Magna Concursos
1947048 Ano: 2012
Disciplina: Português
Banca: UFPI
Orgão: ALEPI
Dívida do passado
Por quase um ano, em 1971, a então guerrilheira da VAR-Palmares Dilma Rousseff conviveu em uma cela no Presídio Tiradentes, em São Paulo, com a militante do Partido Operário Comunista (POA) Eleonora Menicucci. O lugar estreito, apelidado de Torre das Donzelas, era uma ilha que abrigava presas políticas no meio de um presídio lotado de detentas comuns. O convívio fortaleceu uma amizade que havia começado anos antes em Minas Gerais. Ao deixarem a cadeia, as amigas seguiram caminhos distintos. Dilma enveredou pela burocracia estatal: ocupou postos públicos no Rio Grande do Sul, depois em Brasília, e por fim se tornou presidente da República. No percurso, optou pelo pragmatismo em detrimento da defesa pública de dogmas da época. Já Eleonora se manteve fiel a algumas dessas bandeiras. Socióloga e professora de saúde coletiva na Unifesp, formou um grupo em defesa da legalização do aborto. Na semana passada, as vidas das duas mulheres voltaram a se cruzar. Na sexta-feira, Dilma deu posse a Eleonora como a nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Foi uma escolha carregada de simbolismos, embora sem grandes consequências práticas. Ao nomear Eleonora, Dilma quis fazer uma homenagem ao seu passado – aos seus colegas da luta armada e às ideias que lhes eram caras – e também reforçar a blindagem contra eventuais ataques da esquerda à sua conversão ao pragmatismo. Eleonora não apenas defende a interrupção da gravidez, como declara ter feito dois abortos. “Minha luta pelos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres e a minha luta para que nenhuma mulher neste país morra por morte materna só me fortalecem”, afirmou. Na prática, porém, ela pouco poderá fazer para mudar a realidade. Dilma não está disposta a patrocinar mudanças na legislação. Hoje, o aborto é permitido quando a gravidez decorre de estupro ou quando a gestante corre risco de vida. A justiça tem autorizado ainda o aborto de fetos anencéfalos, uma decisão que precisa ser consolidada pelo Supremo Tribunal Federal. Há no Congresso dezenove projetos que, em maior ou menor grau, liberalizam e descriminalizam a prática. Mas, mesmo após a nomeação de Eleonora, o governo não pretende se empenhar para que mudanças sejam aprovadas – trata-se de um ano eleitoral, afinal.(...)
Revista Veja, 15 de fevereiro de 2012.pág.73. Fragmento.
Na oração, “No percurso, optou pelo pragmatismo em detrimento da defesa pública de dogmas da época”, a expressão em destaque pode ser substituída, mantendo-se o mesmo sentido, por:
 

Provas

Questão presente nas seguintes provas

Consultor Técnico Especializado

50 Questões