Foram encontradas 40 questões.
Leia o TEXTO 03 para responder à questão.
TEXTO 03
Disponível em: <http://pehdechinelo.blogspot.com.br/2012/06/havaianas-qual-sua.html>. Acesso em: 11 out. 2016.
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Leia os TEXTO 11 para responder à questão.
TEXTO 11
CATAR FEIJÃO
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.
MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996
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Leia o TEXTO 13 para responder à questão.
TEXTO 13
OS INSTITUTOS FEDERAIS:
UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
![Enunciado 1421470-1](/images/concursos/7/b/f/7bffa14f-2958-0d4b-e2d7-3715951ed2d3.png)
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Leia o TEXTO 14 para responder à questão.
TEXTO 14
FOLHA DE ROSTO
![Enunciado 1421469-1](/images/concursos/0/b/9/0b954f6b-e09c-019b-f09b-c5074d2bf64d.png)
Eliezer Pacheco
Organizador
INSTITUTOS FEDERAIS
UMA REVOLUÇÃO
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA
Brasília, 2011
São Paulo, 2011
FundaçãoSantillana
Moderna
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Leia o TEXTO 16 para responder à questão.
TEXTO 16
![Enunciado 1421468-1](/images/concursos/5/f/0/5f067729-3ece-d3fe-410c-d353a435f3fc.png)
I. Com sua pergunta, o personagem coloca em xeque a primazia do trabalho sobre o trabalhador. II. O TEXTO 16 confronta duas perspectivas sobre o trabalho – como meio de ganhar a vida ou de desperdiçá-la. III. Implicitamente o TEXTO 16 dialoga com a ideia de que “o trabalho dignifica o homem”, questionando-a. IV. O autor do texto faz um jogo de linguagem no segundo quadrinho para evidenciar a incoerência do pensamento em torno do trabalho. V. No primeiro quadrinho, Miguelito ecoa o discurso do senso comum, enquanto no segundo, ele imprime sua análise pessoal sobre o fenômeno do trabalho.
Estão CORRETAS as proposições
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Leia o TEXTO para responder à questão.
CUIDADO COM OS REVIZORES
Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a
pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte
profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso
pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou
processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda
vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando
que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo:
“ônus” ou “carvalho” e depois fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país
se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por
sabotagem.
Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que
existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros
de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e
gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados
de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia.
Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores
significaria para a nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não
se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos
indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais
seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados
por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam
desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de
uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode
fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa
do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não
cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume
de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção
bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira
juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre do poder dos revisores.
A mesma bíblia do rei James serve como um alerta (ou como o incentivo, dependendo de
como se entender a história) para a possibilidade que o revisor tem de interferir no texto. O
objetivo de James I era fazer uma versão definitiva da Bíblia em inglês, com aprovação real,
para substituir todas as outras traduções da época, principalmente as que mostravam uma certa
simpatia republicana nas entrelinhas como a Bíblia de Genebra, feita por calvinistas e adotada
pelos puritanos ingleses, e que é a única Bíblia da História em que Adão e Eva vestem calções.
Para isso, James reuniu um time dividido entre os que cuidariam do Velho e do Novo
Testamento, das partes proféticas e das partes poéticas, etc. Especula-se que as traduções dos
trechos poéticos teriam sido distribuídas entre os poetas praticantes da época, para revisarem e,
se fosse o caso, melhorarem, desde que não traíssem o original. Entre os poetas em atividade na
Inglaterra de James I estava William Shakespeare. O que explicaria o fato de o nome de
Shakespeare aparecer no Salmo 46 – “shake” é a 46ª palavra do salmo a contar do começo,
“speare” a 46ª a contar do fim. Na tarefa de revisor, e incerto sobre a sua permanência na
História como sonetista ou dramaturgo, Shakespeare teria inserido seu nome clandestina e
disfarçadamente numa obra que sem dúvida sobreviveria aos séculos. (Infelizmente, diz
Anthony Burgess, em cujo livro “A mouthful of air” a encontrei, há pouca probabilidade de
esta história ser verdadeira. De qualquer maneira, vale para ilustrar a tentação que todo revisor
deve sentir de deixar sua marca, como grafite, na criação alheia.)
Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a
porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas,
mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os
pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar
adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais
uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Cuidado com os revizores. VIP Exame, mar. 1995, p. 36-37.
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Leia o TEXTO para responder à questão.
CUIDADO COM OS REVIZORES
Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a
pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte
profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso
pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou
processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda
vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando
que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo:
“ônus” ou “carvalho” e depois fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país
se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por
sabotagem.
Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que
existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros
de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e
gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados
de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia.
Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores
significaria para a nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não
se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos
indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais
seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados
por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam
desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de
uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode
fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa
do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não
cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume
de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção
bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira
juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre do poder dos revisores.
A mesma bíblia do rei James serve como um alerta (ou como o incentivo, dependendo de
como se entender a história) para a possibilidade que o revisor tem de interferir no texto. O
objetivo de James I era fazer uma versão definitiva da Bíblia em inglês, com aprovação real,
para substituir todas as outras traduções da época, principalmente as que mostravam uma certa
simpatia republicana nas entrelinhas como a Bíblia de Genebra, feita por calvinistas e adotada
pelos puritanos ingleses, e que é a única Bíblia da História em que Adão e Eva vestem calções.
Para isso, James reuniu um time dividido entre os que cuidariam do Velho e do Novo
Testamento, das partes proféticas e das partes poéticas, etc. Especula-se que as traduções dos
trechos poéticos teriam sido distribuídas entre os poetas praticantes da época, para revisarem e,
se fosse o caso, melhorarem, desde que não traíssem o original. Entre os poetas em atividade na
Inglaterra de James I estava William Shakespeare. O que explicaria o fato de o nome de
Shakespeare aparecer no Salmo 46 – “shake” é a 46ª palavra do salmo a contar do começo,
“speare” a 46ª a contar do fim. Na tarefa de revisor, e incerto sobre a sua permanência na
História como sonetista ou dramaturgo, Shakespeare teria inserido seu nome clandestina e
disfarçadamente numa obra que sem dúvida sobreviveria aos séculos. (Infelizmente, diz
Anthony Burgess, em cujo livro “A mouthful of air” a encontrei, há pouca probabilidade de
esta história ser verdadeira. De qualquer maneira, vale para ilustrar a tentação que todo revisor
deve sentir de deixar sua marca, como grafite, na criação alheia.)
Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a
porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas,
mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os
pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar
adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais
uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Cuidado com os revizores. VIP Exame, mar. 1995, p. 36-37.
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Leia os TEXTO 11 para responder à questão.
TEXTO 11
CATAR FEIJÃO
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.
MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996
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Leia o TEXTO 12 para responder à questão.
TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?
Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é
secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a
designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes
que mais caem nessa armadilha.
Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e
ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão
semântica é fundamental.
Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que
cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de
‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para
fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim
evitam o problema, ou que o superam.
Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de
novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua
avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses
liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se
a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas”
do status quo – são outras de suas palavras.
Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga”
combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da
globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.
Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é,
que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não
qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou
venezuelano.
Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário.
Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada
palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos
ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo
dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente,
pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete
em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma
bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes
conforme seja diferente a situação que defendem.
Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que
ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir
oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias;
conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a
qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida.
Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja
monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando
hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política
de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto,
cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras
Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens,
monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como
museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis
Ex.: os c. do registro civil.
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma
corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.>
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças,
relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe.
Perspectiva ideológica
Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem
parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2,
como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes:
uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status
quo (definição próxima da de Troyjo).
Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do
autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua.
A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua.
Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto,
moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou
melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de
reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas
palavras vão diretamente para as coisas.
O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem
é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou
‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que
é ele que se refere verdadeiramente às coisas.
POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
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Leia o TEXTO 12 para responder à questão.
TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?
Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é
secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a
designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes
que mais caem nessa armadilha.
Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e
ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão
semântica é fundamental.
Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que
cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de
‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para
fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim
evitam o problema, ou que o superam.
Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de
novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua
avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses
liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se
a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas”
do status quo – são outras de suas palavras.
Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga”
combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da
globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.
Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é,
que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não
qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou
venezuelano.
Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário.
Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada
palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos
ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo
dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente,
pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete
em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma
bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes
conforme seja diferente a situação que defendem.
Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que
ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir
oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias;
conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a
qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida.
Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja
monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando
hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política
de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto,
cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras
Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens,
monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como
museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis
Ex.: os c. do registro civil.
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma
corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.>
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças,
relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe.
Perspectiva ideológica
Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem
parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2,
como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes:
uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status
quo (definição próxima da de Troyjo).
Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do
autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua.
A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua.
Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto,
moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou
melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de
reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas
palavras vão diretamente para as coisas.
O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem
é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou
‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que
é ele que se refere verdadeiramente às coisas.
POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
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