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642600 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
Em “Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”, a oração destacada exerce a função de:
 

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642599 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
Considerando-se a ideia produzida pelo autor, pode-se afirmar corretamente que:
 

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642598 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
“As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se submeter os jovens que passaram pela puberdade.” A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. Na primeira oração do primeiro período, o verbo é impessoal. II. O QUE, nas duas últimas ocorrências, inicia orações adjetivas. III. MESMO é um pronome substantivo possessivo.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
 

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642597 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
Sobre as ideias contidas no texto, leia as afirmativas a seguir.
I. Toda sociedade brasileira ainda acredita que o diploma é garantia de emprego, felicidade e satisfação pessoal. II. É imprescindível, para os jovens, participar das celebrações que possuem sentido iniciáticos, aos moldes dos que ocorriam em sociedades primitivas. III. O narrador assume postura realista, quanto à oferta limitada de emprego para os que têm diploma . Está correto apenas o que se afirma em:
 

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642596 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Secretário

Conheci Secretário há quatro anos. Araras e Itaipava já mostravam sinais de saturação, com engarrafamentos e preços nada convidativos, enquanto a pequena cidade, localizada em uma estrada sinuosa a 8 quilômetros da BR 040, mantinha ares de roça.
Ao contrário de Petrópolis e Teresópolis, descobertas antes da consciência ecológica, Secretário se desenvolvia com a presença forte do Ibama, coibindo desmatamentos e autuando as propriedades que não se enquadravam na lei. Os próprios moradores pareciam entender os riscos de a região ter se tornado o novo destino na serra e se empenhavam na preservação dos rios e florestas.
De lá para cá, o comércio local refinou-se, a terra valorizou-se, mas Secretário continua agreste.
Uma semana atrás, voltando para o calor do Rio, li na coluna de Ancelmo Gois uma nota sobre o projeto de um condomínio de 140 apartamentos ao lado de um campo de golfe em Secretário.
Dias antes, por acaso, eu havia visto um programa sobre o impacto dos gramados de golfe no meio ambiente. Para manter as longas extensões de grama fofa e compacta, é necessário acrescentar ao solo caminhões de aditivos químicos. Apesar de verdes, os campos nada teriam de naturais.
Foi nisso que pensei ao ler a notícia. Nisso e nos prédios de três andares espalhados pelas pradarias. Será mesmo essa a vocação de Secretário? Abrigar um mega empreendimento tão artificial quanto a Disney? É difícil prever.
No nosso antigo sítio de Teresópolis - uma propriedade modesta comprada por meus pais nos anos 50 -, o entorno do vilarejo de Venda Nova se dividia entre as aldeias de agricultores de agrião, couve e feijão e as casas futuristas dos turistas de fim de semana, com piscinas em forma de ameba.
O tempo optou pelo agronegócio familiar, e os escombros das construções modernosas se transformaram em vestígios de uma civilização perdida no meio das hortas.
Em Secretário, as grandes fazendas de gado e a distância da BR preservaram os pastos, matas e rios. Eu fui parar lá a conselho de amigos, faço parte da invasão que ameaça mudar o caráter de Secretário.
Entendo as razões do capital. Não há por que dar as costas aos dividendos da terra. Os latifúndios tendem a se dividir entre os membros das próprias famílias e o destino que cada um dará ao seu quinhão.
Ouvi opiniões favoráveis ao golfe e críticas ferozes de gente que nasceu ali. Um grupo acredita que o esporte de elite atrairá dinheiro, o outro acredita que Secretário entrará na era dos resorts, dos condomínios de apartamentos, e perderá seu encanto.
Seja qual for o lado, é sempre bom lembrar do que ocorreu em Búzios, onde a Praia da Ferradura foi transformada no paraíso dos jet skis e dos banana boats. E não esquecer da brutal favelização de Angra, Petrópolis e Teresópolis.
Araras soube se preservar. Itaipava menos, é impossível sair da cidade nos horários de pico. Secretário tem a oportunidade de crescer com planejamento e bom-senso.
Seria bom poder contar com os dois.
(TORRES, Fernanda. Veja Rio,14 fev. 2014.)
Marque a opção em que as duas palavras transcritas do texto foram acentuadas segundo a mesma regra.
 

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642595 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Secretário

Conheci Secretário há quatro anos. Araras e Itaipava já mostravam sinais de saturação, com engarrafamentos e preços nada convidativos, enquanto a pequena cidade, localizada em uma estrada sinuosa a 8 quilômetros da BR 040, mantinha ares de roça.
Ao contrário de Petrópolis e Teresópolis, descobertas antes da consciência ecológica, Secretário se desenvolvia com a presença forte do Ibama, coibindo desmatamentos e autuando as propriedades que não se enquadravam na lei. Os próprios moradores pareciam entender os riscos de a região ter se tornado o novo destino na serra e se empenhavam na preservação dos rios e florestas.
De lá para cá, o comércio local refinou-se, a terra valorizou-se, mas Secretário continua agreste.
Uma semana atrás, voltando para o calor do Rio, li na coluna de Ancelmo Gois uma nota sobre o projeto de um condomínio de 140 apartamentos ao lado de um campo de golfe em Secretário.
Dias antes, por acaso, eu havia visto um programa sobre o impacto dos gramados de golfe no meio ambiente. Para manter as longas extensões de grama fofa e compacta, é necessário acrescentar ao solo caminhões de aditivos químicos. Apesar de verdes, os campos nada teriam de naturais.
Foi nisso que pensei ao ler a notícia. Nisso e nos prédios de três andares espalhados pelas pradarias. Será mesmo essa a vocação de Secretário? Abrigar um mega empreendimento tão artificial quanto a Disney? É difícil prever.
No nosso antigo sítio de Teresópolis - uma propriedade modesta comprada por meus pais nos anos 50 -, o entorno do vilarejo de Venda Nova se dividia entre as aldeias de agricultores de agrião, couve e feijão e as casas futuristas dos turistas de fim de semana, com piscinas em forma de ameba.
O tempo optou pelo agronegócio familiar, e os escombros das construções modernosas se transformaram em vestígios de uma civilização perdida no meio das hortas.
Em Secretário, as grandes fazendas de gado e a distância da BR preservaram os pastos, matas e rios. Eu fui parar lá a conselho de amigos, faço parte da invasão que ameaça mudar o caráter de Secretário.
Entendo as razões do capital. Não há por que dar as costas aos dividendos da terra. Os latifúndios tendem a se dividir entre os membros das próprias famílias e o destino que cada um dará ao seu quinhão.
Ouvi opiniões favoráveis ao golfe e críticas ferozes de gente que nasceu ali. Um grupo acredita que o esporte de elite atrairá dinheiro, o outro acredita que Secretário entrará na era dos resorts, dos condomínios de apartamentos, e perderá seu encanto.
Seja qual for o lado, é sempre bom lembrar do que ocorreu em Búzios, onde a Praia da Ferradura foi transformada no paraíso dos jet skis e dos banana boats. E não esquecer da brutal favelização de Angra, Petrópolis e Teresópolis.
Araras soube se preservar. Itaipava menos, é impossível sair da cidade nos horários de pico. Secretário tem a oportunidade de crescer com planejamento e bom-senso.
Seria bom poder contar com os dois.
(TORRES, Fernanda. Veja Rio,14 fev. 2014.)
Assinale a função sintática que exerce o termo destacado na oração: “é necessário acrescentar AO SOLO caminhões de aditivos químicos.”.
 

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642594 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Secretário

Conheci Secretário há quatro anos. Araras e Itaipava já mostravam sinais de saturação, com engarrafamentos e preços nada convidativos, enquanto a pequena cidade, localizada em uma estrada sinuosa a 8 quilômetros da BR 040, mantinha ares de roça.
Ao contrário de Petrópolis e Teresópolis, descobertas antes da consciência ecológica, Secretário se desenvolvia com a presença forte do Ibama, coibindo desmatamentos e autuando as propriedades que não se enquadravam na lei. Os próprios moradores pareciam entender os riscos de a região ter se tornado o novo destino na serra e se empenhavam na preservação dos rios e florestas.
De lá para cá, o comércio local refinou-se, a terra valorizou-se, mas Secretário continua agreste.
Uma semana atrás, voltando para o calor do Rio, li na coluna de Ancelmo Gois uma nota sobre o projeto de um condomínio de 140 apartamentos ao lado de um campo de golfe em Secretário.
Dias antes, por acaso, eu havia visto um programa sobre o impacto dos gramados de golfe no meio ambiente. Para manter as longas extensões de grama fofa e compacta, é necessário acrescentar ao solo caminhões de aditivos químicos. Apesar de verdes, os campos nada teriam de naturais.
Foi nisso que pensei ao ler a notícia. Nisso e nos prédios de três andares espalhados pelas pradarias. Será mesmo essa a vocação de Secretário? Abrigar um mega empreendimento tão artificial quanto a Disney? É difícil prever.
No nosso antigo sítio de Teresópolis - uma propriedade modesta comprada por meus pais nos anos 50 -, o entorno do vilarejo de Venda Nova se dividia entre as aldeias de agricultores de agrião, couve e feijão e as casas futuristas dos turistas de fim de semana, com piscinas em forma de ameba.
O tempo optou pelo agronegócio familiar, e os escombros das construções modernosas se transformaram em vestígios de uma civilização perdida no meio das hortas.
Em Secretário, as grandes fazendas de gado e a distância da BR preservaram os pastos, matas e rios. Eu fui parar lá a conselho de amigos, faço parte da invasão que ameaça mudar o caráter de Secretário.
Entendo as razões do capital. Não há por que dar as costas aos dividendos da terra. Os latifúndios tendem a se dividir entre os membros das próprias famílias e o destino que cada um dará ao seu quinhão.
Ouvi opiniões favoráveis ao golfe e críticas ferozes de gente que nasceu ali. Um grupo acredita que o esporte de elite atrairá dinheiro, o outro acredita que Secretário entrará na era dos resorts, dos condomínios de apartamentos, e perderá seu encanto.
Seja qual for o lado, é sempre bom lembrar do que ocorreu em Búzios, onde a Praia da Ferradura foi transformada no paraíso dos jet skis e dos banana boats. E não esquecer da brutal favelização de Angra, Petrópolis e Teresópolis.
Araras soube se preservar. Itaipava menos, é impossível sair da cidade nos horários de pico. Secretário tem a oportunidade de crescer com planejamento e bom-senso.
Seria bom poder contar com os dois.
(TORRES, Fernanda. Veja Rio,14 fev. 2014.)
Se a oração “onde a Praia da Ferradura FOI TRANSFORMADA no paraíso dos jet skis e dos banana boats.” for reescrita na voz ativa, a forma verbal destacada deverá ser registrada tal como se apresenta na alternativa:
 

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642593 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Secretário

Conheci Secretário há quatro anos. Araras e Itaipava já mostravam sinais de saturação, com engarrafamentos e preços nada convidativos, enquanto a pequena cidade, localizada em uma estrada sinuosa a 8 quilômetros da BR 040, mantinha ares de roça.
Ao contrário de Petrópolis e Teresópolis, descobertas antes da consciência ecológica, Secretário se desenvolvia com a presença forte do Ibama, coibindo desmatamentos e autuando as propriedades que não se enquadravam na lei. Os próprios moradores pareciam entender os riscos de a região ter se tornado o novo destino na serra e se empenhavam na preservação dos rios e florestas.
De lá para cá, o comércio local refinou-se, a terra valorizou-se, mas Secretário continua agreste.
Uma semana atrás, voltando para o calor do Rio, li na coluna de Ancelmo Gois uma nota sobre o projeto de um condomínio de 140 apartamentos ao lado de um campo de golfe em Secretário.
Dias antes, por acaso, eu havia visto um programa sobre o impacto dos gramados de golfe no meio ambiente. Para manter as longas extensões de grama fofa e compacta, é necessário acrescentar ao solo caminhões de aditivos químicos. Apesar de verdes, os campos nada teriam de naturais.
Foi nisso que pensei ao ler a notícia. Nisso e nos prédios de três andares espalhados pelas pradarias. Será mesmo essa a vocação de Secretário? Abrigar um mega empreendimento tão artificial quanto a Disney? É difícil prever.
No nosso antigo sítio de Teresópolis - uma propriedade modesta comprada por meus pais nos anos 50 -, o entorno do vilarejo de Venda Nova se dividia entre as aldeias de agricultores de agrião, couve e feijão e as casas futuristas dos turistas de fim de semana, com piscinas em forma de ameba.
O tempo optou pelo agronegócio familiar, e os escombros das construções modernosas se transformaram em vestígios de uma civilização perdida no meio das hortas.
Em Secretário, as grandes fazendas de gado e a distância da BR preservaram os pastos, matas e rios. Eu fui parar lá a conselho de amigos, faço parte da invasão que ameaça mudar o caráter de Secretário.
Entendo as razões do capital. Não há por que dar as costas aos dividendos da terra. Os latifúndios tendem a se dividir entre os membros das próprias famílias e o destino que cada um dará ao seu quinhão.
Ouvi opiniões favoráveis ao golfe e críticas ferozes de gente que nasceu ali. Um grupo acredita que o esporte de elite atrairá dinheiro, o outro acredita que Secretário entrará na era dos resorts, dos condomínios de apartamentos, e perderá seu encanto.
Seja qual for o lado, é sempre bom lembrar do que ocorreu em Búzios, onde a Praia da Ferradura foi transformada no paraíso dos jet skis e dos banana boats. E não esquecer da brutal favelização de Angra, Petrópolis e Teresópolis.
Araras soube se preservar. Itaipava menos, é impossível sair da cidade nos horários de pico. Secretário tem a oportunidade de crescer com planejamento e bom-senso.
Seria bom poder contar com os dois.
(TORRES, Fernanda. Veja Rio,14 fev. 2014.)
Assinale a opção que completa, correta e respectivamente, as lacunas da frase abaixo.
É necessário que___ pessoas deixem de lado ___ ambição e se dediquem ___ preservação do meio ambiente.
 

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642592 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
“O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”. Aí o sinal fica verde e eu continuo.”
A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. O pronome ESTE tem valor catafórico. II. A partícula SE, na construção realizada, exerce a função de índice de indeterminação do sujeito. III. ENQUANTO atribui valor concessivo à oração a que pertence.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
 

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642591 Ano: 2016
Disciplina: Português
Banca: IBADE
Orgão: Pref. Rio Branco-AC
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Diploma não é solução
Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
“Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
(Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
[...]
Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
[...]
Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).
Sobre as formas destacadas e numeradas nos segmentos “eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos (1)DISCÍPULOS”/ “(2)AÍ o sinal fica verde e eu (3)CONTINUO.”/ “As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos (4)INICIÁTICOS” é correto afirmar que:
 

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