 minutos no trânsito todos os dias; que as oportunidades de trabalho e renda estão concentradas em poucos distritos do centro expandido, exigindo que as pessoas façam longos deslocamentos e percam muito tempo de sua vida no trânsito; que 38% das mulheres já sofreram assédio no transporte coletivo, num evidente cerceamento de seu direito de ir e vir.
A pesquisa sobre qualidade de vida apresenta questões que abordam os sentimentos em relação à cidade e revela, por exemplo, que os paulistanos têm orgulho de onde vivem (80%). São Paulo é rica, lida com inovação, conhecimento, cultura e arte e oferece oportunidades, entretenimento e mercado de trabalho.
Há um valor em tudo isso que é incorporado pelas pessoas e se traduz no sentimento de orgulho. Por outro lado, por sua incapacidade de oferecer melhorias consistentes, há uma insatisfação com a cidade. Também são apontados problemas como violência, falta de saúde, trânsito e desigualdade.
Os paulistanos também se mostram muito distantes da vida política da cidade. Somente 4% declararam ter participado de alguma atividade na Câmara Municipal. Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições.
Os dados divulgados mostram ainda que melhorou a avaliação da administração municipal (de 15% para 18% de “ótimo” e “bom”). Repousa na Prefeitura a capacidade de planejar, mobilizar a população, ser transparente e dar andamento nas transformações da cidade. Já a avaliação da Câmara Municipal se manteve estável e em um patamar muito baixo (somente 8% de “ótimo” e “bom” e 50% de “ruim” ou “péssimo”).
Por fim, 64% deixariam a cidade se pudessem. Se a pesquisa mostra o orgulho das pessoas de viver em São Paulo, a intenção de abandono faz com que a cidade não se sinta orgulhosa dela mesma. Há muito o que fazer. Na falta de terapeutas urbanos, aos políticos e às instituições cabe melhorar a relação com a população, e pesquisas como essa podem ser preciosos guias orientadores.
E você, deixaria a cidade se pudesse?
(Jorge Abrahão. São Paulo é uma cidade atraente, mas desconsidera os anseios e carinho de sua gente. www1.folha.uol.com.br, 22.01.2020. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o vocábulo onde foi empregado segundo a norma-padrão da língua portuguesa.
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Leia o texto para responder a questão.
Podemos dizer que a maior e mais rica cidade do país proporciona qualidade de vida para a população?
Pesquisas têm mostrado que os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e 30 minutos no trânsito todos os dias; que as oportunidades de trabalho e renda estão concentradas em poucos distritos do centro expandido, exigindo que as pessoas façam longos deslocamentos e percam muito tempo de sua vida no trânsito; que 38% das mulheres já sofreram assédio no transporte coletivo, num evidente cerceamento de seu direito de ir e vir.
A pesquisa sobre qualidade de vida apresenta questões que abordam os sentimentos em relação à cidade e revela, por exemplo, que os paulistanos têm orgulho de onde vivem (80%). São Paulo é rica, lida com inovação, conhecimento, cultura e arte e oferece oportunidades, entretenimento e mercado de trabalho.
Há um valor em tudo isso que é incorporado pelas pessoas e se traduz no sentimento de orgulho. Por outro lado, por sua incapacidade de oferecer melhorias consistentes, há uma insatisfação com a cidade. Também são apontados problemas como violência, falta de saúde, trânsito e desigualdade.
Os paulistanos também se mostram muito distantes da vida política da cidade. Somente 4% declararam ter participado de alguma atividade na Câmara Municipal. Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições.
Os dados divulgados mostram ainda que melhorou a avaliação da administração municipal (de 15% para 18% de “ótimo” e “bom”). Repousa na Prefeitura a capacidade de planejar, mobilizar a população, ser transparente e dar andamento nas transformações da cidade. Já a avaliação da Câmara Municipal se manteve estável e em um patamar muito baixo (somente 8% de “ótimo” e “bom” e 50% de “ruim” ou “péssimo”).
Por fim, 64% deixariam a cidade se pudessem. Se a pesquisa mostra o orgulho das pessoas de viver em São Paulo, a intenção de abandono faz com que a cidade não se sinta orgulhosa dela mesma. Há muito o que fazer. Na falta de terapeutas urbanos, aos políticos e às instituições cabe melhorar a relação com a população, e pesquisas como essa podem ser preciosos guias orientadores.
E você, deixaria a cidade se pudesse?
(Jorge Abrahão. São Paulo é uma cidade atraente, mas desconsidera os anseios e carinho de sua gente. www1.folha.uol.com.br, 22.01.2020. Adaptado)
No trecho – Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições. –, as vírgulas foram empregadas pela mesma razão em:
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Leia o texto para responder a questão.
Podemos dizer que a maior e mais rica cidade do país proporciona qualidade de vida para a população?
Pesquisas têm mostrado que os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e 30 minutos no trânsito todos os dias; que as oportunidades de trabalho e renda estão concentradas em poucos distritos do centro expandido, exigindo que as pessoas façam longos deslocamentos e percam muito tempo de sua vida no trânsito; que 38% das mulheres já sofreram assédio no transporte coletivo, num evidente cerceamento de seu direito de ir e vir.
A pesquisa sobre qualidade de vida apresenta questões que abordam os sentimentos em relação à cidade e revela, por exemplo, que os paulistanos têm orgulho de onde vivem (80%). São Paulo é rica, lida com inovação, conhecimento, cultura e arte e oferece oportunidades, entretenimento e mercado de trabalho.
Há um valor em tudo isso que é incorporado pelas pessoas e se traduz no sentimento de orgulho. Por outro lado, por sua incapacidade de oferecer melhorias consistentes, há uma insatisfação com a cidade. Também são apontados problemas como violência, falta de saúde, trânsito e desigualdade.
Os paulistanos também se mostram muito distantes da vida política da cidade. Somente 4% declararam ter participado de alguma atividade na Câmara Municipal. Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições.
Os dados divulgados mostram ainda que melhorou a avaliação da administração municipal (de 15% para 18% de “ótimo” e “bom”). Repousa na Prefeitura a capacidade de planejar, mobilizar a população, ser transparente e dar andamento nas transformações da cidade. Já a avaliação da Câmara Municipal se manteve estável e em um patamar muito baixo (somente 8% de “ótimo” e “bom” e 50% de “ruim” ou “péssimo”).
Por fim, 64% deixariam a cidade se pudessem. Se a pesquisa mostra o orgulho das pessoas de viver em São Paulo, a intenção de abandono faz com que a cidade não se sinta orgulhosa dela mesma. Há muito o que fazer. Na falta de terapeutas urbanos, aos políticos e às instituições cabe melhorar a relação com a população, e pesquisas como essa podem ser preciosos guias orientadores.
E você, deixaria a cidade se pudesse?
(Jorge Abrahão. São Paulo é uma cidade atraente, mas desconsidera os anseios e carinho de sua gente. www1.folha.uol.com.br, 22.01.2020. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o vocábulo destacado foi empregado em sentido figurado segundo o contexto em que se encontra:
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Leia o texto para responder a questão.
Podemos dizer que a maior e mais rica cidade do país proporciona qualidade de vida para a população?
Pesquisas têm mostrado que os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e 30 minutos no trânsito todos os dias; que as oportunidades de trabalho e renda estão concentradas em poucos distritos do centro expandido, exigindo que as pessoas façam longos deslocamentos e percam muito tempo de sua vida no trânsito; que 38% das mulheres já sofreram assédio no transporte coletivo, num evidente cerceamento de seu direito de ir e vir.
A pesquisa sobre qualidade de vida apresenta questões que abordam os sentimentos em relação à cidade e revela, por exemplo, que os paulistanos têm orgulho de onde vivem (80%). São Paulo é rica, lida com inovação, conhecimento, cultura e arte e oferece oportunidades, entretenimento e mercado de trabalho.
Há um valor em tudo isso que é incorporado pelas pessoas e se traduz no sentimento de orgulho. Por outro lado, por sua incapacidade de oferecer melhorias consistentes, há uma insatisfação com a cidade. Também são apontados problemas como violência, falta de saúde, trânsito e desigualdade.
Os paulistanos também se mostram muito distantes da vida política da cidade. Somente 4% declararam ter participado de alguma atividade na Câmara Municipal. Talvez não por outro motivo, como resposta a esse distanciamento, 63% das pessoas declararam não se lembrar dos candidatos em quem votaram nas últimas eleições.
Os dados divulgados mostram ainda que melhorou a avaliação da administração municipal (de 15% para 18% de “ótimo” e “bom”). Repousa na Prefeitura a capacidade de planejar, mobilizar a população, ser transparente e dar andamento nas transformações da cidade. Já a avaliação da Câmara Municipal se manteve estável e em um patamar muito baixo (somente 8% de “ótimo” e “bom” e 50% de “ruim” ou “péssimo”).
Por fim, 64% deixariam a cidade se pudessem. Se a pesquisa mostra o orgulho das pessoas de viver em São Paulo, a intenção de abandono faz com que a cidade não se sinta orgulhosa dela mesma. Há muito o que fazer. Na falta de terapeutas urbanos, aos políticos e às instituições cabe melhorar a relação com a população, e pesquisas como essa podem ser preciosos guias orientadores.
E você, deixaria a cidade se pudesse?
(Jorge Abrahão. São Paulo é uma cidade atraente, mas desconsidera os anseios e carinho de sua gente. www1.folha.uol.com.br, 22.01.2020. Adaptado)
De acordo com o texto, está correta a afirmação:
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Leia o texto para responder a questão.
É melhor caminhar por este bairro antes das 6 da manhã, quando a poluição é mínima, e o barulho de veículos, suportável.
A cidade ainda está escura, e as padarias, fechadas. Na calçada do bar da esquina, há copos de plástico e sacos de lixo. Passo perto de pessoas conhecidas: um sem-teto deitado na grama da pracinha, um mendigo na entrada de uma estação de metrô, três empregados de uma padaria que frequento me dão bom-dia e nós quatro nos assustamos com os latidos de um cachorro que protegia a traseira de um carro, ultrapassando o limite da casa e invadindo a calçada, de modo que a mãe que empurra o carrinho de bebê tem de sair da calçada esburacada e andar na rua também esburacada.
No caminho de volta, há anos vejo a mulher na mesma posição: o rosto e os braços erguidos para o céu, o cabelo loiro e ondulado caindo até a cintura como se fosse uma manta dourada.
Quando saí para caminhar pela primeira vez, lembro que me desviei dessa mulher estranha, com seus gestos, usando um pijama de flanela e pantufas puídas – parecia uma atriz sem plateia, uma atriz que encena uma peça com os mesmos gestos e figurino num mesmo cenário, mas que muda o texto em cada encenação. Enchi um caderno com palavras que ela disse nesse tempo em que fui um de seus poucos espectadores, pedaços de frases que eu ouvia enquanto passava a dois metros da manta amarela, às vezes observando o que seria o jardim da casa da atriz: um matagal denso, escuro, cheio de árvores frutíferas, que me fazia recordar os quintais da minha infância. As últimas palavras que gravei e anotei foram “As asas da borboleta louca vão provocar um furacão, vocês não acreditam?” e “Deus, não merecemos tanto escárnio, tanto cinismo…”.
Na semana passada, não ouvi mais a voz dessa mulher. Fui tomado por uma tristeza enorme quando vi uma bananeira solitária onde antes havia um matagal. Parei diante da casa – a última casa antiga do meu bairro – e li no alto da fachada o ano em que foi construída: 1889. A janela da sala estava escancarada, pude ver uma peruca loira cobrindo a tela de um velho aparelho de TV e, sobre um sofá também velho, o pijama de flanela.
Se os herdeiros ao menos tivessem conservado as árvores do quintal, pensei. Mas nem isso. Agora as caminhadas serão tediosas sem a presença da atriz que dizia coisas tão insensatas e talvez verdadeiras.
(Milton Hatoum. A borboleta louca. https://cultura.estadao.com.br, 01.10.2010. Adaptado)
Quanto ao emprego do acento indicativo de crase, assinale a alternativa que apresenta frase em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa.
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Leia o texto para responder a questão.
É melhor caminhar por este bairro antes das 6 da manhã, quando a poluição é mínima, e o barulho de veículos, suportável.
A cidade ainda está escura, e as padarias, fechadas. Na calçada do bar da esquina, há copos de plástico e sacos de lixo. Passo perto de pessoas conhecidas: um sem-teto deitado na grama da pracinha, um mendigo na entrada de uma estação de metrô, três empregados de uma padaria que frequento me dão bom-dia e nós quatro nos assustamos com os latidos de um cachorro que protegia a traseira de um carro, ultrapassando o limite da casa e invadindo a calçada, de modo que a mãe que empurra o carrinho de bebê tem de sair da calçada esburacada e andar na rua também esburacada.
No caminho de volta, há anos vejo a mulher na mesma posição: o rosto e os braços erguidos para o céu, o cabelo loiro e ondulado caindo até a cintura como se fosse uma manta dourada.
Quando saí para caminhar pela primeira vez, lembro que me desviei dessa mulher estranha, com seus gestos, usando um pijama de flanela e pantufas puídas – parecia uma atriz sem plateia, uma atriz que encena uma peça com os mesmos gestos e figurino num mesmo cenário, mas que muda o texto em cada encenação. Enchi um caderno com palavras que ela disse nesse tempo em que fui um de seus poucos espectadores, pedaços de frases que eu ouvia enquanto passava a dois metros da manta amarela, às vezes observando o que seria o jardim da casa da atriz: um matagal denso, escuro, cheio de árvores frutíferas, que me fazia recordar os quintais da minha infância. As últimas palavras que gravei e anotei foram “As asas da borboleta louca vão provocar um furacão, vocês não acreditam?” e “Deus, não merecemos tanto escárnio, tanto cinismo…”.
Na semana passada, não ouvi mais a voz dessa mulher. Fui tomado por uma tristeza enorme quando vi uma bananeira solitária onde antes havia um matagal. Parei diante da casa – a última casa antiga do meu bairro – e li no alto da fachada o ano em que foi construída: 1889. A janela da sala estava escancarada, pude ver uma peruca loira cobrindo a tela de um velho aparelho de TV e, sobre um sofá também velho, o pijama de flanela.
Se os herdeiros ao menos tivessem conservado as árvores do quintal, pensei. Mas nem isso. Agora as caminhadas serão tediosas sem a presença da atriz que dizia coisas tão insensatas e talvez verdadeiras.
(Milton Hatoum. A borboleta louca. https://cultura.estadao.com.br, 01.10.2010. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o termo entre parênteses substitui corretamente a expressão.
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Leia o texto para responder a questão.
É melhor caminhar por este bairro antes das 6 da manhã, quando a poluição é mínima, e o barulho de veículos, suportável.
A cidade ainda está escura, e as padarias, fechadas. Na calçada do bar da esquina, há copos de plástico e sacos de lixo. Passo perto de pessoas conhecidas: um sem-teto deitado na grama da pracinha, um mendigo na entrada de uma estação de metrô, três empregados de uma padaria que frequento me dão bom-dia e nós quatro nos assustamos com os latidos de um cachorro que protegia a traseira de um carro, ultrapassando o limite da casa e invadindo a calçada, de modo que a mãe que empurra o carrinho de bebê tem de sair da calçada esburacada e andar na rua também esburacada.
No caminho de volta, há anos vejo a mulher na mesma posição: o rosto e os braços erguidos para o céu, o cabelo loiro e ondulado caindo até a cintura como se fosse uma manta dourada.
Quando saí para caminhar pela primeira vez, lembro que me desviei dessa mulher estranha, com seus gestos, usando um pijama de flanela e pantufas puídas – parecia uma atriz sem plateia, uma atriz que encena uma peça com os mesmos gestos e figurino num mesmo cenário, mas que muda o texto em cada encenação. Enchi um caderno com palavras que ela disse nesse tempo em que fui um de seus poucos espectadores, pedaços de frases que eu ouvia enquanto passava a dois metros da manta amarela, às vezes observando o que seria o jardim da casa da atriz: um matagal denso, escuro, cheio de árvores frutíferas, que me fazia recordar os quintais da minha infância. As últimas palavras que gravei e anotei foram “As asas da borboleta louca vão provocar um furacão, vocês não acreditam?” e “Deus, não merecemos tanto escárnio, tanto cinismo…”.
Na semana passada, não ouvi mais a voz dessa mulher. Fui tomado por uma tristeza enorme quando vi uma bananeira solitária onde antes havia um matagal. Parei diante da casa – a última casa antiga do meu bairro – e li no alto da fachada o ano em que foi construída: 1889. A janela da sala estava escancarada, pude ver uma peruca loira cobrindo a tela de um velho aparelho de TV e, sobre um sofá também velho, o pijama de flanela.
Se os herdeiros ao menos tivessem conservado as árvores do quintal, pensei. Mas nem isso. Agora as caminhadas serão tediosas sem a presença da atriz que dizia coisas tão insensatas e talvez verdadeiras.
(Milton Hatoum. A borboleta louca. https://cultura.estadao.com.br, 01.10.2010. Adaptado)
Os vocábulos em destaque denso e tediosas apresentam como sinônimo e antônimo, respectivamente, no contexto em que se encontram:
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Leia o texto para responder a questão.
É melhor caminhar por este bairro antes das 6 da manhã, quando a poluição é mínima, e o barulho de veículos, suportável.
A cidade ainda está escura, e as padarias, fechadas. Na calçada do bar da esquina, há copos de plástico e sacos de lixo. Passo perto de pessoas conhecidas: um sem-teto deitado na grama da pracinha, um mendigo na entrada de uma estação de metrô, três empregados de uma padaria que frequento me dão bom-dia e nós quatro nos assustamos com os latidos de um cachorro que protegia a traseira de um carro, ultrapassando o limite da casa e invadindo a calçada, de modo que a mãe que empurra o carrinho de bebê tem de sair da calçada esburacada e andar na rua também esburacada.
No caminho de volta, há anos vejo a mulher na mesma posição: o rosto e os braços erguidos para o céu, o cabelo loiro e ondulado caindo até a cintura como se fosse uma manta dourada.
Quando saí para caminhar pela primeira vez, lembro que me desviei dessa mulher estranha, com seus gestos, usando um pijama de flanela e pantufas puídas – parecia uma atriz sem plateia, uma atriz que encena uma peça com os mesmos gestos e figurino num mesmo cenário, mas que muda o texto em cada encenação. Enchi um caderno com palavras que ela disse nesse tempo em que fui um de seus poucos espectadores, pedaços de frases que eu ouvia enquanto passava a dois metros da manta amarela, às vezes observando o que seria o jardim da casa da atriz: um matagal denso, escuro, cheio de árvores frutíferas, que me fazia recordar os quintais da minha infância. As últimas palavras que gravei e anotei foram “As asas da borboleta louca vão provocar um furacão, vocês não acreditam?” e “Deus, não merecemos tanto escárnio, tanto cinismo…”.
Na semana passada, não ouvi mais a voz dessa mulher. Fui tomado por uma tristeza enorme quando vi uma bananeira solitária onde antes havia um matagal. Parei diante da casa – a última casa antiga do meu bairro – e li no alto da fachada o ano em que foi construída: 1889. A janela da sala estava escancarada, pude ver uma peruca loira cobrindo a tela de um velho aparelho de TV e, sobre um sofá também velho, o pijama de flanela.
Se os herdeiros ao menos tivessem conservado as árvores do quintal, pensei. Mas nem isso. Agora as caminhadas serão tediosas sem a presença da atriz que dizia coisas tão insensatas e talvez verdadeiras.
(Milton Hatoum. A borboleta louca. https://cultura.estadao.com.br, 01.10.2010. Adaptado)
Quanto ao segundo parágrafo do texto, é correto afirmar que
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É melhor caminhar por este bairro antes das 6 da manhã, quando a poluição é mínima, e o barulho de veículos, suportável.
A cidade ainda está escura, e as padarias, fechadas. Na calçada do bar da esquina, há copos de plástico e sacos de lixo. Passo perto de pessoas conhecidas: um sem-teto deitado na grama da pracinha, um mendigo na entrada de uma estação de metrô, três empregados de uma padaria que frequento me dão bom-dia e nós quatro nos assustamos com os latidos de um cachorro que protegia a traseira de um carro, ultrapassando o limite da casa e invadindo a calçada, de modo que a mãe que empurra o carrinho de bebê tem de sair da calçada esburacada e andar na rua também esburacada.
No caminho de volta, há anos vejo a mulher na mesma posição: o rosto e os braços erguidos para o céu, o cabelo loiro e ondulado caindo até a cintura como se fosse uma manta dourada.
Quando saí para caminhar pela primeira vez, lembro que me desviei dessa mulher estranha, com seus gestos, usando um pijama de flanela e pantufas puídas – parecia uma atriz sem plateia, uma atriz que encena uma peça com os mesmos gestos e figurino num mesmo cenário, mas que muda o texto em cada encenação. Enchi um caderno com palavras que ela disse nesse tempo em que fui um de seus poucos espectadores, pedaços de frases que eu ouvia enquanto passava a dois metros da manta amarela, às vezes observando o que seria o jardim da casa da atriz: um matagal denso, escuro, cheio de árvores frutíferas, que me fazia recordar os quintais da minha infância. As últimas palavras que gravei e anotei foram “As asas da borboleta louca vão provocar um furacão, vocês não acreditam?” e “Deus, não merecemos tanto escárnio, tanto cinismo…”.
Na semana passada, não ouvi mais a voz dessa mulher. Fui tomado por uma tristeza enorme quando vi uma bananeira solitária onde antes havia um matagal. Parei diante da casa – a última casa antiga do meu bairro – e li no alto da fachada o ano em que foi construída: 1889. A janela da sala estava escancarada, pude ver uma peruca loira cobrindo a tela de um velho aparelho de TV e, sobre um sofá também velho, o pijama de flanela.
Se os herdeiros ao menos tivessem conservado as árvores do quintal, pensei. Mas nem isso. Agora as caminhadas serão tediosas sem a presença da atriz que dizia coisas tão insensatas e talvez verdadeiras.
(Milton Hatoum. A borboleta louca. https://cultura.estadao.com.br, 01.10.2010. Adaptado)
A partir da leitura do texto pode-se concluir que
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