Magna Concursos
1067505 Ano: 2018
Disciplina: Português
Banca: UFMT
Orgão: Pref. Cáceres-MT

Por que elegemos idiotas?

Neurociência e psicologia tentam desvendar nossas escolhas nas urnas

A habilidade de estabelecer um vínculo com eleitores arredios à política, focados no curto prazo e ignorantes sobre a natureza dos desafios existentes é um dos principais atributos dos candidatos vitoriosos.

A experiência sugere que honestidade e razoabilidade parecem afugentar os eleitores. Como explicar essa preferência por gente claramente incapaz?

Uma hipótese aventada pela literatura é a de que somos irracionais. Preferimos políticas “erradas” e votamos em candidatos que as oferecem. Outra avenida é presumir que o eleitor não escolhe programas de governo, mas usa o voto para mostrar “atitude”. Essas teses ajudam a resolver o quebra-cabeça, mas fica uma dúvida: por que os candidatos mais competentes não copiam o discurso que cola e projetam uma imagem que agrada o eleitorado apenas para serem eleitos?

O neurocientista britânico Dean Burnett, autor do livro “The Idiot Brain”, usa a psicologia para desvendar o mistério. As evidências mostram que as pessoas que se comunicam com segurança inspiram confiança nos outros e, portanto, têm mais chance de serem bem-sucedidas na política. O problema é que confiança é também um traço das pessoas menos inteligentes, pois falta a elas a habilidade de reconhecer as próprias limitações.

Outro aspecto perverso é que os indivíduos mais inteligentes acreditam que tarefas que a eles parecem simples também são fáceis aos demais. Ou seja, a fatia esclarecida da população tende a menosprezar o potencial destrutivo dos idiotas.

Quando se soma a incapacidade metacognitiva dos políticos mais confiantes, mas intelectualmente limitados, com a indiferença das camadas sensatas, torna-se mais fácil entender porque indivíduos desqualificados galgam altos postos, corroendo a democracia no mundo e, pelo andar da carruagem, no Brasil. Os candidatos mais capazes, cedo ou tarde, titubeiam em um jogo que premia a estupidez. Daí a dificuldade de produzir um candidato sólido, apto a ser também um bom presidente. Para ganhar uma eleição, é preciso convencer o eleitor da falácia de que é possível corrigir o rumo rapidamente. Ninguém melhor do que sujeitos inescrupulosos, que propagam acreditar na existência das soluções fáceis.

(TOLEDO, Celso. Revista Exame, 2018.)

A tese do articulista, posta já no primeiro parágrafo, é defendida no decorrer do texto. Assinale o trecho que NÃO faz parte da construção argumentativa do texto.

 

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