Magna Concursos
441585 Ano: 2001
Disciplina: Português
Banca: CESPE / CEBRASPE
Orgão: MDIC

A modernidade é um projeto que se produz durante o processo de desenvolvimento e queda do Antigo Regime ou das monarquias absolutas, enquanto o modernismo poderia ser datado a partir da revolução e da reação conservadora de 1848 e, finalmente, o pós-modernismo estaria datado a partir dos anos 70 do século XX, sob os efeitos das mudanças do modo de produção capitalista (a chamada sociedade pós-industrial), do esgotamento da principal manifestação política do século XX (as revoluções comunistas) e do enfraquecimento de um novo sujeito político que entrou em cena nos anos 60 do século passado (a contracultura dos movimentos sociais).

De modo bastante simplificado, o liberalismo é o pensamento predominante da modernidade; o marxismo, do modernismo; e o neoliberalismo, do pós-modernismo. Os modernos e modernistas estão convencidos de que é possível colocar o particular e o contingente sob as determinações do universal e do necessário, sem que isso os destrua em sua particularidade e contingência, mas fazendo-os ganhar sentido mediante a passagem pela universalidade e pela necessidade. Em contrapartida, os pós-modernos afirmarão a irredutibilidade do particular e do contingente e o caráter ilusório (mistificador e destrutivo) do universal e do necessário.

Se obedecermos aos critérios dos "paradigmas", diremos que o liberalismo opera com a lógica da identidade, o marxismo, com a contradição dialética, enquanto o pós-modernismo neoliberal invoca a lógica das diferenças para desfazer a antiga idéia da razão. Isso não significa que o liberalismo não tenha lidado com contradições e diferenças, mas sim que tratou as primeiras como conflito e as segundas, como diversidade; nem que o marxismo não tivesse operado com identidades e diferenças, mas sim que considerou as primeiras como aparência e as segundas, como momentos da contradição; nem, afinal, que o neoliberalismo não lide com identidades e contradições, mas sim que procura reduzir as primeiras e as segundas a ilusões racionalistas, isto é, a racionalizações da diferença. Em outras palavras, modernos e modernistas, na tensão entre essencial/acidental, efêmero/eterno, teriam feito a opção pela Essência contra a Aparência, enquanto os pós-modernos teriam feito a opção inversa, deslocando o lugar anteriormente atribuído à Ilusão.

Marilena Chaui. In: Ética. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 383 (com adaptações).

Em relação ao texto, julgue o item a seguir.

Tanto o liberalismo, como o marxismo e o neoliberalismo lidaram com identidades, contradições e diferenças, considerando-as sob a mesma perspectiva.

 

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