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Foram encontradas 72 questões.

1156065 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Com base no texto abaixo, responda a questão.

Nós, escravocratas

Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil.

Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata, e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução

educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E, ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação.

CRISTOVAM BUARQUE

Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.

“Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”

No início do texto, o autor cita entre aspas as frases de Joaquim Nabuco para, em seguida, se posicionar pessoalmente perante seu conteúdo.

Para o autor, a obra da escravidão caracteriza-se fundamentalmente por:

 

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1148026 Ano: 2012
Disciplina: Francês (Língua Francesa)
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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L’art de la différence ou l’unicité dans la diversité

A l’heure où les questions d’identité, d’altérité, de pluriethnisme, de multiculturalisme, d’exil, d’exclusion, de frontière sont régulièrement débattues, L’art de la différence - thème de la Triennale d’art contemporain en Valais, Suisse - est plus que jamais d’actualité.

Peut-être convient-il en premier lieu de s’interroger sur ce que signifie “différence”. Cette notion apparaît comme éminemment complexe et relative. Elle exige, pour être appréhendée, d’être rapportée à un terme référent à partir duquel peut être saisi l’écart qu’elle désigne. Et lorsqu’il s’agit de comprendre la différence en ce qu’elle est, la question de la norme ou de la normalité est centrale, mais encore serait-il nécessaire de préciser d’où cette norme tire sa légitimité.

En nous penchant sur l’histoire des hommes, nous constatons qu’elle se construit sur la variation des acceptions de la notion de différence. Dans les représentations de la Grèce ancienne, celle-ci porte notamment sur l’inégalité des sexes. Ainsi la femme est tantôt confinée à l’univers domestique, tantôt associée à des figures sauvages et étrangères à l’ordre social: ménades1, amazones. Dans les cités grecques, et jusque dans le modèle de la démocratie athénienne, la femme n’accède pas plus que les métèques2 aux droits civiques. Son rôle et son statut social sont très codifiés. La différence se révèle alors voisine de l’exclusion.

Au fil des époques successives, d’autres domaines sont également marqués par ce concept de différence. On peut citer pour exemple le dix-neuvième siècle, période d’expansion coloniale massive au cours de laquelle les Européens en viennent à exercer leur domination sur un grand nombre de pays et de peuples. Cette conquête s’accompagne d’une découverte de l’Autre, et la photographie témoigne de cette confrontation entre civilisations. Elle fait découvrir, à une Europe curieuse, des contrées nouvelles, des peuples de différentes cultures. Cette accumulation d’images annonce les débuts de l’ethnographie. Ces clichés d’abord conçus comme souvenirs touristiques deviennent bientôt l’outil de prédilection des anthropologues et des ethnologues soucieux de mesurer, de définir et de répertorier les différents types d’individus, étant persuadés de la réalité d’une hiérarchie raciale.

Mais si ces scientifiques, de par leurs expériences des peuples les plus éloignés de leur civilisation, rapportent des preuves de la surprenante diversité des modes de vie selon que l’on est aborigène d’Australie, Bororo3 ou Bushman4, les artistes adoptent une attitude autre. Pour ces derniers, l’exotisme ne consiste pas à rendre compréhensible ce qui est différent mais, au contraire, à rendre insolite ce qui est familier. Tandis que les anthropologues réfléchissent sur l’hétérogénéité humaine, les créateurs interrogent notamment notre propre complexité.

En effet, au carrefour des diversités infinies, “l’essentiel de l’art n’est pas la beauté, mais l’altérité. Il dit la présence du présent comme énigme et porte la pensée à sa crête; sa visée propre est de provoquer la présence de tout présent dans son altérité irréductible, il accomplit l’expérience de l’autre comme autre et de moi-même comme autre”, selon Marc Le Bot. Offerte aux témoins actifs que nous sommes, la création mêle intime et social, individuel et collectif, privé et public, émoi et mémoire, dissemblance et ressemblance. C’est par-delà toutes différences que doit se concevoir et se réaliser l’unité du genre humain. L’art de la différence induit ainsi l’affirmation revendiquée de l’égalité dans la diversité.

JULIA HOUNTOU

exporevue.com

1 ménade - na mitologia grega, ninfa que participava das festas de Baco

2 métèque - em Atenas, estrangeiro que não tinha o direito de cidadania

3 Bororo - grupo indígena de Mato Grosso

4 Bushman - grupos indígenas da África Meridional

Les scientifiques et les artistes traitent différemment le thème de l’exotisme.

Pour les artistes, l’exotique peut être identifié dans:

 

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1144601 Ano: 2012
Disciplina: Biologia
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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A hemofilia A, uma doença hereditária recessiva que afeta o cromossoma sexual X, é caracterizada pela deficiência do fator VIII da coagulação.

Considere a primeira geração de filhos do casamento de um homem hemofílico com uma mulher que não possui o gene da hemofilia.

As chances de que sejam gerados, desse casamento, filhos hemofílicos e filhas portadoras dessa doença, correspondem, respectivamente, aos seguintes percentuais:

 

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1122156 Ano: 2012
Disciplina: Química
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Substâncias que contêm um metal de transição podem ser oxidantes. Quanto maior o número de oxidação desse metal, maior o caráter oxidante da substância.

Em um processo industrial no qual é necessário o uso de um agente oxidante, estão disponíveis apenas quatro substâncias: FeO, Cu2O, Cr2O3 e KMnO4.

A substância que deve ser utilizada nesse processo, por apresentar maior caráter oxidante, é:

 

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1098680 Ano: 2012
Disciplina: Biologia
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Qualquer célula de um organismo pode sofrer mutações. Há um tipo de célula, porém, de grande importância evolutiva, que é capaz de transmitir a mutação diretamente à descendência.

As células com essa característica são denominadas:

 

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1098673 Ano: 2012
Disciplina: Química
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Em um reservatório contendo água com pH igual a 7, houve um descarte acidental de ácido sulfúrico. Em seguida, foi adicionada uma determinada substância de caráter básico, em quantidade suficiente para neutralizar a acidez.

O gráfico que representa o comportamento do pH durante esse processo é:

 

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1095489 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Com base no texto abaixo, responda a questão.

Nós, escravocratas

Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil.

Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata, e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução

educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E, ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação.

CRISTOVAM BUARQUE

Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.

Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil.

Na frase acima, Cristovam Buarque define Joaquim Nabuco de quatro maneiras. As três primeiras definições partem de determinadas pressuposições.

Uma pressuposição que se pode deduzir da leitura do fragmento é:

 

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1095371 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Com base no texto abaixo, responda a questão.

Igual-Desigual

Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais. Todos os filmes norte-americanos são iguais. Todos os filmes de todos os países são iguais. Todos os best-sellers1 são iguais Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais. Todos os partidos políticos são iguais. Todas as mulheres que andam na moda são iguais. Todas as experiências de sexo são iguais. Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós2 são iguais e todos, todos os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais. Todas as fomes são iguais. Todos os amores, iguais iguais iguais. Iguais todos os rompimentos. A morte é igualíssima. Todas as criações da natureza são iguais. Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.

Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

1 best-sellers - livros mais vendidos 2 gazéis, virelais, sextinas, rondós - tipos de poema

Todo ser humano é um estranho ímpar. (v. 26-27)

No contexto, a associação dos adjetivos estranho e ímpar sugere que cada ser humano não se conhece completamente.

Isto acontece porque cada indivíduo pode ser caracterizado como:

 

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1080730 Ano: 2012
Disciplina: Biologia
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Em um laboratório, inoculou-se em um rato, previamente mantido em jejum prolongado, o aminoácido alanina marcado com 14C. Após algum tempo, a incorporação de 14C foi medida em quatro substâncias extraídas de diferentes orgãos desse animal:

• glicose, do fígado;

• histidina, do tecido muscular;

• acetilcolina, do cérebro;

• ácido oleico, do tecido adiposo.

Sabendo-se que a alanina, após ser desaminada, produz ácido pirúvico, a eficiência de marcação pelo isótopo radioativo deverá ter sido maior na seguinte substância:

 

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1074631 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: DSEA UERJ
Orgão: UERJ
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Com base no texto abaixo, responda a questão.

Nós, escravocratas

Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil.

Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata, e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução

educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E, ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação.

CRISTOVAM BUARQUE

Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.

Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

O fragmento acima apresenta duas enumerações que, separadas pelo tempo, exemplificam um mesmo processo.

Pela leitura do 8º parágrafo, pode-se concluir que os exemplos enumerados se referem a:

 

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