Magna Concursos
1288760 Ano: 2019
Disciplina: Português
Banca: UFSM
Orgão: UFSM
Provas:

Para responder à questão, leia o texto a seguir.

O ódio na internet

Quando usamos a palavra nazista para quem chutou um cachorro em um dia de fúria, que palavra vamos usar para quem comete regularmente crimes hediondos contra a humanidade? Mas a grande questão não é o desgaste semântico e o julgamento sumário. A pergunta mais procedente é: a internet revela a agressividade que está latente em nós ou é ela mesma que propicia um comportamento um tom acima do que já usamos?

Acredito na segunda hipótese, porque somos a primeira geração que massivamente usa a internet. Ainda não temos uma cultura de convívio, uma etiqueta peculiar para esse espaço. Recém-chegados e broncos, ainda escarramos no chão e não sabemos nos comportar. Somos os inventores e as cobaias dessa nova experiência de convívio.

Agregue a isso a ausência física do interlocutor, não há corpos presentes. Quando a distância do outro aumenta, seu olhar não é visível, todas as ovelhas viram lobos e a bravata toma conta. Acrescente ainda o imediatismo, a rapidez da rede que permite fazer sem pensar. Escrever uma carta dispendia tempo, até mandá-la tínhamos refletido melhor. Agora usamos o calor do momento, que é péssimo conselheiro.

As redes sociais são um meio quase de mão única: muita exposição e pouco retorno. Somos narcisistas, mas acima disso somos carentes, queremos é ser notados, admirados. Para tanto, num lugar onde todos falam ao mesmo tempo e ninguém escuta, é natural que falemos aos berros. Tendemos ao exagero, ao insólito, ao bizarro para nos destacar da massa.

Talvez a causa mais importante seja a sensação de irrelevância política dominante. O cidadão médio considera-se impotente perante a realidade. Não se sente representado por ninguém, as grandes discussões são complexas e ele pouco entende. A rede é porosa para o desabafo do seu mal-estar. Acredita que pode fazer política, ainda que minúscula, com suas investidas indignadas contra tudo e todo. O efeito é apenas catártico, uma caricatura de intervenção social. Não passa de ressentimento destilado, mas alivia.

TalvezI) nosso olhar viciado coloque o termômetro em lugares errados. Por duas razões: o que é bom não dá manchete, e compartilhamos uma ideia difusa de que vivemos um momento de declínio moral e espiritual. AlardeamosII) que o tempo da utopia acabou, viveríamos a época das distopias. Acalentamos, sem nenhuma base na realidade, a crença de que enquanto civilização estaríamosI), como nunca anteriormente, rumando em direção à barbárieIII). Procuramos indícios do mito da decadência para referendarIII) essa tese e, para isso, nada melhor do que as besteiras ditas sem pensar na internet.

De qualquer forma, se o ministério do bom senso existisse, advertiria: aprecie as redes sociais com moderação.

Fonte: CORSO, Mário. O ódio na internet. Disponível em:

marioedianacorso.com/o_odio_na_internet. Acesso em: 13 jun. 2019.(Adaptado)

Considere o que se afirma sobre a seleção lexical, a organização linguística e a relação com o conteúdo apresentado na parte final do texto, conforme destaque.

I - Com a escolha de Talvez e estaríamos, o autor apresenta algumas de suas reflexões sobre a vida contemporânea apenas como possibilidade de interpretação, sem afirmá-las categoricamente.

II - Com a seleção de Alardeamos, o autor articula a seu texto um discurso citado cuja fonte é o cidadão médio, referido no parágrafo anterior.

III - Com a escolha de referendar, o autor destaca que ele refuta a ideia de que os seres humanos estão atualmente rumando em direção à barbárie.

Está(ão) correta(s)

 

Provas

Questão presente nas seguintes provas

Engenheiro Agrônomo

50 Questões

Nutricionista

50 Questões