Texto II
O caminho de volta
“Sossega, menino, parece que tem bicho-carpinteiro
no corpo!”, ralhava minha mãe. Nunca consegui
saber com exatidão como era o tal bicho-carpinteiro.
Luís da Câmara Cascudo, mestre de sapiência maior
5 nessas coisas do povo, nada esclarece, mas, pelo sentido
da frase, dá para entender que é alguma aflição que
nos faz viver num movimento perpétuo. Se é isso mesmo,
não creio que seja defeito para um repórter. Pelo
menos, nos faz sempre voltar para a cidade de onde
10 partimos, que é aquela cujas esquinas conhecemos,
onde esbarramos nas ruas com conhecidos ou com
velhos amigos, cujos cheiros, sons e cores nos trazem
lembranças. É muito bom ter para onde voltar, posso
garantir, tendo passado tantos anos proibido de fazer
15 esse retorno. Joaquim du Bellay, poeta renascentista
francês, nos ensina que “feliz é quem, como Ulisses,
fez uma bela viagem, e, depois, voltou, cheio de sabedoria,
a viver o resto de seus dias entre os seus parentes”.
ALVES, Marcio Moreira. O Globo. 18 dez. 2003.
Observe:
I - “Sossega, menino,” (l.1 )
II - “Luís da Câmara Cascudo, mestre de sapiência maior nessas coisas do povo, nada esclarece,” (l. 4-5)
III - “Bellay, poeta renascentista francês, nos ensina...” (l. 15-16)
Funciona(m) como aposto o(s) termo(s) negritado(s) na(s) frase(s):