Magna Concursos
980197 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: UFSM
Orgão: UFSM

Para responder a questão, leia o texto a seguir.

Os conceitos de polidez – e de falta dela – são construções culturais particulares de cada sociedade. No português falado no Brasil, por exemplo, considera-se falta de educação pedir algo para alguém sem usar a palavra “por favor”. Um pedido simples, como “pegue um copo de água”, sem o “por favor”, ganha ares de ordem, transmite arrogância e grosseria. O mesmo vale para outros idiomas latinos, como o francês e o espanhol, e até para a língua inglesa: todas elas possuem equivalentes ao “por favor”, usado para comunicar respeito e entendido como uma forma de fazer um pedido de maneira amistosa e educada. Desse modo, transmitir gentileza e polidez ao fazer um pedido é uma maneira de evitar aversão, conservar uma relação social e, por consequência, aumentar as chances de ter o pedido atendido.

Mas esse não é exatamente o caso do grego antigo, especialmente aquele falado até o séc. 4 a.C. A língua falada pelos gregos na época não possuía um termo equivalente a "por favor". Os pedidos eram feitos como ordens, simplesmente, e não eram entendidos como um sinal de falta de cortesia. Eleanor Dickey, professora de cultura clássica na Universidade de Reading, no Reino Unido, explica, em um artigo baseado em estudo que publicou em 2016 sobre linguagem emocional e polidez no grego antigo, como a ausência de democracia foi o catalisador para que todo um idioma se tornasse mais gentil.

A sociedade grega antiga – ou ao menos a parte dela que produzia a literatura à qual os pesquisadores hoje têm acesso – tinha a democracia e a igualdade como valores caros.

Dickey observa que, embora essa igualdade não se estendesse para mulheres e escravos, ela era aplicada de maneira rígida entre os homens gregos, indivíduos que se enxergavam como iguais independente da posição social e que viviam em um sistema político que reforçava essa visão. A teoria deDickey propõe que, por isso, havia um esforço e um costume de tratar a todos da mesma maneira. Consequentemente, não haveria necessidade de uma forma linguística para marcar um pedido “educado” e outra que designasse uma ordem mais rude. Todos os pedidos eram iguais.

Tudo mudou com a conquista da Grécia no século 4 a.C. pelo então rei da Macedônia, Filipe II, pai de Alexandre, o Grande. Filipe e seus sucessores tornaram o grego a língua oficial do império, que se estendia por todo o leste do Mediterrâneo. Documentos oficiais, produções culturais, impostos e negócios passarama ser feitos em grego e a língua, a partir daí, ganhou milhares de novos falantes.

A cultura grega de democracia e igualdade, no entanto, não se espalhou junto com o idioma. O império macedônio era bem mais estratificado: família real e nobres no topo. Nos estados e cidades do império macedônio espalhados pela região do Mediterrâneo, a hierarquização social era ainda mais complexa, derivada da organização de pequenos reinos e feudos, unificados pelos macedônios. Essas diferenças, propõe Dickey, foram o motor da criação de uma palavra que fosse um marcador linguístico de polidez – como o nosso “por favor”.

A partir desse momento, estabeleceuse uma preocupação em demonstrar reverência, gentileza e educação. E de acordo com a teoria de Dickey, isso surgiu entre os falantes de grego que não viviam em regimes majoritariamente democráticos. Afinal, era preciso demonstrar educação e formalidade para se dirigir àqueles percebidos como socialmente superiores. A partir do século seguinte à conquista da Grécia pelo rei macedônio, a literatura grega começa a apresentar um termo que significa “por favor”.

Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) em cada afirmativa sobre o conteúdo do texto lido.

( ) A necessidade de a língua grega antiga apresentar uma expressão como Por favor surge com mudanças na estratificação social dos falantes provocadas pela conquista da Grécia no séc. 4 a.C.

( ) O exemplo histórico do grego antigo sugere que certas fórmulas de polidez estejam diretamente conectadas com a desigualdade racial.

( ) A pesquisa de Eleanor Dickey comprova a tese de que a ausência de democracia contribuiu para o surgimento da expressão Por favor.

A sequência correta é

 

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