Quanto maior a distância entre os poucos ricos e os numerosos pobres, piores os problemas sociais: o conceito se aplica tanto aos países ricos quanto aos pobres. Não importa quanto uma nação seja afluente, mas seu grau de desigualdade. A Suécia ou a Finlândia, dois dos países mais ricos do mundo em renda per capita e PIB, apresentam uma distância pequena entre os cidadãos mais ricos e os mais pobres — e, portanto, lideram de forma consistente os índices mundiais de bem-estar mensurável. Os Estados Unidos da América (EUA), por sua vez, apesar da imensa riqueza acumulada, apresentam sempre valores baixos para esses critérios. Gastamos grandes somas em saúde, mas a expectativa de vida nos EUA continua sendo inferior à da Bósnia e ligeiramente superior à da Albânia.
A desigualdade é corrosiva. Faz que as sociedades apodreçam por dentro. O impacto das diferenças materiais exige algum tempo para se manifestar, mas, aos poucos, a competição por status e bens aumenta; as pessoas desenvolvem uma sensação de superioridade (ou inferioridade) baseada em seu patrimônio; cresce o preconceito contra os que ocupam os patamares inferiores da pirâmide social; o crime se agrava;e as patologias ligadas à desigualdade social se destacam ainda mais. O legado da acumulação desregulada da riqueza, sem dúvida, é amargo.
Tony Judt. O mal ronda a terra: um tratado sobre as insatisfações do presente. Celso Nogueira (Trad.). Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 30 (com adaptações).
Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item a seguir.
De acordo com o texto, a competição por status e bens materiais estabelece um alto grau de desigualdade no interior dos países capitalistas, o que corrói a riqueza por eles acumulada.