Para responder à questão, considere o Texto V abaixo.
TEXTO V
Por Clarice Lispector
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
--Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
-- Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa.
-- Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
(Texto adaptado especialmente para esta prova. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/)
A partir da leitura do Texto V, assinale a alternativa que melhor descreve o comportamento da personagem perante o chicle e ao que sua irmã lhe conta sobre a bala.