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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
A opção em que a concordância nominal está correta, segundo o registro culto e formal da língua, é
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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Assinale a opção em que o termo em que tem a mesma função sintática do destacado em “No momento em que saía de casa,”.
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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Duas palavras cuja acentuação NÃO ocorre, segundo o registro culto e formal da língua, pela mesma regra, são:
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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
As palavras são grafadas, respectivamente, com as mesmas letras destacadas nas palavras “algazarra” e “isqueiro” em
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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
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Em “Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos.”, o operador destacado introduz, em relação ao enunciado anterior, um argumento
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Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”,(a) ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.”(b) “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”(c)
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?”(d) “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida.(e) A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Qual é o trecho que corresponde à fala do personagem narrador?
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Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.(a)
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor.(b) O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou,(c) pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles(d) enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.(e)
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Caracteriza-se como uma descrição a seguinte passagem:
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Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado,(a) com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.(b)
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.”(c) “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água(d) e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha(e) e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Qual passagem encerra uma censura, uma crítica?
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Texto II
Uma lição de vida
Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou.(a) “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.(b)
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água(c) e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo,(d) dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei:(e) “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
Disponível em <http://umacoisaeoutra.com.br/cultura/jorge.htm>.
Acesso em 10 dez. 2009.
Em “No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo.”, os fatos acontecem numa relação concomitante de tempo. Ocorre essa mesma relação temporal entre os fatos apresentados em
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Uma coisa que sempre me comoveu (e intrigou) é a alegria da rapaziada da coleta de lixo. Dia sim, dia não, o caminhão da SLU desce a minha rua e eles fazem aquela algazarra. Quase sempre estão brincando, tirando sarro uns com os outros, sorridentes e solícitos com os moradores. Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo, encontram tempo para gritar “bom dia, patrão” ou para comentar a vitória do Galo, a derrota do Cruzeiro ou vice-versa.
Dia desses levantei de bom humor, o que nem sempre acontece nas manhãs quentes de verão. No momento em que saía de casa, vi surgir no topo da rua o grande caminhão amarelo. E eis que de sua traseira saltou um negão todo suado, com um sorriso branco no meio da cara. A vizinha do lado estava lavando o passeio, desperdiçando água como já é de costume.
O sujeito limpou o suor na manga da camisa e a cumprimentou. “Será que a senhora me deixa beber um pouco d’água?”, ele perguntou sem rodeios. “Essa água não é boa”, ela disse. “Espera um pouco que eu busco água filtrada.” “Que é isso, madame? Precisa não.
Água da mangueira já está bom demais.”
Ela estendeu o jato d’água e ele se deliciou.
Depois de beber boas goladas, meteu a carapinha sob a água e se refrescou. O sol no céu azul estava de arrebentar mamona e o alto da rua oscilava sob o efeito do calor. O negão agradeceu a “caridade” da minha vizinha e seguiu correndo atrás do caminhão amarelo, dentro do qual atirava os sacos de lixo apanhados no passeio.
Na esquina de baixo, o caminhão parou, pois o condomínio em frente sempre produz muitos sacos plásticos. Quando passei pelo negão e seu companheiro, ambos atiravam sacos no triturador do caminhão. Parei na sombra de uma quaresmeira para observar o trabalho deles enquanto esperava ônibus.
O motorista saiu da boleia com um cigarro na boca e perguntou se eu tinha fósforo. Emprestei-lhe o isqueiro e, enquanto ele acendia o seu “mata rato”, comentei: “Sempre admirei a alegria com que vocês trabalham.”
O motorista soprou a fumaça, devolveu-me o isqueiro e comentou: “E por que a gente devia de ser triste?” “Não sei... Um trabalho desses não deve ser mole.”
“Claro que não”, ele retrucou. “Mas duro mesmo é a vida de quem revira o lixo à procura de comida. A gente pelo menos não chegamos lá.” Em seguida, ele entrou na boleia, os dois homens de amarelo terminaram a coleta e subiram na carroceria. O caminhão arrancou e eu fiquei pensativo, enquanto esperava o “busun”.
SANTOS, Jorge Fernando dos.
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Acesso em 10 dez. 2009.
Em “Mesmo na pressa de apanhar os sacos de lixo,”, o elemento destacado, no contexto em que se insere, tem valor argumentativo de
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